sexta-feira, 15 de março de 2013

CLEVANE PESSOA


Poema Vermelho- DE Clevane Pesoa, para a tela O Flautista de Todas as Fátimas-de Luiz Carlos Rufo.


POEMA VERMELHO

"Clevane Pessoa de Araújo" escreve o
Poema Vermelho
para "O Flautista de Todas As Fátimas"
pintura de de Luiz Carlos Rufo


Sangrassem, as rosas, o sangue teria perfume vermelho.
Na composição biopoética do sangue das rosas, con/vivem células de caroços de romãs,
 místicos e condutores de crenças;
Mórulas de amoras sensuais;
Amores de maças do paraíso.
Penas de Lóris branca, manchada no peito;
Morangos saborosos sem champagne;
Clamores de combatente sem campos de batalha pela Paz.
Suor sangrento de porfíria incompreensível e letal.
Mancha de virgem em lençol de linho.
Safra de raríssimo vinho;
Menstruação, de/flor/ação, nascimento.
Batom onde a cera de abelhas convida ao mel.
Tons de lábios grandes e pequenos.
Labaredas: salamandras elementais do fogo, a desenhar em rubro, 
linguetas de linguagens poderosas.
Aromático sangue de rosas: licor dos deuses,
a representar a essencial mais sutil da arte:
o milagre da criação humana.

Belo Horizonte, Minas Gerais,Brasil em 16/02/2007, poema sobreposto aos dois versos inciais, escritos em minha adolescência- em homenagem à tela "O Flautista de Todas as Fátimas" de RUFO.

O flautista, o artista a reinventar um flautista. As fátimas do imaginário se expandem pela rubra cor que caracteriza o Universo feminino biológico: o vermelho. O sangue. Donde ela nasce,donde ela é, se faz mulher, na menarca ("ficou mocinha", explicam as outras: já pode procriar), o milagre da multiplicação, o milagre da parição. O "sangue do meu sangue": fruto que afiança a linhagem. A flauta abre em leque seu som de pastoreio e doçura. Aparece uma das Fátimas e flutua, chagalmente, na chaga do céu. Tons carmin. A filha do artista, obra de carne, mulher, fotógrafa, os fotografa, aparece para registrar a obra paterna. As amigas aparecem, Fátimas tantas, e manifestos brotam, testemunhos de testemunhas verazes. E a tela espanta, na cardinalidade, nos tons e sobretons carmináceos. Penso em sangue de rosas (*) um dos versos de poema escrito com dor. E encantamento.Vou ao blog de Rufo e , sem poder lá estar, no seu locus de ser, pela telinha, delicio-me. O artista, LUIZ CARLOS RUFO (*) , em seu trabalho, carrega seu mundo espacial, seu universos de receptações, seu Cosmos particular. Aprende ao caminhar, ponderar, e ser. E apreende mas, na caminhada, a lição maior: repassar a essência artística. Presentear o olhar do outro, com as nuances de seu próprio olhar. Com o "O Fautista de Todas as Fátimas", Rufo faz com que o protagonista masculino, permita a aparição do elemento feminino: as fátimas, as que sobrevoam o Real. Mesmo um real cardeal, com caroços de romã, vinhos e uvas, amoras, amores, maçãs, morangos, sangue de rosas vermelhas, repito. Sentimos o aroma, do abstrato de seu estilo para a realidade do retrato universal da mulher. Um artista. Um flautista. Uma Fátima. As fátimas. 
Clevane Pessoa

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