quinta-feira, 22 de novembro de 2012
ANA RUSCHE
[poema de amor sem título]
meu corpo se estende pela américa do sul.
os pés, por exemplo, estão na patagônia,
por isso estão tão gelados e parecem pinguins
(e penso em meias fofas pra dormir,
embora sejam bem pouco atraentes)
.
meus cabelos, agora mais compridinhos,
são os sargaços, florestas escuras, riachos
entremeados, embaraçados.
.
só uma pequena parte
está na outra margem deste rio chamado atlântico
o coração
e por isso hoje sou
tão dilacerada.
.
podem chamar de exagero
mas é intriga da oposição
aqui sim sabemos o que é por fogo
nas casinhas pra erguer uma civilização de edifícios
(em plena cidade grande! em plena luz do dia!)
e do outro lado deste rio tão blue
também se sabe outro tanto, sabemos.
.
meu coração dum lado
meu corpo doutro.
meu corpo noutro lado
e meu coração neste.
a noite escorre comprida.
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