segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ANTONIO ANTUNES


SOMOS PARVOS OU SOMOS TODOS CORRUPTOS?

A pergunta que está no ar é, somos parvos ou somos todos corruptos?

Nesses últimos dias tenho visto muitas cartas de leitores em O Estado de São Paulo defendendo uma nova e mais forte política para o etanol. Nessas cartas encontramos muitos políticos, alguns empresários ligados ao setor alcooleiro e gente do povo usada como inocentes úteis.

Esta pergunta que está no ar é facilmente respondida: Qual o país do primeiro mundo que não tenha políticos corruptos e que tenham o álcool (etanol) como fonte energética? Nenhum. Isto porque o álcool nunca foi esta energia limpa que os picaretas querem vender como se fosse uma verdade. Se o etanol fosse essa maravilha tão apregoada, o mundo inteiro o usaria, pois basta ver que durante a segunda grande guerra, a Europa que não possui petróleo, usava o álcool como combustível. E, em todos os países desenvolvidos o teor máximo de álcool na gasolina é de 13%. Aqui no Brasil é que conseguiram a proeza de criar uma gasolina adulterada com 25% de álcool. Qualquer técnico sabe que acima de 13% de etanol na gasolina, o índice de octanas só aumenta se a gasolina for de péssima qualidade.

Pegue uma amostra do nosso etanol e mande para um “laboratório sério” analisar. Verão que nosso etanol tão propalado como energia limpa e renovável é um engodo. Nosso etanol é cancerígeno. Os que não são parvos e tem mais de dois neurônios vão se lembrar da época em que foi criado o Proálcool. Na propaganda do produto milagroso, pediam para não ligar o motor do carro a álcool em garagens fechadas. Isto tudo porque o tão inofensivo álcool continha um alto teor de aldeídos acéticos, produtos altamente cancerígenos. Naquela época, havia um regulamento técnico do antigo Conselho Nacional de Petróleo (CNP) que limitava a quantidade de aldeídos e de alcoóis superiores. Com o tempo e com a necessidade dos usineiros produzirem um álcool mais barato, portanto com menos controles, aboliram o regulamento técnico, o álcool anidro (99,9%) deixou de ser anidro e passou a ser um anidro (98,0%), ou seja, um “anidro hidratado”. Este álcool “anidro” não podia ser adicionado à gasolina porque a gasolina não mantém compatibilidade com a água. Os dois não se misturam. Então os nossos mágicos resolveram o problema e passaram a adicionar benzeno à nossa gasolina para aumentar a compatibilidade da água com o combustível. Neste momento passaram a adicionar um produto altamente cancerígeno a nossa gasolina. E o povo que se dane.

Se consultarem a SAE (Society of Automobile Engineers), a mesma empresa que rotula todos os óleos vendidos no Brasil, verá que nosso etanol é muito mais prejudicial à saúde que a própria gasolina. Faz uns vinte anos que a Volkswagem realizou um estudo e verificou que a poluição em Congonhas era muito maior que na pista do aeroporto e isto devido aos aldeídos de nossos carros (e naquela época o número de veículos a álcool era ínfimo).

Nessa hora aparece o político corrupto e faz declarações em defesa do álcool. Esse político está sendo pago para defender o sistema. Os usineiros defendem o seu negócio e o leigo acredita no que os outros dizem.

O que nós já destruímos de terras para a plantação de cana é de assustar. Para os que não sabem, a maior bactéria existente está na cana, é a fagocitose. E esta bactéria tem uma peculiaridade, na terra que se planta cana não nasce mais nada. Não há estudos conclusivos, mas acredita-se que a seca do nordeste é proveniente da plantação de cana da época imperial.

Em um país como o nosso com um povo passando fome e tendo um custo alto de alimentos, alimento taxado com altos impostos não se entende porque criar um produto para alimentar motores em detrimento de alimentos para alimentar um povo miserável.

Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2.011.
Antonio Antunes
Engenheiro Químico

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