quarta-feira, 24 de novembro de 2010
TOM ZÉ
Newsweek
25 de outubro, 2010
Anote, ‘Dancing With the Stars’ a visão de Tom Zé sobre o samba, leva nota 10.
Nos anos 60 uma confederação informal de jovens artistas, poetas e músicos fez uma revisão quase completa da cultura do seu Brasil natal. O movimento foi chamado de Tropicália; quanto aos músicos, principalmente, influenciaram a música não só de seu país como do exterior. Liderada por Caetano Veloso e Gilberto Gil, a Tropicália misturou e recombinou formas tradicionais como o samba – e sua prima mais moderna, a bossa nova – com ritmos africanos, jazz e psicodelia. Os artistas da Tropicália, ainda que díspares, conseguiram ajustar-se no interior de um mesmo abrigo – certamente amplo. E lá estava Tom Zé.
Hoje na casa dos 70, Tom Zé sempre traçou seu próprio caminho. Suas canções podem se tornar líricas em um momento, soando a seguir como o dueto de uma serra elétrica e um coro de cigarras. Seu canto é tão cambiante quanto: aqui, ele é um crooner de big-band da década de 40; ali, um Leonard Cohen num dia ensolarado. Suas influencias, às vezes enumeradas nos encartes dos discos, abrangem de ensaios literários a Bach e, subjacente a tudo, encontramos um senso rítmico sem paralelo. No alforje das canções de Tom Zé há música para quase todos os gostos. E quanto mais se ouve, mais se quer explora-lo.
Agora é a sua chance. O audacioso selo de David Byrne, Luaka Bop, lançou Studies of Tom Zé, uma caixa com 3 discos que compilam suas clássicas reinvenções do samba, bossa nova e ópera. Lançados em vinil, soam magnificamente (para os aficionados dos suportes digitais foi incluído na caixa um código para download)..B ônus extras incluem um registro em 45 rotações de uma recente apresentação ao vivo e um CD contendo uma conversa entre Tom Zé, David Byrne e o guitarrista Arto Lindsay. No encarte, uma esmerada reflexão escrita pelo especialista em música brasileira Christopher Dunn recapitula a carreira de Tom Zé, dentro do contexto – ou frequentemente deslocando-o dele – do moderno pop brasileiro.
Esta caixa abrange o percurso da vida musical de Tom Zé começando com o clássico dos anos 60 Estudando o Samba, sua idiossincrática abordagem do maior produto de exportação brasileiro. Apesar de sua formação erudita, Tom Zé é, em parte, sempre o garoto do interior que olha para dentro de si. Garoto do interior, possivelmente. Caipira, talvez não. O segundo disco, Estudando o Pagode é uma ópera de bolso – com arias, duetos e coros ocasionais – que examina a exploração feminina por parte dos homens através dos tempos. Mas Tom Zé não saberia ser bombástico mesmo se tentasse: a maior parte das músicas desse disco, apesar de seus temas grandiosos, é maliciosa e humorada. O disco três, Estudando a Bossa, um “estudo” da bossa nova, soa bem familiar a princípio. Então, antes da metade do primeiro lado, a letra de “Outra Insensatez, Poe!” perfura a doçura cadenciada com informações sobre “catapora, sarampo e uma maldita febre que me entrou no peito” (chicken pox and the measles and then/ a nasty fever that entered my chest). Tom Zé brinca com a forma – e conosco. “Eu tô te explicando pra te confundir / Eu tô te confundindo pra te esclarecer”. ele canta. Esta coleção dá a um artista incomum o reconhecimento que lhe cabe.
Enviado por neusa/tom zé
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