A RAIVA E O ÓDIO COMO ALIMENTOS
NAS ULTIMAS ELEIÇÕES
ROBERTO ROMANELLI MAIA
ESCRITOR, JORNALISTA E POETA
As últimas eleições e a polÍtica que se apresentou no dia a dia dos brasileiros, independentemente da ideologia defendida e pregada por cada um, na prática, seja qual for, consistiu na pregação sistemática da raiva, do ódio e da destruição do rival, num vale tudo que, em um país verdadeiramente civilizado, seria razão para a exclusão da candidata à reeleição.
Infelizmente, Dilma, o PT/PMDB e seus marqueteiros, sem ética e sem respeito por ninguém, procuraram seguir os passos da própria história humana, que nos ensinou essa mesma prática. Lembremos que há bem pouco tempo, na Guerra Fria, vimos a pregação que incentivava os americanos a odiarem os comunistas, e os soviéticos, os capitalistas.
Mas atrás no passado constatamos que na Revolução Francesa, Jacobinos e Girondin os odiavam-se reciprocamente, e ambos odiavam a monarquia, a tal ponto que milhares de cabeças foram cortadas apenas porque era mais fácil odiar os nobres, prendê-los e eliminá-los.
Durante o Brasil Imperial, os conservadores e os liberais detestavam-se e segundo os historiadores revelam eles se pareciam de tal forma que não se distinguia claramente quem era quem e a qual partido pertenciam.
Nas eleições presidenciais de 2014 o quadro que se apresentou diante de todos foi também o da raiva e do ódio organizado e direcionado, para converter-se em votos, o que significaria a reeleição da então candidata Dilma.
Utilizaram as redes sociais, não para serem apresentadas as necessárias propostas de Dilma de um futuro governo, mas para repassar acusações, injurias, slogans e notícias falsas e tendenciosas sobre o candidato adversário.
Inventaram ou distorceram gráficos e exageraram ou falsificaram números e dados.
Criaram caricaturas de péssimo gosto, todas espalhadas por todo o país, tendo como objetivo ridicularizar e humilhar o oponente.
Pior: o alvo de tanta raiva e de tanto ódio não foi apenas o candidato rival, mas também seus eleitores, num frenesi que a cada dia se tornou rapidamente pura agressão e humilhação.
Na prática o programa e a ideologia da candidata e dos partidos que ela representava permaneceu durante toda a campanha escondido e em último plano.
Os petistas e os marqueteiros de Dilma souberam muito bem organizar sistematicamente essa raiva e ódio, pintando o rival com as cores do que o seu eleitorado imaginava serem as do próprio demônio.
Isso não pode ser negado; ficou claro, escancarado e subjacente em toda a campanha eleitoral.
Forjou-se, de forma pérfida e maldosa, uma falsa polarização entre a direita e a esquerda, muito mais retórica do que prática, rotulando-se o candidato oponente, Aécio, como sendo de uma direita conservadora, um demônio que acabaria com os programas sociais, o Banco do Brasil, A Caixa Econômica, o BNDES, etc.
Pior: que ele leiloaria o Brasil ao capital internacional com o objetivo, de reduzir nossa liberdade individual e de corromper a administração pública ou destruí-la.
A campanha da candidata à reeleição não se preocupou em esclarecer seus programas de governo, concentrando-se em destilar o medo e fazer com que o voto do eleitor não fosse a favor do outro candidato, mas contra ele, acusando Aécio de promover um retrocesso se fosse eleito. Que ele iria instaurar o caos com o cancelamento dos programas sociais de caráter assistencialista, em especial o Bolsa Família.
Para alcançar seu objetivo, ela contou com a ajuda e colaboração das redes sociais, que participaram dessa batalha campal, sendo o principal front em que seus exércitos de raiva e de ódio contra um candidato se reuniram para um combate sem limites éticos de nenhuma espécie.
Essa organização sistemática da raiva e do ódio consistiu em definir e agrupar os outros, como inimigos, buscando transformar todos os adversários eleitorais em objetivos de deboche e de humilhação.
Até a mídia , em especial as redes de TV, buscaram estimular tais simplificações e a estratégia do ataque, da raiva e do ódio, sob o pretexto visível que se houvesse diálogo civilizado, ele não traria resultados, muito menos, voto.
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