quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
ADRIANA MANARELLI
Estupôr
(Adriana Manarelli)
Minha aurora acaba
Com o olho do dia
E devota dos cachos azuis
Minha alma explode em vigília
Além da morte
No lábio que trás o gosto de sangue, ela também irradia.
Meu mito é muito mais que uma fome
É areia movediça
Por entre os dedos
É o horizonte que não acaba
Nem por trás dos montes
E eu oiço o grito
Que liberta o estertor mais amargo,
Mais pura, o esplendoroso vagido
Entre os braços retorcidos do salgueiro
Com suas raízes, beijos e pólens.
Compartilho meu retinto toda manhã
Eu, comigo, e (a)guardo o azul racemo
A linha louca serpenteante estrada do horizonte.
Falanges inteiras
Brincam em minha crina mais prata
Que de azeviche
Só possui ainda
O desfiladeiro que me espreita.
01/ 01/ 2012
tela:"As musas inquietantes" de De Chirico
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