segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

LEILA MÍCCOLIS








Leila Míccolis


Aquarela


Da minha infância
retiro as fotografias da família
no luto diário,
os olhos invisíveis
condenando curiosidades,
o baú de preciosidades
(e traças devassas),
trancadas a cadeado,
os sonhos desenfreados,
a mística do susto,
os flagrantes,
evitados a custo,
e por fim retiro-me do porão
com tudo o que continha minha imaginação
delirante.
Fica a vida.
Que nem parecia importante. 

fonte:jornal de poesia
ilustração:salvador dalí

2 comentários:

Pedro Du Bois disse...

Desde sempre, gosto muito dos textos da Leila. Esse, excelente. Abraços, Pedro.

Márcia Sanchez Luz disse...

Ler Leila é sempre um presente delicioso. Que bom poder reler "Aquarela" em seu espaço cultural, Everi!

Abraços

Márcia