segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ADRIANA MANARELLI


Yule
(Adriana Manarelli)

Nas nuvens azuis recosto-me:
Pedaço de minha carne,
Pinheiros e bolas coloridas
Devolvem-me muitos anos.
Por um prato de lentilhas
Vendi minhas bençãos
E tudo o que me resta
É areia e sal.

Caminho no fio da navalha.
Todo o meu mundo é silêncio.
E o escaldar da chama eterna
Que dia após dia me consome
Meu cardo em coroa
Nesse nevoeiro zonzo
Da nítida fome que me envolve

Neste mês cor de papoula
Debaixo de sete palmos bate meu coração, respira meu pulmão
Alucinados contextos, húmus da carícia.
Sobre a parreira repousa minha pulsação
Naquela alameda o meu índigo racemo.
Um rosto verruguento devora meu caminho
Lambe minha prata: meu chiqueiro.
Sagrados são os laços vermelhos
O resto é insignificante: Eu traço cada vírgula no horizonte
Cada ponto sob o meu joelho.

03/ 12/ 2011

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