segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PAULO ROBERTO DO CARMO


COMO MORRE UM HOMEM

Que ninguém pergunte ao vento
como morre um homem.

De ofendido morre um homem
quando do peito perde a palavra
e mais não há por ele o que lutar
e mais não há por nós o que gritar.
Somos esta longa morte
que não cessa de nos assassinar.

Quando cala, morre um homem,
giboso entre o vinho do rei e o bobo,
premonição cega de sonhos indigentes.

Morre um homem quando perde o nome
e tomba sobre ele o silêncio duma paixão
a salgar o cadáver de seu último desejo
Morre um homem quando morre o revide
feito despojo para a gula das aves de rapina.

Paulo Roberto do Carmo
www.paulorobertodocarmo.com

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