quarta-feira, 17 de março de 2010

CULTURA DA ESTÉTICA


CULTURA DA ESTÉTICA

Rubens Shirassu Jr.

Não se deve julgar nada da mulher ou do homem pelas suas imperfeições físicas e quem, na última década do milênio, com um pouco de discernimento ficou perplexo com o desfile de frivolidades pedindo 15 minutos de fama, como dizia Andy Warhol não entendeu bem o espírito da coisa. Coisa no caso sendo a latente cultura do corpo jovem e belo, que predomina no Brasil.A estética do consumo que pulveriza o imaginário do cidadão comum, representada aqui pela propaganda, mostra um mundo fora da realidade brasileira e artificial, a automatização da vida e a felicidade artificial na americanização do mundo. É só olhar os anúncios com garotas e garotos jovens belos, atléticos e sadios.Conseqüentemente, o jovem da periferia perdeu sua gíria e criatividade, usando onomatopéias das histórias em quadrinhos. Parecem códigos quase indecifráveis. Alguns jovens não aperfeiçoam os estudos, preferindo investir numa moto ou carro para desfilar com a loira mais gostosa do bairro. Uma verdadeira batalha, mas sem compensação financeira. Pois é, pura ilusão, pra quê? Digo que as décadas de 80 e 90 foram o retorno das coisas mais caretas que conheci: o bambolê e o patinete, mal compreendidos na sua época.Lembra-se do Big Brother, de Orwell, pode não controlar totalmente as nossas vidas, porque não quer. Tem que eliminar algum hormônio que desenvolve os seus dotes físicos. Pra quê essa pressa em crescer tão rápido, esquecendo de viver uma fase importante e inesquecível de sua vida? As meninas de nossa região têm medo de envelhecer e de ficar “por fora” da moda, dizendo que importa é o aqui e agora, sem amanhã. Hoje, o público acima de 30 anos, detém maior estabilidade financeira, mas ainda é pouco trabalhado pela mídia brasileira. Puro preconceito com o segmento, ou falta pesquisa?

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