quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

BRIZOLA

Rodrigo Nunes Ricardo
Brizola era um político, e os políticos estão sempre abertos à fazer alianças amplas para tentarem viabilizar seus projetos. Nesse sentido Brizola aprendeu muito com seu mentor, Getúlio Vargas, que disse certa vez "não saber se tinha inimigos, mas se os tinha com certeza não eram tão inimigos que não pudessem amanhã virar amigos." Brizola fez várias alianças curiosas ao longo de sua carreira, em 1958, por exemplo, teve o apoio, ao mesmo tempo, do PRP de Plínio Salgado e do PCB de Luis Carlos Prestes na disputa pelo Palácio Piratini. Dentro dessa mesma lógica Brizola se aproximou de Lulla, imaginando creio eu poder usar a figura de Lulla para propósitos trabalhistas. Brizola nunca foi amigo de Lulla, e aliás o primeiro encontro de ambos, em 1980, no ABC paulista, terminou de forma ríspida após uma curta troca de palavras. Brizola tentou, por um tempo, ser uma influência sobre Lulla. Brizola sabia que Lulla era ( infelizmente ) muito popular, e Brizola certamente imaginava que, se pudesse talvez influenciar, aconselhar Lulla, essa liderança petista poderia servir à propósitos construtivos. Mas Brizola nunca alimentou ilusões sobre o que representavam Lulla e o PT fora da influência brizolista: basta ver as declarações dadas por ele acerca de Lulla em 1989 e 1994. A última, derradeira tentativa de Brizola de procurar ser uma influência sobre o líder petista se deu em 2002, no segundo turno, e logo Brizola se decepcionou com os rumos tomados por Lulla após a posse. Quem diz que Brizola era "amigo" de Lulla mente, e mente feio!!! Basta ver as declarações dadas por Brizola em 2003 e 2004, como por exemplo a de que o Brasil havia "caído no conto do operário" e seu depoimento dado ao jornalista americano Larry Rhoter, do "The New York Times" no qual acusava Lulla, com todas as letras, de ser alcóolotra. Brizola chegou até mesmo a se reunir com o ex-senador Jorge Bornhausen, para tentar articular uma frente de oposição ao PTralhismo. E tudo isso - faço questão de frisar - aconteceu ANTES da vergonheira do Mensalão, que Brizola não chegou à ver pois faleceu um ano antes desse escândalo vir à público. Imagine o que Brizola não teria dito e feito se tivesse vivido para ver o Mensalão...

Hoje os PTralhas mentem dizendo que Brizola era "amigo" de Lulla. Baseiam essa mentira no fato de que o PDT, hoje, contrariando expressamente a vontade de Brizola em seus dois últimos anos de vida, integra a base do governo. Cinicamente tentam iludir a opinião pública apresentando a postura venal dos atuais líderes do PDT como sendo consoante com a vontade de Brizola. Certamente contam com a memória curta do povo brasileiro. Uma das coisas mais tristes é que, no fim da vida, Brizola viu o rumo que o PDT tomaria após sua morte: ele sofria pressões constantes de seus correligionários para sair da oposição e voltar às boas com o PT. Daí a frase de Brizola sobre o PDT: "minha vontade é fechar esse partido e fundar um movimento de libertação nacional."

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