O BRASIL INVISÍVEL
Só existe aquele que possui consciência do seu existir. E os
outros? São outros 500, e outros questionamentos. Embora estejamos no mesmo
saco, na mesma geografia e sob uma mesma ordem; ordenada e desordenada pela
nossa falta de consciência. E para não estender pela ideologia. A de um poder
que não separa, para entender mas, finge juntar para separar e aniquilar. Sem
epistemologias, sentimentos ou afetos. Só interesses imediatos, assegurados por
revelações mafiosas, estabelecidos os vínculos de pulsões imprevisíveis e
incontroláveis. E com reflexos na vida de todos nós. E tão antagônico que fica
difícil estabelecer diferenças e análises entre os que estão em um presídio de
segurança máxima e a multidão sem saída, em um presídio de segurança mínima, o
país. Na cidade ou no campo, com suas ruas, guetos ou favelas. E o que tem
graçado na vida de todos nós tem sido um movimento ditado por esta ordem; no
particular, no individual e em alguma discussão sobre o social.
Formam-se esquadrões de defesa e, como se a vida não tivesse
outra saída. Negando elementos simbólicos e substantivos na vida de todos nós.
Dos que pensam e querem um Brasil acima
do que estão fazendo de nós. A de uma esperança impossível. Começamos a confundir
vontade com debilidade. Vimos confirmar que estamos há cinco séculos fora da
história. Arrastados pela pós modernidade que nunca entenderemos. Muito menos
agora. Depois do entendimento de todas
as máfias. As do neoliberalismo e da globalização. Nos confundindo em tempo
real e virtual, inseridos pela hegemonia do não entendimento e com exigências
epistemológicas e de controle dos meios de produção e da cultura. Cujos níveis
e necessidades são impossíveis de entender, discutir e criticar. E quem nunca
esteve no poder só pode almejá-lo, nessas condições, se quiser!
E os quadros não se formam para a possível modificação do
processo. Seríamos seres naufragados na violência e na epistemologia do já
existente? Dos aportados aqui, encantando, confundindo, saqueando, exterminando
e fazendo da história uma estranha para o nosso arremedo? Por mais que se
tente, os debates entre os nossos principais elementos das eleições, nos provam
isto. FHC e Lula, todos representantes de uma história em arremedo. A mesma de
Sarney, ACM, Bornhausen, Collor, Ademar de Barros – o rouba mas faz -, Maluf e
as pérolas incontáveis que ainda surgirão do fundo desse mar (?).
E as eleições são um estrato do que fizeram e estão fazendo
com o país: na economia, na política e na cultura. A de uma ordem nos afastando
da história. Não se discute realidade, história, origem, processos e mudanças.
Nossos meios e princípios. Causas objetivas e subjetivas. O povo e o país. Falam-se
de interesses pela cultura da mentira, do medo, das falsas oportunidades e
compensações. Transparência, nenhuma! Somos um país de gênese de estratificação
perigosa, impondo um elevado grau de cosmopolitismo para o domínio e
exploração, e jamais para a inserção do povo nos avanços e no desenvolvimento.
Tornando o povo invisível. Com identidade somente nas prisões, nos guetos e na
hora de voto. Enquanto interessar!
Vivemos as mesmas condições da colônia, das primeiras
revoluções industriais e que se prolongam nesta etapa fantástica e bárbara da
globalização cibernética. Algumas diferenças nos meios de transferência de
entrega e rapinagem. Mas o curso da história não muda. E não conseguimos
esgotar o tempo da espera e da crença. Lula está obtendo esta vantagem. O tempo
da mitologia. Mas que tem nos deixado fora da história, de nossa inserção no
progresso e no desenvolvimento. Vivemos o tempo do medo. O de muitas ameaças.
Tememos pela liberdade de expressão.
Combater sim: o controle econômico, político e cultural. A
que nos impôs a aceitação das privatizações do patrimônio público, a que mente
e omite quanto as dívidas internas e externas, já pagas. A que movimenta o
pêndulo privilegiando candidatos no atendimento de seus interesses ideológicos.
Omitindo a realidade do país, do povo e escamoteando assuntos fundamentais e
temáticos nas decisões do voto. Estamos sendo jogados, um contra o outro,
esfacelando consciências em nossas cabeçadas e como se nada pudesse ser
diferente. Triste sina, a dessa história que não termina. E mata.
Luiz Rosemberg Filho e Sindoval Aguiar
RJ,
2012
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