sexta-feira, 29 de novembro de 2013

PROESIA DE CÉSAR CARVALHO



Entre a prosa, a poesia e a proeza

César Carvalho lança em Londrina o livro Proesia, que reúne haicais produzidos ao longo de 30 anos. Ex-atores do grupo Proteu apresentam espetáculo

24/09/2013 | 00:02
Fábio Luporini
César Carvalho tinha já seus pouco mais de 30 anos quando decidiu escrever poemas. Era talvez uma necessidade, um jeito de expressar seus próprios questionamentos. Inquietações que surgiam das conversas com os amigos e colegas da Unesp, em Marília, onde dava aulas. Guardou todos os poemas e, agora, transformou-os em livro, Proesia, que será lançado amanhã à noite no Bar Valentino.
“A maioria deles foi escrita ao longo dos anos. Diferentemente dos adolescentes de 15 anos, decidi escrever depois dos 30. E só tive coragem de publicá-los hoje, aos 64”, justifica Carvalho, atualmente professor do Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 
Trabalhando na Unesp há 30 anos, o professor mantinha amizades com pessoas ligadas à literatura. “Eu vivia um momento de questionamentos, estava insatisfeito com meus paradigmas. Comecei a pesquisar outras linguagens. Essas inquietações e diálogos com meus amigos, comecei a escrevê-los.”
Na época, lembra Carvalho, nem existia internet. “A gente tinha um correio e ia formando uma rede de correspondências. Mandava cartas aos amigos. Isso foi se acumulando”, diz. Desde então, nunca parou de escrever. Há ainda outros escritos do tipo contos ou crônicas, que o professor pretende publicar assim que se aposentar.
“Gosto de ler romances, mas não sou familiarizado. O que me fascina mesmo são os pequenos poemas.” No início do livro, há alguns longos, definidos por ele como prosa poética. “Mas depois vêm os poemas curtos, em que quero dizer o máximo com o mínimo.”
A inspiração vem do haikai. “Minha estrutura poética é o haikai, mas não o tradicional, que fala sobre temas ligados à natureza. Mantive a estrutura, de sete e cinco sílabas, mas tenho temas mais intimistas”, observa Carvalho.
São assuntos que põem a todo momento os conceitos e ideias em dúvida. “Que me ajudam a me repensar. Digo que o poema é um diálogo consigo mesmo, com os arquétipos que estão no nosso inconsciente.” Assim como é possível, na opinião dele, um diálogo do leitor consigo. “Se o leitor faz uma leitura estética, consegue conversar com ele mesmo.”
Diagramado com os poemas ocupando apenas as páginas ímpares, deixando as pares em branco, o livro tem aproximadamente 150 textos. Proesia, diz Carvalho, é uma brincadeira, conceito absorvido dos poetas concretistas.
“Tento a sonoridade de prosa, poesia e proeza. Porque meus textos beiram à prosa, são poesias e fazer um livro com recursos próprios não deixa de ser uma proeza”, explica.
Serviço
Lançamento do livro Proesias, de César Carvalho, na quarta-feira, no Bar Valentino (Av. Pref. Faria Lima, 486). O espetáculo será apresentado às 20h. Entrada: R$7. O livro custará R$20 no lançamento.FONTE:jornal de londrina/site.

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