ITARARÉ/SP
Itararé: O Céu Pode Ser Lá!
Irmãos, amigos, companheiros, conterrâneos, camaradas, musas e boêmios,
como é que eu não pensei nisso antes? Estância Boêmia de Itararé: O Céu
Pode Ser Lá! Sim, porque o paulista de Itararé é mais paulista, o
Itarareense-Andorinha sem breque não desiste nunca, Itararé é um estado
de espírito, levamos nossa Cidade-Poema para onde vamos, mas nunca
podemos sair de lá, já que nunca podemos sair de nós mesmos. O nosso mar
azul é o céu de Itararé. E a história do Brasil passa por lá. Tenho até
um poemeto que diz: “Itararé não existe/É a mais pura ilusão/Palco
iluminado alegre e triste/Na cor púrpura do meu coração”
Itararé, O
CÉU PODE SER LÁ, nosso berço esplêndido, nosso palco-íris, nosso ninhal,
encantário, Terra do Nunca, santeria, cidade dos anjos, capital
etílico-cultural da região. Por onde vamos, Itararé vai na nossa
alma-andaluz. Somos todos Fanáticos por Itararé. Aleluia, Maestro Gaya!
Nossos bosques têm mais flores, nossas flores têm mais vidas, nossos
bares têm mais seresteiros enluados, nossa fauna notívaga é mais amor e
menos pescarias, somos cervejólos pela própria natureza, a BOA mesmo
gostamos de tomar sob o luar de Itararé, pois foi lá que um anjo meio a
la Carlito-Burle-Marx pendurou o lustre mágico: A lua nasce em Itararé.
Quando pula fora fica cheia. Deus perdeu cinco dias fazendo o mundo,
depois caprichou no sexto dia fazendo São Pedro de Itararé, claro, para
no sétimo dia cair na gandaia, ir pro forfé, pro guaiú, tomar umas e
outras no Bar Fecha-Nunca, porque Itararé é nosso reino da fantasia,
nossa terra-mãe, nosso chão de estrelas, terra de artistas. Morremos
pelo Brasil mas matamos por Itararé, como já dizia o humorista Solda,
ou, Itararé, nosso amor já tem cem anos, como diria o Zunir. Itarareense
não morre: estréia no céu. Sempre haverá Itararé. Itararé, é isso: O
CÉU PODE SER LÁ. Já pensou? Itararé tem dessas coisas mesmo. Lá o Jesus
Casado era solteiro, um Passarinho anda de bicicleta, Casagrande, o
homem mais bonito do Brasil é de lá, os professores são jóias, as
mulheres mais bonitas do Estado de São Paulo são de lá, Jorge Chueri
nosso Patrono é uma figura fora de série, Elefante lá é jogador de
futebol, tem restaurante que fecha pro almoço, o pessoal das saunas
ganha dinheiro com o suor dos outros, tem gente que prefere ficar preso
em Itararé do que solto em Itapeva. O céu só pode ser lá. Imaginem só.
Acredite, se quiser. Alguns sonhadores após-calipsos a chamam de
República Etílico-Rural de Itararé, porque já tentamos a independência
várias vezes, poderíamos ser um Condado, o Estado de Itararé, ou mesmo
um país, pois lá tudo tem, em se plantando tudo dá, mas, se erguem a
clava forte, Itararé, verás que um filho teu não foge à luta. Itararé, o
céu pode ser lá. “Quem nasceu em Itararé/Adora uma brincadeira/Pois
toda Andorinha é/Uma criança a vida inteira” – Itararé nos idos do antes
em que a água bebia a onça, era terra de dinossauros, imagine só eu,
então, um Silassauro-rex, espécie em extinção, e no meu habitat escrito:
Não atirem amendoim. Só cerveja. Viu só? Itararé, o céu pode ser lá:
“Itarareeense quando nasce/Se esparrama pelo chão/Com um pouquinho de
alface/Dá um belo sanduichão – E em Itararé tem no geofísico, um lugar
chamado Corisco. Contam os índios que, de bem antes de 1500, naves
partiam dali e chegavam prali, daí porque, o espaço natural (natural?)
feito rampa de lançamento de foguetes de viajantes do espaço, tem o nome
de Corisco. Itararé, o céu pode ser lá: “Se Deus é brasileiro/Jesus
Cristo também é/Deus do Rio de Janeiro/E Jesus de Itararé” – Em Itararé,
crianças polacas cantam nas janelas dos casebres, os pintores são
ótimos, cantores vertem-se aos montes, poetas e gente de brilho especial
lá ta cheio. Ruas cor-de-rosa, balés de andorinhas, campos de feijão
com pintassilgos. Itararé, o céu pode ser lá: “Itararé tem
pinheiros/Onde canta a gralha azul/E fica lá na rabeira/De São Paulo,
bem ao sul” Washigntom Luiz já dizia em 1930 (virou mote histórico)
“Defendam Itararé a Todo Custo”. Pois é: O Céu só pode ser lá! Longe de
Itararé não somos nada, aliás, somos apenas como meros peregrinos
anjonautas, com sandálias de auroras e prelúdios, em estúdios estranhos.
Só em Itararé é que estamos dentro do nosso próprio coração. Itararé, o
céu pode ser lá: “Eu sou pobre, pobre, pobre/De marré, marré, marré/Mas
eu tenho a alma nobre/Pois eu sou de Itararé.” Itararé é onde tivemos a
honra de nascer, e teremos orgulho de morrer, pois lá é um hangar do
céu nesse mundo de framboesas e piruás. – Poetinha Silas Corrêa Leite -
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Um comentário:
Lendo este artigo sobre a cidade de Itararé, como não se lembrar de uma das figuras mais emblemáticas que o Brasil já teve: Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé. Durante a revolução, em 1930, a batalha de Itararé foi vastamente propagada pela imprensa. Apporelly não ficou de fora desta tendência. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal que, sob o comando de Getúlio Vargas, vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. A cidade de Itararé fica na divisa de São Paulo com o Paraná, mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito. O Barão de Itararé comentaria este fato mais tarde da seguinte maneira:
Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve. O Barão de Itararé foi vereador pelo Partido Comunista, eleito com o lema "mais água e mais leite. Mas menos água no leite", e cassado, em 1947, quando o registro do partido foi anulado. Extirpado do cargo de vereador, respondeu: "Saio da vida pública para entrar na privada."
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