quarta-feira, 20 de junho de 2012

NEI SILVEIRA DE ALMEIDA










                                              UM NOVO MODELO EDUCACIONAL


                            Eu esperava uma resposta aos anseios da proposta contida em meu livro O AMOR QUE FICOU sobre a necessidade de adoção de um novo modelo educacional para o País. Minha expectativa é que a proposta gerasse uma reflexão, não só da Área da Educação, como de diversos segmentos da sociedade e o assunto fosse colocado em discussão, propiciando assim a elaboração de diretrizes para um novo projeto educacional.
                             Não  me  cabe  aqui  analisar  e  questionar  as  causas  do  que  posso  chamar  de desprezo à proposta, e nem mesmo gerar uma polêmica em torno do assunto. Prefiro admitir que faltou à proposta um definição mais clara de minhas expectativas para esse novo modelo.
                             Acredito  que  o  estabelecimento  de  parâmetros   possam   fornecer  referencias maiores de reflexão, avaliação e desenvolvimento de idéias para um melhor definição de um novo modelo. Por isso passo a expôr meus sentimentos esperando poder contribuir mais especificamente e, finalmente, gerar a necessidade da reflexão e discussão a respeito.
                              No meu ponto de vista, a partir do ensino médio, haveria de se incluir 4 novas matérias ao programa curricular: Filosofia, Literatura, OSPE(Organização Social, Política e Econômica) e Educação Física.

                             FILOSOFIA – A  Filosofia  á  a  ciência dos princípios de das causas, é a área de estudos que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão das idéias. A inserção da filosofia no programa educacional, já a partir do ensino médio com ênfase, sobretudo à metafísica e à axiologia, seria de fundamental importância na formação moral e ética de nossos jovens.
                              Explicando melhor,  a temática da ética e da moralidade humana, e de construção de valores pessoais socialmente justificados não tem sido muito valorizada em nossa sociedade e até mesmo na estrutura de nossas escolas. De maneira indireta, consciente ou inconsciente, as escolas trabalham valores em seus alunos e alunas, mas isso vem sendo feito de forma desarticulada, incipiente e, de fato, com base nos valores de cada grupo ou de cada professor. Isso se torna problemático, já que os valores de determinado grupo ou de um determinado indivíduo podem não estar de acordo com os interesses gerais da sociedade. É o caso, por exemplo, da defesa de valores discriminatórios por parte de algumas pessoas.
                              Portanto, o  estabelecimento  da  matéria Filosofia no programa do ensino médio, exigiria levar à comunidade escolar, reflexões e propostas de trabalho que ajudem seus participantes a compreender os pressupostos da ética e da moral, e a construir, dentro da comunidade escolar, o que vem sendo chamado de valores universalmente desejáveis. Ou seja, reconhece-se que existem alguns valores, como a democracia, a justiça, e aquelas presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, apesar de não deverem ser impostos a toda e qualquer cultura existente no planeta, para nós brasileiros são desejáveis e devem ser universalizados no contexto social. Para isso há de se desenvolver ações visando atingir dois objetivos:

                              1. Compreender os fundamentos da ética e da moralidade,  como os seus                                                
                                  princípios e normas podem ser trabalhados no cotidiano das escolas  e
                                  da comunidade.

                  2. Compreender   e   introduzir   no   dia-a-dia   das  escolas   o   trabalho
                                  sistemático e intencional sobre valores desejados por nossa sociedade.

                              Neste  segundo  objetivo, o programa deve assumir a existência de alguns valores desejáveis em nossa sociedade e cultura neste momento histórico e tão difícil que o País atravessa. Democracia, justiça, solidariedade, cidadania, igualdade de oportunidades e respeito às diferenças são alguns desses valores desejáveis pela sociedade brasileira e devem ser alvo das atenções do programa.
                                de  se  acrescentar  que  o  aprofundamento  em  estudos  de  valores  como  a cidadania se faz essencialmente necessário, já que a cidadania indica a posição política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tem e pode exercer. “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de um povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.” (Dalmo Dallari-Direitos Humanos e Cidadania). No Brasil, de uma forma geral, não sabemos o que é exercer a cidadania, achamos que é votar, pagar impostos (da forma como nos são impostos), apanhar calado, “engolir sapos”, acostumar às injustiças, dar um “jeitinho” para tudo, acreditar que direitos não estão associados à deveres, pensar que Deus é brasileiro e se as coisas estão como estão é por vontade D' Ele.
                         O  que tem  caracterizado  a  ausência  da  organização,  da  participação  e da intervenção da sociedade nos destinos do País tem sido exatamente a falta de conhecimento específico, e um programa educacional introduzindo a Filosofia é que permitiria ao jovem em formação, de todas as classes e de todos os níveis adquirir essa capacidade.

                               LITERATURA – A  adoção  da  Literatura  como uma matéria específica, e não como um capítulo dentro da matéria da Língua Pátria irá permitir um aprofundamento maior à contribuição que ela dá ao jovem em formação no seu desenvolvimento como cidadão, trazendo benefícios incalculáveis.
                                O  que  temos  notado  em  nossa  sociedade é que a leitura não se constituiu em um hábito, e conseqüentemente, os benefícios gerados por ela estão ausentes da formação do povo brasileiro.  O desenvolvimento da capacidade de interpretação, o desenvolvimento de valores desejáveis à sociedade, a assimilação ortográfica e gramatical, a história, a geografia, enfim todos os ensinamentos que a Literatura propicia elevaria a capacitação do jovem em formação e poderia constituir-se em importante aliada não só da base filosófica requerida, mas do aspecto sociológico, político e econômico exigidos.

                                OSPE      A    introdução   de   uma   matéria,   que    poderia      também    um desdobramento, uma parte que tratasse da Sociologia e Política; outra que tratasse das noções básicas da Economia; é tudo aquilo que faltou ao povo brasileiro em seu processo de formação e  que o tem tornado um alienado do processo sócio-político-econômico do País, e conseqüentemente o mantém no mais absoluto obscurantismo, incapaz de se  organizar, participar e intervir  na vida nacional. Podendo até se afirmar que foi o que gerou homens públicos tão incapacitados no exercício de suas funções.
                                Prefiro a definição de Sociologia como “todo grupo ou agregado social que vive
submetido às mesmas leis e cujas instituições fundamentais são determinadas por padrões culturais comuns”. Por isso, a matéria exerceria fundamental importância no desenvolvimento do sentimento coletivo, da solidariedade social e do espírito de cooperação nos indivíduos associados, tirando do povo brasileiro esse espírito de individualismo a que se acostumou e o impede de se associar e se organizar em defesa dos interesses comuns da Nação.
                                No  que  tange  à  Política, não  deveria abordar apenas a política nacional, mas a história política universal, desde os primórdios da civilização até os nossos dias. Deixar de ser tratada como um capítulo ligeiramente pincelado dentro do conteúdo da matéria História, para adquirir um status de um importante estudo no contexto sócio-político-econômico. Rever sim, a história política brasileira, recontá-la acrescida da crítica aos equívocos cometidos, desmistificar os falsos heroísmos construídos na ignorância e desinformação da sociedade brasileira, enfim, investigar a realidade de sua trajetória.
                                 E,  no  que  se  refere  à  Economia,  definir  as  noções  e conceitos básicos que regem sua contribuição a administração de um país, de uma nação. Fazer entender ao jovem em formação como funciona a gestão econômica, seu processo de desenvolvimento e como é administrada. Qual a sua participação dentro da Economia Nacional como cidadão do futuro. Os tributos que vai pagar, como ele participaria com contribuinte desde a hora em que se levanta até a hora em que vai dormir, quais os retornos que deveria exigir da administração pública. Como esse dinheiro é arrecadado, como é distribuído, O que é distribuição de riquezas, porque existe um desequilíbrio tão acentuado no País, o que deveria ser feito para equilibrá-la, de que forma ele, como cidadão, poderia contribuir para isso. O que é economia interna e economia externa. Enfim, dar ao jovem em formação um embasamento, um conhecimento que nunca foi dado antes.

                                EDUCAÇÃO FÍSICA – Rever e reformular a Educação Física. Desde o ensino fundamental até o último ano da Universidade. Sua contribuição ao desenvolvimento do jovem em formação é importantíssimo e inqüestionável, e tem sido tratada com um descaso indescritível. Há de se reformulá-la radicalmente, instituindo uma nova conceituação para sua prática em todas as escolas e todos os níveis de escolaridade. Depois dessa reformulação, instituir a competição entre escolas, cidades e estados, com  a organização de torneios estudantis e universitários, campeonatos municipais e estaduais; observando-se que nos países de primeiro mundo a base das equipes participantes dos Jogos Olímpicos (e tantas outras competições compatíveis)  é universitária,  e começa o seu desenvolvimento no colégio básico. Sem deixar de mencionar, inclusive que a prática da Educação Física é uma inqüestionável construtora de valores no indivíduo. “Mens sana, corpore sano.”

                                  CONSIDERAÇÕES FINAIS    Ainda  que  a  proposta  indique as inserções
à partir do ensino médio, há de se criar um programa introdutório/preparatório a partir do ensino fundamental.

                                                                                                    Nei Silveira de Almeida
                                                                                                               15.10.2007
                    


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