terça-feira, 25 de setembro de 2012

LUIZ ROSEMBERG FILHO

O BRASIL INVISÍVEL 

        Só existe aquele que possui consciência do seu existir. E os outros? São outros 500, e outros questionamentos. Embora estejamos no mesmo saco, na mesma geografia e sob uma mesma ordem; ordenada e desordenada pela nossa falta de consciência. E para não estender pela ideologia. A de um poder que não separa, para entender mas, finge juntar para separar e aniquilar. Sem epistemologias, sentimentos ou afetos. Só interesses imediatos, assegurados por revelações mafiosas, estabelecidos os vínculos de pulsões imprevisíveis e incontroláveis. E com reflexos na vida de todos nós. E tão antagônico que fica difícil estabelecer diferenças e análises entre os que estão em um presídio de segurança máxima e a multidão sem saída, em um presídio de segurança mínima, o país. Na cidade ou no campo, com suas ruas, guetos ou favelas. E o que tem graçado na vida de todos nós tem sido um movimento ditado por esta ordem; no particular, no individual e em alguma discussão sobre o social.
        Formam-se esquadrões de defesa e, como se a vida não tivesse outra saída. Negando elementos simbólicos e substantivos na vida de todos nós. Dos  que pensam e querem um Brasil acima do que estão fazendo de nós. A de uma esperança impossível. Começamos a confundir vontade com debilidade. Vimos confirmar que estamos há cinco séculos fora da história. Arrastados pela pós modernidade que nunca entenderemos. Muito menos agora.  Depois do entendimento de todas as máfias. As do neoliberalismo e da globalização. Nos confundindo em tempo real e virtual, inseridos pela hegemonia do não entendimento e com exigências epistemológicas e de controle dos meios de produção e da cultura. Cujos níveis e necessidades são impossíveis de entender, discutir e criticar. E quem nunca esteve no poder só pode almejá-lo, nessas condições, se quiser!
        E os quadros não se formam para a possível modificação do processo. Seríamos seres naufragados na violência e na epistemologia do já existente? Dos aportados aqui, encantando, confundindo, saqueando, exterminando e fazendo da história uma estranha para o nosso arremedo? Por mais que se tente, os debates entre os nossos principais elementos das eleições, nos provam isto. FHC e Lula, todos representantes de uma história em arremedo. A mesma de Sarney, ACM, Bornhausen, Collor, Ademar de Barros – o rouba mas faz -, Maluf e as pérolas incontáveis que ainda surgirão do fundo desse mar (?).
        E as eleições são um estrato do que fizeram e estão fazendo com o país: na economia, na política e na cultura. A de uma ordem nos afastando da história. Não se discute realidade, história, origem, processos e mudanças. Nossos meios e princípios. Causas objetivas e subjetivas. O povo e o país. Falam-se de interesses pela cultura da mentira, do medo, das falsas oportunidades e compensações. Transparência, nenhuma! Somos um país de gênese de estratificação perigosa, impondo um elevado grau de cosmopolitismo para o domínio e exploração, e jamais para a inserção do povo nos avanços e no desenvolvimento. Tornando o povo invisível. Com identidade somente nas prisões, nos guetos e na hora de voto. Enquanto interessar!
        Vivemos as mesmas condições da colônia, das primeiras revoluções industriais e que se prolongam nesta etapa fantástica e bárbara da globalização cibernética. Algumas diferenças nos meios de transferência de entrega e rapinagem. Mas o curso da história não muda. E não conseguimos esgotar o tempo da espera e da crença. Lula está obtendo esta vantagem. O tempo da mitologia. Mas que tem nos deixado fora da história, de nossa inserção no progresso e no desenvolvimento. Vivemos o tempo do medo. O de muitas ameaças. Tememos pela liberdade de expressão.
        Combater sim: o controle econômico, político e cultural. A que nos impôs a aceitação das privatizações do patrimônio público, a que mente e omite quanto as dívidas internas e externas, já pagas. A que movimenta o pêndulo privilegiando candidatos no atendimento de seus interesses ideológicos. Omitindo a realidade do país, do povo e escamoteando assuntos fundamentais e temáticos nas decisões do voto. Estamos sendo jogados, um contra o outro, esfacelando consciências em nossas cabeçadas e como se nada pudesse ser diferente. Triste sina, a dessa história que não termina. E mata.


         Luiz Rosemberg Filho e  Sindoval Aguiar
                                        RJ, 2012
                               

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