sexta-feira, 3 de outubro de 2014

ROBERTO ROMANELLI MAIA




Reflexões das horas amargas
 
Roberto Romanelli Maia
Escritor, Jornalista e Poeta
 
Talvez por fugir da rotina, da mesmice, dos lugares comuns e dos chavões,
que fazem parte da vida dos “normais”,  tão fáceis
de se encontrar em nosso dia a dia, sinto um vazio dentro da plenitude em que vivi ...
 
Se falta não sinto do que não vivi nessa vida,
talvez mesmo seja o contrário,
deveria ter vivido menos e ter tido mais tempo
para não aceitar viver dentro da “selva de pedra”
que constitui a maior parte das cidades desse planeta.
 
Sim, talvez devesse ter fechado minha porta e algumas janelas
que permaneceram abertas, desnecessária e indevidamente.
 
 
Sim, se o mundo gira e gira, eu senti esse girar
de forma mais intensa e prolongada do que a maioria.
 
Mas essa velocidade e esse ritmo para que serviu?
 
Ele interferiu e se fez presente,
trazendo para minha vida um redemoinho de sentimentos,
de emoções e de sensações pouco conhecidas.
 
Algumas desnecessárias, abrasivas e inúteis.
 
Foram esses ventos incontroláveis, que me conduziram a caminhos
esquecidos, perdidos através de milênios de história.
 
História cujos atores souberam viver todos os papéis,
incluindo os mais inglórios, ingratos e tortuosos.
 
Sim, meus caminhos se confundem com aqueles dos conquistadores,
dos bárbaros, dos aventureiros, dos homens que não seguiam,
nem obedeciam leis impostas por outros homens,
e que ousaram buscar novas terras e outras conquistas,
inatingíveis para a época.
 
Relembro o quanto sofremos, desbravando o desconhecido
que  mesmo assim se apresentava nítido diante de nossos olhos.
 
Da luz das estrelas, que nos guiava nas noites sem brilho
e sem uma lua cheia, a clarear os locais por onde passávamos.
 
Quando chegávamos a algum lugar, ficávamos desnorteados,
sem saber o que iria se apresentar diante de nós.
 
Seguíamos para frente, como se caminhássemos numa estrada de estrelas
que, a cada passo, levava-nos mais adiante.
 
Hoje, voltando atrás no tempo e no espaço,
percebo a dimensão do universo em que vivo;
suas possibilidades e suas vertentes e nuances,
inexploradas e desconhecidas.
 
Sou filho desse Universo, que me levará algum dia
para ser testemunha silente da derradeira explosão
que fará tudo recomeçar...
 
Fez-se a luz!  Surgiu o homem!
 
Mas rapidamente ele se destruiu e desapareceu!

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