segunda-feira, 21 de novembro de 2011
WLADEMIR DIAS PINO
Wlademir Dias Pino é uma figura, não somente no sentido figurado da palavra. No sentido mais amplo que a palavra pode alcançar. É um homem que trabalha, compõe, recompõe, poemiza com figuras, formas e cores. A sua palavra é gráfica, pois ele, um homemgráfico, viveu enfronhado nas gráficas abarrotadas de bobinas de papel, tinta, linotipos, a vida toda. "Eu nasci dentro de uma gráfica"... Bom ponto de partida para começar a entender um pouco sobre sua poesia visual. A arte que vem de Wlademir não é coisa pra se entender tão facilmente, mas é inegável que ela surge com uma estética depurada, delicada, com significados múltiplos e liberta das obviedades complacentes.Wlademir, junto a e escritores e intelectuais da década de 1960, participou da fundação do movimento denominado poema processo e do concretismo. É um homem alinhado com a contemporaneidade. O tempo passa para todos, menos pra ele que tem vitalidade intelectual de um jovem. Lembramos dele mostrando e discorrendo sobre a estética das linhas de quebra da “piçarra”. O fazia com tanto ardor, que parecia estar falando de uma obra de arte. Acredito que ele já deve ter colocado das simetrias e assimetrias dessas rochas moles, de plano inclinado, encontradas facilmente em Cuiabá, num de seus trabalhos. Sua obra deve ser emparentada com as linhas da piçarra.
Livro-poema
Wlademir Dias Pino revolucionou nosso entendimento das artes. Numa entrevista com ele, em meados dos anos 80, conversamos bastante sobre o tal do pós moderno. Sabíamos que ele era verbete da enciclopédia britânica e que lançara seu primeiro livro com uns quinze anos. "Entendeu o que eu disse, o que eu te expliquei? Se não, não tem importância, porque daqui a uns quinze anos você vai entender". O poeta visual já me tascou essa, expressa assim diante de jovens que tentavam beber de sua fonte rara e preciosa.No início desta semana chegaram notícias dessa figuraça, há vários anos radicado no Rio, sua cidade natal. Uma exposição no espaço Oi Futuro foi aberta com 700 poemas seus. Seu conceito de arte e sua elaborada produção são mirabolantes e traduzem uma pegada meio científica. Classifico-o como um artista bastante racional, mas autor de uma estética que combina sensibilidade e inspiração. Um artista genial.
Certa vez, pesquisando sobre ele nas altas madrugadas, me deparo com um depoimento do brilhante Octavio Paz, poeta e ensaísta mexicano, ganhador do Nobel de Literatura em 1990, que apontou Wlademir como o principal poeta visual do mundo. Antonio Houaiss considerava como “um dos mais perspicazes pesquisadores visuais no Brasil”. Assim é Wlademir um desses artistas que...
fonte: tyrannus melancholicus
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