segunda-feira, 29 de julho de 2013

RODRIGO CONSTANTINO


Pondé em Miami

Rodrigo Constantino

Em sua coluna de hoje, o filósofo Luiz Felipe Pondé fala da angústia do "eu", sempre em busca de satisfazer expectativas de terceiros. Pondé descasca essa tirania dos desejos na era moderna, esse "faz tudo" pelas aparências, os embustes dos programas de "autoconhecimento" à jato, enfim, ele aponta para vários sintomas de uma das principais doenças da modernidade.

Mas não quero falar disso. Quero pegar um trecho de seu texto mais profundo e focar em um aspecto bem mais raso e superficial. Receio que o bebê seja jogado fora junto com a água suja do banho. Eis a passagem em questão:

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá.

Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. O mundo faz mais sentido quando ele economiza US$10. E o pior é que, neste mundo em que vivemos, faz mesmo sentido. Qualquer outra forma de sentido parece custar muito mais do que US$ 10.

Entendo perfeitamente o ponto do filósofo. Como morador da Barra da Tijuca há três décadas, posso atestar com inúmeros exemplos concretos a existência desse tipo de gente em abundância. São pessoas "bregas", como diz o próprio Pondé, que pensam ser possível preencher um vazio existencial com roupas de grife (muitas já ultrapassadas nos States) ou aparelhos tecnológicos de ponta. Não podem.

Dito isso, considero injusto jogar todos no mesmo saco. Quem é movido por isso, quem é "escravo" dessas paixões consumistas, quem, enfim, confunde seu próprio "eu" com a marca estampada em sua roupa ou seu celular, sem dúvida representa o alvo típico do ataque de Pondé. Trata-se não só de algo brega, como algo um tanto triste do ponto de vista existencial.

Mas nem todos que vão para Miami de malas vazias sofrem desse mal. É perfeitamente factível alguém ter outros interesses, outros valores, um pensamento mais denso e profundo sobre a vida, e ainda assim não gostar de rasgar dinheiro, ou pior, de deixar boa parte do que gasta nas mãos corruptas do nosso governo.

Fazer compras em Miami é apenas algo racional. Encontra-se de tudo a um preço bem menor. Em certos casos, para quem pretende comprar muita coisa, talvez um enxoval de casamento ou para o bebê, consegue economizar bastante dinheiro mesmo incluindo a passagem. Não estamos falando de US$ 10, mas de centenas de dólares.

Essa quantidade enorme de gente que viaja para Miami para fazer compras pode ser perfeitamente um indício do sintoma que Pondé aponta no texto, mas pode muito bem ser evidência de outra doença, mais prosaica, mais trivial: os preços absurdos dos mesmos produtos no Brasil, basicamente devido aos impostos escorchantes. Como diz um amigo meu, compro em Miami porque sou pobre; se fosse rico, comprava no Brasil mesmo.

Por fim, é preciso ter cuidado com intelectuais e filósofos que pairam acima desses desejos materialistas. Não é o caso do próprio Pondé, que volta e meia expõe a hipocrisia dessa gente, que finge gostar de filmes chatos iranianos enquanto assiste escondido a novela da Globo. São esquerdistas que condenam o consumismo do capitalismo portando uma bolsa da Louis Vitton, pois ninguém é de ferro.

Claro que os excessos consumistas devem ser condenados. Como eu disse, é muito triste alguém ser "escravo" de uma marca de roupa ou celular, tudo pelas aparências, pelos outros. É muito vazia, muito superficial, uma vida assim. Mas é perfeitamente normal usufruir dos produtos modernos, sem se deixar cegar por isso. Usá-los, e não ser usado por eles. 

Para os que conseguem isso, nada melhor do que pagar um preço bem menor por eles, pois ninguém gosta de rasgar dinheiro, nem intelectuais. E para isso, nada melhor do que comprar em Miami, onde tudo é muito mais barato. De quebra, ainda há bons restaurantes. Convido Pondé para um bate-papo profundo no Nobu. Falaremos de Dostoievsky, Camus e Kafka, comeremos muito bem, e a conta será menor do que a de um restaurante mediano paulista. Que tal?

PS: Absurdo mesmo é o governo brasileiro insistir com um limite ridículo de US$ 500 por pessoa para trazer de fora, sendo que a polícia alfandegária está cada vez mais atenta, revirando até roupas das malas em busca de mais arrecadação com esses impostos indecentes. 

terça-feira, 23 de julho de 2013

ERECHIM /SP


a bela e fria cidade de ERECHIM/RS,na qual a minha amiga miriam suzana.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

LANNY GORDIN, MACALÉ E JORGE MAUTNER







Lanny Gordin Esse foi o bis do show do Macalé no Sesc Vila Mariana, na quarta dia 17. Foi muito emocionante o show do maravilhoso artista Macalé e a sua delicadeza convidando o Lanny para o palco. Obrigada, Macalé, por tanta beleza e emoção. Beijos. Cris.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

JOÃO ROSSETTO



1. Pagando pra ver 2. Até Você me achar 3. De bicicletas e de aviões 4. She loves me 5. O Paco 6. Voltar pra America do Sul 7. Assim você não vai me ver 8. Birthday surprise 9. Minissérie 10. Conhecer dessa vida - See more at: http://www.amusicoteca.com.br/?p=8241#sthash.rnw71hkd.dpuf

Não paro de ouvir!
João Rossetto é um cretino! Nos apresentou o seu disco, caladinho, e nos perguntou se não queríamos fazer o lançamento. Veja se pode isso?! É praticamente perguntar se não queremos um grande amor para a vida inteira. Não se faz algo assim com uma pessoa da musicoteca. Não aguentávamos mais esperar por esse dia, segurar esse disco foi um sacrifício. A música de Rossetto é devastadora!
O talentoso rapaz do interior paulista, de 31 anos, chega pra ficar, e o seu primeiro álbum é um marco não só para sua biografia, mas também para a cena musical brasileira. Uma referência além dos rótulos e de críticas. Não sei o que escrever neste texto de apresentação, então deixo os meus sentimentos falarem livremente pelas próximas linhas… E eles podem ser ignorados ou substituídos por suas próprias sensações caso você já tenha dado o play no início do post.
Só um poeta generoso, e escolhido pela própria música, arquiteta uma seleção autoral tão sedutora e pretensiosa. Pretensiosa, sim! Porque é possível ser pretensioso e bom! Ele pode desmentir tudo, dizer que foi natural, algo tímido, que eu vou continuar suspeitando de sua simplicidade artística. Um disco como esse não pode ficar preso na “contidão” dos críticos insensíveis. Todas as camadas parecem fluir numa independência harmônica e encontram-se respeitosamente com sua poesia cantada nos oferecendo duas possíveis viagens agradabilíssimas entre canção e melodia.
Acho desnecessário percorrer cada passo do processo criativo e de produção de um trabalho tão singular. Indico a pesquisa e a descoberta de João Rossetto e seus parceiros, tudo em nome do prazer auditivo. Mas adianto um pouco de sua seleção para entrega da base sonora de seu disco: Marcelo Sanches na guitarra, Caio Lopes na bateria, Ricardo Prado nos teclados, Davi Indio no baixo e Natan Oliveira no trompete e participações mais que especiais de Andréia Dias e Marcela Biasi. Apenas!!!
Deixamos você com uma obra representativa da atual qualidade musical brasileira. Um dos grandes discos do ano de 2013, sem nenhuma dúvida.
Por favor, João Rosseto! Continue.
Sei que agora é pra valer! Prazer te conhecer. Pois é… Gostei de você!
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quarta-feira, 17 de julho de 2013

ROBERTO ROMANELLI MAIA






 

CAMINHANDO ATÉ O FINAL DO UNIVERSO
 
ROBERTO ROMANELLI MAIA
ESCRITOR, JORNALISTA E POETA
 
 
Ah, uma luz brilha perdida na cidade dos homens, sem rumo e sem destino.
Um som que não se escuta, invisível, cheio de insatisfações e de reclamos, ressoa ao meu redor.
Com isso, o céu se desvanece,  desmancha-se em mil partículas, fugindo para um lugar sem volta,
preenchido pela luz da lua, que tinge a noite azul que a tudo quer queimar.
Tento segurá-los com meus ombros, mas de tão fracos eles vão caindo, desparecendo.
Seguro sobre eles esse céu fugitivo, que cada vez mais continua sumindo.
Caminhando atrás dele, quem sabe até à frente,
até o final do universo, onde incontáveis estrelas pequenas se escondem,
Temendo os homens.
Sinto a vertigem se apossar de mim, engolido dentro de infinitas ondas de platina, de ouro e de prata,
pois cheguei ao rio sagrado que encontrei num final que ninguém sabe se é mesmo o final.
Meu coração e minha alma tremem, ao receber o abraço do eterno, para sempre eterno,
que não irá desaparecer.
Ele apenas existe.
Está dentro de mim, dando força, energia e calor,
de um sol que não deixa de ser sol.
Que é luz, luz que me guia e me alimenta, sem nunca cessar, nem fraquejar.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

EURICO


E
s
c
o
r
r
e
o mel
à flor da pele demerara, açúcar preto, mascavo
Mel
Melaço
Melado
Mel novo
Mel de engenho: terra roxa massapê terra de cana
caiena caiana cana de açúcar
moenda garapa tropicana
terra onde mana
mel ( e leite) e a sacarose morena
melíflua voz de veludo melosa
pele de mel demoiselle cubista
lábios de mel língua doce
lamber teu céu linda noite
caldo de cana caiena favos de mel
A tez de fruta mestiça malícia cajus compotas
Sapotis cristalizados
E toda a doçaria colonial
Água na boca
Desliza mel na língua
portuguesa e um gosto de infância
lembrança de um confeito chamado nego bom.
Noite na pele negra rara demerara
A lua açúcar céu amorenado mel
Enamorado
Melado
Doce na boca,
delícia
no tacho
de bronze,
desliza
na cuba
daqui e de Habana:
de niña/mujer;
de sinhá/menina.
de mel, melanina.
Tua noite nos ilumina...
********
Eurico
meados de 2000

TERESINKA PEREIRA






BOMBA ATÔMICA,

NUNCA MAIS!
68 anos depois.

         Teresinka Pereira

Labaredas de fogo e um grande
cogumelo de fumaça
no espaço, na terra, na água.
Foi como o fim do mundo
para 220 mil japoneses mortos
e milhões mais, feridos
para toda a vida pela radiação.
Como uma estrela sangrenta
a bomba explodiu
sobre o povo inocente
por falta de sentimento
de humanidade de um presidente*
eleito para levar seu país
ao maior poder do mundo.
Agora, esperamos que o
remorso e a memória 
nunca mais deixe
atar fogo ås raízes do ódio
de um povo contra outro,
e que os desejos de paz
façam eliminar do planeta
todas as bombas existentes,
assim como todas por existir.

* O Presidente Harry Truman
dos Estados Unidos, autorizou
o lançamento da bomba atômica
sobre Hiroshima, a 6 de agosto de 1945
e sobre Nagasaki, a 9 de agosto
do mesmo ano.
 
***********

CARLOS VEREZA








NÃO AO PLEBISCITO!!!

Sobre as manifestações: é mais do que evidente a necessidade de o povo cobrar atitudes íntegras de um partido que, através, do granscismo ( infiltrar-se na democracia para posteriormente destruí-la ) ocupou de forma quadrilheira o país!

Por mais de dez anos, todos os três poderes foram distribuídos como benesses aos militantes ( ou meliantes?) que têm como único e fundamental projeto, a permanência indefinida no poder!
Somos vitimas da maior carga tributária do planeta, trabalhando cerca de quatro a cinco meses para saciar um "governo" com 39 ministérios e secretarias, com um gasto de bilhões que deveriam ser empregados em itens óbvios, como saúde, educação, transporte, infraestrutura, etc.

O Plebiscito ou mesmo o referendo, é mais uma estratégia diversionista, jogando no colo do povo decisões que cabem ao executivo e ao congresso!
O perigo, já evidenciado nas manifestações, é a infiltração - não de vândalos -, mas de agentes treinados por esta quadrilha travestida de partido politico!

Não ao Plebiscito!!!

Carlos Vereza.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CONTINENTAL COMBO



EC Walden apresenta 2º Cosmopoplitan Festival.
Para não deixar passar em branco (o "Dia Mundial do Rock", próximo final de semana) o Espaço Cultural Walden preparou o "2º Cosmopoplitan Festival", dois dias de shows, discotecagens e rock. 
Sexta-feira 12.07 tocam: "Lê Almeida"- RJ (lançamento do seu LP Pré Ambulatório), "Ciro Madd" e "Luv Bugs"(RJ), e no sábado 13.07, o "Continental Combo" se apresenta ao lado do quarteto paulistano "Modulares" que vem lançando ótimos EPs.
Discotecagem:
Lê Ameida, César Zanin, Mariana, José Julio, Consuelo e Fabio Barbosa.
A casa abre a partir das 19hs, os shows acontecem cedo, na sexta as bandas tocam a partir das 20:30hs, sábado o 1º show acontece as 21:30hs.
Entrada: R$ 10,00 ou consumação de R$ 30,00.
O Espaço Cultural Walden fica na Praça da República 119 – cruzamento da São Luís com a Ipiranga, em São Paulo, metrô República. Aceitamos cartões de débito e crédito (Visa e Master).

quarta-feira, 10 de julho de 2013

PEDRO DU BOIS







TESTEMUNHO

Sou testemunha circunstancial:
não guardo mágoas
não transbordo
viajo em barco atracado
no cais da eternidade
(traduzo: espaço perdido
 no tempo confundido em lastro).

Avisto a terra conhecida e do alto
do mastro aviso aos navegantes:
terra entrevista
              terra até a vista.
 
(Pedro Du Bois, inédito)

LOBÃO









Lobão contra os lobos vestidos de cordeiro

Lobão *

Título Original: CARTA ABERTA AOS QUE PARTICIPARAM DA PLS129/12
Venho por meio desta carta aberta insistir em algumas perguntas que ficaram órfãs de respostas durante o período de implementação desse urgente, instigante e misterioso projeto de lei.

Perguntas que tiveram suas respostas negadas ou, simplesmente, ignoradas por esse grupo como se o restante da classe não existisse e que,ungidos por um direito divino, tomaram para si a sagrada incumbência de, num golpe só, salvar o direito autoral no Brasil, mesmo que para isso pagassem o alto custo de evitar o debate amplo com seus colegas tratando-nos de forma desrespeitosa e truculenta, nos enfiando  reformas profundas goela abaixo, designando uma insólita interferência governamental no funcionamento das entidades privadas de classe que administram os direitos autorais do país.
Gostaria muito de saber por que essa aventura assimétrica pela nossa exclusão e irresponsável pela associação com o governo vem acontecer justamente na hora em que a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação, vinculada ao governo federal e responsável pela execução musical em várias TVs e rádios públicas) está sendo posta no Judiciário pelo ECAD, pois não paga nem jamais pagou os direitos autorais devidos? A cifra já ultrapassa 1 bilhão de reais.
Fiscalização? Todos queremos mais fiscalização e transparência, mas como ter mais fiscalização e transparência com atitudes tão intrigantes? Colegas à procura de esclarecimentos foram ao encalço da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, do PT e do Senador Randolfe Rodrigues, do PSOL, e eles não souberam dar explicações mais detalhadas sobre a tal estatização.
Então a lógica seria essa: procurar o governo que nos é devedor e instalá-lo no nosso galinheiro para “controlar” a arrecadação? Não faz o menor sentido, principalmente sendo público e sabido termos um dos governos mais corruptos da história.
Quer dizer que a partir desse projeto, o Ministério da Cultura é que arbitrará as regras de gestão das associações, retirando dos legítimos titulares o direito de definirem como deverão ser administradas as associações que criaram? Isso é anticonstitucional!
A intervenção governamental em uma esfera privada fere a Constituição Federal que reserva ao criador intelectual, às suas associações de classe ou sindical, a exclusiva gestão e fiscalização do aproveitamento econômico de suas criações.
E toda essa festa acontecendo no momento em que o governo vem recebendo severas críticas populares, com manifestações de protesto de todos os espectros e de todos os feitios, numa queda de popularidade sem parâmetros na história brasileira. Num momento em que o governo, desesperadamente tenta enxugar seus gastos astronômicos, aparece no Ministério do Planejamento um organograma do novo órgão regulador, repleto de diretorias e com dezenas de cargos comissionados!
E tem mais... A promulgação da lei e a instituição deste critério causarão grande instabilidade no sistema de cobrança, podendo causar imprevisíveis resultados nos rendimento dos autores.
Gostaria muito de saber o que significa algo como: “...a cobrança será sempre proporcional ao grau de utilização das obras e fonogramas pelos usuários no exercício de suas atividades”. Como será aferido? O usuário vai executar primeiro e depois pedir autorização e pagar? Isso, pelo que tudo indica só favorece as rádios, TVs, telefônicas, grupos da internet.
Não sou contra modificações no ECAD, mas esse projeto nos congela como aconteceu com a famigerada OMB que não sai de cima desde 1960 (se acabarem com ela os músicos perdem direitos adquiridos na lei federal).
E não é por coincidência cósmica que um dos autores da PLS129 é Ronaldo Lemos, que trabalha na FGV, uma fundação que recebe rios de dinheiro da União e que representa no Brasil o Creative Commons e muitos outros grupos que não querem pagar nada.Todos esse grupos são muito ricos e muito agressivos, daí esse confusão toda: Como  nossos ilustres colegas vão se aliar àqueles que não querem nos pagar? Podem explicar?
Outro aspecto que não poderia deixar de nos intrigar é a ausência do jabá (propina paga aos usuários, rádios e TVS para execução massiva) nisso tudo: se existe esse ímpeto incontrolável de moralização da arrecadação, por que cargas d’água isso não acontece na seara da execução?
Sim, pois se temos uma execução fraudulenta, com 99% delas acontecendo sob a égide desse tenebroso JABÁ, como poderemos ter arrecadações não fraudulentas?
Por que esse item fundamental foi excluído? Por que o então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, acabou por engavetar um projeto de lei anti jabá que estava sendo redigido pelo deputado federal do PT (PE), Fernando Ferro, lá pelos idos de 2003? Isso faz algum sentido?
E faz algum sentido um ex-ministro da Cultura assim que deixa o ministério se beneficiar da Lei Roaunet para um projeto de um novo disco? E continuar se beneficiando ao longo desses anos com outros tantos estapafúrdios projetos assim como a maioria  esmagadora de seus colegas consagrados?
Conviver com essa realidade asquerosa é, no mínimo, constrangedor. Não é interessante perceber que o núcleo desse grupo que tomou a dianteira do PLS129/12 é justamente o mesmo que anda mamando na Lei Roaunet? Paula Lavigne, Flora Gil, Gilberto Gil, Caetano Veloso entre muitos...
É curioso verificar um grupo constituído por artistas tão chegados à Rede Globo, outra que está nos devendo milhões (o Roberto Carlos tem seu programa anual, os outros, com execuções massivas em telenovelas e alguns tantos, em negócios vários com a Globo Filmes), esteja com todo esse ímpeto de nos doar prometeicamente a alforria dos direitos autorais, quando, ao mesmo tempo, nos manda de forma imperiosa calar a boca sempre usando daquele cacoete sórdido de ridicularização do meu discurso e atacando a reputação de quem quer que venha causar algum tipo de obstáculo aos seus interesses pessoais.
E no episódio da numeração de CDs?

Recorri na época, de imediato, a Gil e Caetano por saber de nossas diferenças e por isso mesmo os coloquei a par do processo todo, obtendo a palavra dos dois em assinar o manifesto e caminharmos junto em benefício de um projeto histórico da nossa classe, de anos de luta e na semana seguinte, sem nenhum aviso, sem nenhum motivo aparente, os dois vão a público me defenestrar me chamando de maluco e.... comunista! Caetano escreveu um artigo dizendo que “não fazia parte daquela turma”. Lastimável. Isso não é atitude que se espera de um Homem.

Pois são essas mesmas figuras que protagonizam essa mais recente patuscada, que adentraram o Congresso Nacional com seus asseclas, desavisados e cupinchas, causaram frisson entre os senadores, conversaram a portas fechadas com o ilustre Renan Calheiros, posaram para a posteridade e depois foram beijar a mão de uma Dilma Rousseff que, incrédula e embevecida por receber apoio tão improvável em hora tão difícil , declara mui oportunamente ter se espelhado naquelas impolutas criaturas (no caso, Caetano Veloso e Roberto Carlos). Eles mereceram ouvir isso.
Além desse compositor que escreve essa carta, gostaria de deixar claro ao público em geral não se tratar de uma atitude isolada, solitária, como alguns podem imaginar. Somos muitos, entre veteranos e iniciantes, famosos e anônimos, todos profissionais da canção. Entre eles estão Aldir Blanc, Martinho da Vila, Paulo Cezar Pinheiro,Toquinho, Dory Caymmi, Carlos Lyra, Ferreira Gullar, Joyce, Beth Carvalho, Capinan, MPB4, Chico Cézar, Flora Purim, Airto Moreira, Maurício Einhorn, Antonio Adolfo, entre tantos outros.

E para encerrar, gostaria de dar voz a um autor anônimo que escreveu a sua contundente recomendação ao grupo:
Senhores artistas que participaram da campanha de aprovação da PLS 129:
Sou um simples músico e compositor brasileiro, não sou famoso, não apareço na tv e meu nome é apenas mais um entre milhares de outros que não fazem parte da constelação de grandes nomes da música popular brasileira que, essa noite, defenderam com tanto empenho a aprovação da PSL 129 no senado.
Quero lembrá-los, que os senhores tomaram uma decisão em nome de milhares de pais de família, trabalhadores que dependem exclusivamente da atual, insatisfatória ou não, arrecadação de seus direitos pelo ECAD. "Grandes artístas" não significa, como tentaram usar, "Todos os Artistas". Muita calma nessa hora ! Queremos mudanças. Mas também queremos SEGURANÇA !
Quero que fique bem claro que serão reconhecidos, aplaudidos e seremos eternamente agradecidos se realmente, essa luta de vocês refletirem em nossos demonstrativos. Por outro lado, serão, também, igualmente responsáveis por quaisquer prejuízos em nossos faturamentos e, consequentemente, em nossa já difícil sobrevivência. 
Hoje, no senado, foi difícil imaginar um representante legítimo da grande massa de autores e músicos que compõe o ECAD. Ali, vi grandes estrelas, grandes nomes da mídia, vi grandes ídolos. Não vi o compositor que perde noites em portas de hotel e leva tapa de seguranças brutamontes em filas de camarins; carregando o sonho debaixo do braço em forma de CD. Isso mesmo! Aquele CD com o nome e o telefone do compositor escrito na capa que vocês vivem recebendo. Não vi, ali, esse autor surrado sem visibilidade nos grandes meios de comunicação e que mesmo assim insiste no sonho de fazer música. Caros amigos, vocês não levaram para o plenário hoje, apenas suas convicções. Vocês levaram nossas famílias junto com vocês. Se apoderaram da nossa tímida voz. Então, durmam com essa responsabilidade, durmam com meus filhos, comam da minha comida e bebam da minha água a partir de hoje. Espero e rezo para que tudo melhore. Mas, se piorar, não verão o brilho de grandes estrelas como vocês. Mas sentirão na pele uma tempestade de pequenos grãos de areia que somos nós.
Boa noite.
Assinado: O primeiro grão de areia.
Bem, todos nós estaremos de olhos bem abertos em todos vocês...nós e a História.

* Artigo que o músico Lobão mandou com exclusividade para meu canal, como presente de aniversário por mim solicitado.NOTA DE AGRADECIMENTO AO  BRILHANTE ESCRITOR E ECONOMISTA RODRIGO CONSTANTINO

terça-feira, 2 de julho de 2013

ROBERTO ROMANELLI MAIA




 
 
 
 SOBRE PASSEATAS, MANIFESTAÇÕES E PROTESTOS
 
 
Não basta eliminar o câncer que toma conta dos galhos

porque é a árvore que está podre

 e precisa ser extirpada.



 
 
Quando tanto se fala em corrupção de forma genérica, a maioria esquece ou desconhece que ela não fixou residência apenas no governo, mesmo cientes e conscientes que ele é o  braço número um e o mais importante. No entanto, não podemos esquecer nem desprezar os  corruptores ativos, isto é, os grandes grupos de interesse, nacionais, transacionais e multinacionais, que atuam em paralelo nos gabinetes dos políticos, dos governos e dos governantes.

Esse fato, há anos constatável pelos analistas e estudiosos isentos, escapa à maioria das pessoas que discutem o assunto; a mídia não traz à baila a dimensão exta dessa realidade, por razões óbvias: são essas empresas que sustentam essa mídia e gastam fábulas de dinheiro em publicidade e propaganda, em nosso país.

Espera-se idoneidade moral de um político, mas ninguém quer encarar a realidade, que torna essa idoneidade  quase impossível de ser preservada, diante da atuação descontrolada dos grupos de pressão   atuantes em todos os níveis e que representam interesses econômicos ativos nas últimas décadas, no Brasil e no mundo. Ou alguém ignora que políticos isentos e honestos não recebem, durantes as eleições, os apoios financeiros e materiais necessários para se elegerem e evitarem o jogo político do “toma lá, dá cá”?

Desconhecer que muitas dessas empresas são maiores do que os países em que operam, é não ter a exata dimensão e a proporção dos impérios econômicos que estão por trás das suas decisões que objetivam apenas aumentar lucros, para satisfazer os executivos e os acionistas de cada uma dessas empresas.

Da mesma forma, quando se fala em transparência nas contas das empresas de transporte público, que  se revelam como pertencentes a uma real e efetiva máfia, há que se lembrar de que as campanhas municipais e estaduais são claramente dominadas pelo jogo atuante da corrupção das empreiteiras e das companhias de lixo e de transporte, dentre outras.

Mesmo em um nível local, fica claro que o político, por mais que finja não participar de negociatas, de caixinhas, de propinas e de vantagens diretas e indiretas, herda uma estrutura viciada por um sistema perverso de interesses, e dessa forma se vê envolvido nesse “jogo de ratos” onde ética e honestidade passam longe.

Nunca um político realmente digno e sério será convidado a ser patrocinado, para ganhar uma eleição, se ele se mostrar isento e honesto, através dos anos de sua carreira política, por não atender os grandes interesses dessas empresas e desses grupos econômicos.

Ontem, hoje e amanhã, é aceitável  numa agenda de cobranças plural e diversificada, protestos, manifestações e marchas “contra a corrupção”  contra aumentos de tarifas, e pela humanização do espaço público.

Mas uma profunda e autêntica reforma política deverá sempre visar, em primeiro lugar, identificar essa imensa rede de interesses escusos, verdadeiros buracos negros, que distorcem toda a estrutura política ao redor dos governos e dos governantes.

A concentração de dinheiro e influência das multinacionais e transnacionais propiciou e permitiu, no bojo de sua esfera de atuação, que hoje o mundo todo tenha perdido uma efetiva representação da vontade pública.

Um real controle a ser exercitado pelo cidadão, que encontra sempre as portas fechadas, quando se trata de transparência relativa ao dinheiro público  arrecadado pelo governo, fruto do pagamento dos impostos de todos os contribuintes, não acontece de forma séria e responsável, sempre apoiado em diferentes razões, justificativas e pretextos, que culminam com o descontrole das contas públicas e uma maior incidência de corrupção nos níveis técnicos e executivos dos órgãos governamentais.

Estranhável é o fato de que a maioria dos que levantam a bandeira contra a corrupção parece desconhecer que os grupos de interesse criam certos governos e montam algumas campanhas, manipulando, há décadas, todos os poderes, executivo, legislativo e judiciário, sem que uma revolução real tenha existido no Brasil.

Se tal realidade não é exclusiva do país, ela adquire aqui contornos e dimensões inimagináveis, culpando-se apenas pessoas e partidos, esquecendo-se de que os ufanistas e aproveitadores de plantão continuam a comprar seus carros e gadgets, ingerindo substâncias processadas com aparência de comida, vestindo e exibindo sua vaidade ideológica, sem que pareça existir uma luz no final do túnel.

Para tanto contribui em muito a visão do mundo , apresentada diariamente pela mídia que não comporta nem apresenta uma alternativa real de mudança desse quadro em que todos são somente números e peões.

No caso das máfias locais, não há como desconhecer que os prefeitos não são mais do que capatazes de segunda classe das empresas de ônibus, dos transportes em geral, das empresas ligadas ao lixo e das empreiteiras. Eles foram “financiados” e colocados nesses cargos exatamente para ouvir as nossas reclamações e os poucos protestos eficazes, pois sabem os grandes executivos que são eles, prefeitos e governadores, os melhores na arte de enganar, de iludir, de prometer e de manipular o “povo” a as situações que os conduzem ao desespero e desesperança.

Sim, esse é o objetivo para o qual  eles são apoiados e contratados, passando para os mais ingênuos a ideia de que foram eleitos democraticamente.

Por isso não creio que as manifestações no Brasil sejam especificamente brasileiras, já que elas estão claramente vinculadas a várias outras conturbações recentes pelo mundo todo.

Aqui, é claro, encontraram uma vasta população também preocupada com questões tipicamente brasileiras, como o passe livre, a redução das tarifas de ônibus, a PEC 37, Renan Calheiros e a ideia da “corrupção” como um deslize moral, o que de fato é. Só que, no caso brasileiro, ela assume características históricas, endêmicas e epidêmicas.

Sim, elas resumem uma pauta brasileira e são reais e justas. Porém, o próprio foco no governo, nos governantes, nas instituições, e assim por diante, é, se examinamos com cuidado, relativamente inócuo, pois a corrupção dos governos e dos governantes ocorre às margens da lei.

Ela age de forma aparentemente “legal”; não é privilégio brasileiro: é generalizada.

No Brasil, é claro, ela é mais visível, exposta; mostra  sua cara de forma mais declarada e explícita.

A corrupção, no caso brasileiro, nasce da própria realidade das estruturas políticas, sociais e culturais, existentes.

Nossas instituições são permissivas e permeáveis, repletas de buracos negros corporativos com poderes absolutistas.

Exemplo da tal fato é o financiamento público dos eventos esportivos, quase sempre compartilhado com bancos privados, empresas de bebidas, de carros, de combustível e de cigarros, entre tantas outras.

Esse processo de financiamento que permite “maracutaias” diversas,  conduz à certeza, através de uma analise primária, que prefeitos e governadores, deputados estaduais e vereadores, deputados federais e senadores,  por  sua associação e submissão, direta ou indireta, à iniciativa privada, são em sua maioria  representantes e fantoches vinculados a esses interesses.

Quanto ao interesse público, ele é representado somente na medida e nas situações em que ele não afeta o interesse das corporações. Mais do que isso, não são pessoas poderosas que estão no comando verdadeiro dessas empresas; são algoritmos contratuais, determinações legais que afetam dinâmica e permanentemente qualquer autodeterminação que uma das partes humanas poderia ter, como um programa de computador rodando legislação por cima das vontades humanas, até  mesmo as dos participantes.

Se fossem apenas pessoas, seria muito mais fácil, mas as “pessoas sem alma” criadoras e construtoras dessas legislações que permitiram e incentivaram esse algoritmo já morreram todas.

Apesar desse fato, o algoritmo segue rodando, em ritmo cada vez mais intenso e contínuo.

Se, ironicamente, somos todos vítimas dessa realidade aviltante, da mesma forma que na rua somos todos constrangidos e torturados pelos engarrafamentos causado pelo lobby das empresas automotivas, pior é desconhecermos como acontece com tantos, a exploração de nossa consciência e dos valores ligados a nossa autodeterminação e a liberdade pessoal que conduzem a maioria a se vender por um emprego e por um cargo, em busca de um carro de marca novo, do ano.

Algumas vezes acredita-se que corporações, como a Nestlé, a Coca-Cola, os Hipermercados, as empresas de cigarros e de bebidas, etc, são formadas por pessoas dotadas de liberdade e de livre arbítrio em suas decisões empresariais, mas  de fato elas são apenas pessoas que almejam engordar seus lucros, a todo custo. São  acionistas e CEOs que, em certo sentido, ainda são classificados como seres humanos, mas que são incapazes de ferir ou de contrariar as diretrizes e as legislações que moldam as suas ações e decisões que objetivam buscar, para suas empresas, sempre mais e mais lucros e benefícios.

O que une esses elementos, bem pouco humanos, de forma simbiótica, as suas empresas, são os algoritmos contratuais, aos quais todos os participantes estão atados, e sob os quais nem mesmo podem tomar decisões que prejudiquem a companhia naquele ano fiscal.

E mesmo que se situando dessa forma, tal modo de agir e de proceder causasse algo como a destruição do mundo, por exemplo, nada seria alterado porque dentro do quadro interno da empresa,  por necessidade, o fim do mundo seria visto como um mero fato de externalidade.

Sim, vivemos cercados pela ilusão e pela falta de conhecimento, fomentada por sucessivos eventos esportivos oficiais, apoiados e endeusados pelos governantes em todos os níveis, e pela imprensa, de que para países e governos eles são ou poderiam ser relevantes. Exemplo: o Brasil é a pátria do futebol, etc.  Justifica-se, dessa forma, que se gaste cerca de 40 bilhões de reais para que um mega evento desse esporte se realize em nosso país.

Na verdade tais  espetáculos e o teatro que os cerca, criado pelos governos, em todos os níveis, são orquestrados pelos interesses de algoritmos frios, que não se revelam, nem aparecem de forma clara para a maioria do povo brasileiro. 

E quer queiramos ou não, os protestos e as manifestações atuais trazem disfarçados em seu bojo uma critica feroz ao  capitalismo, de forma geral.

Mas a maioria dos seus participantes apenas constata e entende que é antiética e indecente a concentração de renda, nas mãos de um reduzido número de indivíduos. No entanto, esse é um problema menor e secundário, comparado à concentração de influências das grandes corporações.

Essas grandes concentrações de poder e de dinheiro em contratos que criam empresas multinacionais e pessoas transnacionais que não mais pertencem a um país, desprovidas de ética e de consciência, não são benéficas para ninguém e estão a minar e a derrubar  o próprio capitalismo.

A inexistência de uma legislação que permita algum grau de controle real, penalizando seriamente os responsáveis legais humanos pelas ações da corporação, traria uma certa melhoria no quadro atual, onde  a “pessoa” responsável é um contrato, que não vai para a cadeia, e a quem multas (em geral irrisórias) não “doem no bolso”.

Dessa forma a corporação segue, como uma engrenagem cega e avassaladora que é, consumindo o planeta e submetendo os seres humanos a todo tipo de pressão.

Como, por exemplo, fazer com que bilhões vivam como sardinhas em bolhas de lata por várias horas por dia, na direção do ganha-pão nos funis viários.

Fazer com que esses bilhões comam lixo em embalagens coloridas, apoiado por uma publicidade e um entretenimento e lazer vazios, que criam, defendem e cultivam exatamente um mundo e aspirações onde o consumo faz mais sentido do que qualquer outra coisa.

Consumo do que, exatamente?

De carros, em especial.

Então não é chegada a hora H de meditarmos do por quê não se reage contra tudo isso? De nos questionarmos, se  precisamos de mais infraestrutura para carros particulares, ou  se está na hora de incentivarmos o transporte coletivo?

Assim, vejamos e nos convençamos de que esses protestos e manifestações não são por 20 centavos a mais, em uma tarifa de ônibus, mas por algo muito mais importante e fundamental que é a  reconquista do espaço pelos seres humanos.

Não o espaço sideral, e sim o espaço das ruas.

Há que se abandonar ou eliminar de forma definitiva e rápida essa  ideologia do consumo propagada por algoritmos sem coração, que conduz e leva alguns humanos desavisados a se  prostrarem, a se torturarem respirando um ar de péssima qualidade, de ter que se locomover por artérias urbanas entupidas, tendo por consequência  corpos e mentes torturados e entorpecidos.

Não será essa realidade o tão esperado apocalipse zumbi?

Por outro lado, as redes sociais, uma forma de consciência coletiva, que ninguém ainda entende direito, orquestram em resposta outro espetáculo: as manifestações.

Entre a organização popular e a venda de muitas máscaras de Guy Fawkes e bandeiras do Brasil, espera-se já a reação previsível e estratégica das grandes corporações, que mais do que nunca sentem a necessidade urgente de protegerem os seus ganhos através de seus processos automatizados. Seus algoritmos, eternamente famintos de lucros, impedem que elas, seus executivos e acionistas, tenham qualquer tipo de ética ou de consciência.

Ironicamente, nem mesmo as redes sociais escapam de tal realidade, visto que elas  também  são corporações.

Mas em meio a toda essa desordem, pode ser que possamos nos aproveitar e usar esse fato como uma brecha para reconhecer e eliminar o poder de todos esses monstros.

Como contraponto, além do possível acirramento da violência e do caos urbano, está a luta pela manutenção de uma consciência pessoal e popular, livre e engajada.

E se não soubermos realizar  uma crítica construtiva, relativa ao  capitalismo, em especial aos fatores que, a olhos vistos, saíram de controle e impedem a chegada e manutenção de qualquer ética no setor público, não chegaremos a nenhuma representação verdadeiramente livre e democrática da vontade pública.

Essa questão se faz presente e está viva para muitos dos que de fatopensam esse país, e os seus macro e micro problemas.

Ainda mais: esse conceito da “pessoa corporativa”, que permite que algoritmos sem consciência operem acima da vontade de todos os participantes humanos, dentro e fora das empresas, não pode mais ser aceito por esse capitalismo selvagem, nem para o funcionamento das empresas.

Interesses comerciais, industriais e financeiros extremamente concentrados não podem mais ser aceitos nem ignorados;  deverão constituir a principal agenda e o alvo principal de protestos, manifestações e passeatas em nosso país, por serem prioritários, em busca de um destino melhor que desejamos para nós, brasileiros e para o Brasil.

ROBERTO ROMANELLI MAIA



 
DEUS E OS ANJOS EXISTEM!
Roberto Romanelli Maia (*)
 
Em meus sonhos os anjos existem.

E os vejo sempre a meu lado, como se me protegessem a cada instante.

Sem trégua, nem descanso.

São visíveis; irradiam uma luz suave que a tudo ilumina, sem deixar restias de escuridão.

São anjos do bem, que se preocupam em me ensinar como viver, ser, sentir, pensar e amar.

Eles dialogam entre si e eu os escuto, com incansável atenção.

De quando em vez dirigem-se a mim e demonstram sua clara desaprovação
quanto a alguma ação ou decisão que eu  tenha tomado.

Não são controladores, nem censores. São observadores.

Nada deixam passar.

Observam cada detalhe de minha vida; sei que poucos se apercebem de suas presenças nos orientando,
acalmando e trazendo paz e amor, infinitos.
 
Quando recebem orientações do Ser Supremo eles me levam até Ele para que possa sentir sua real presença.

Não me conduzem até Ele para ser julgado, ou para sofrer reprimendas, mas para ouvi-lo falar
para os bilhões de espíritos e de almas que o cercam.

Suas palavras são de incentivo, de graça, de fé, de esperança, e ao mesmo tempo abrem uma porta
para a salvação de todos os humanos e não humanos que Nele creem.

Quando retorno dessas viagens atemporais me sinto outro, pronto para seguir meu caminho
e cumprir melhor minha missão.

Certa vez perguntei, em uma das minhas visitas ao Senhor,
se não professar uma determinada religião ou denominação religiosa seria algo reprovável ou condenável.

Obtive como resposta um ensinamento que marcou a minha vida e definiu meus caminhos na Terra.

O Ser Supremo disse: “Filho, religiões foram e são feitas pelos homens, para darem respostas humanas para os humanos.
Para aqueles que creem em mim Eu Sou a Luz, A Verdade, o Começo e o Final dos Tempos.
Sou aquele que criou o universo, para que todos os seres viventes possam conviver em paz e harmonia,
tendo o verdadeiro amor em suas vidas.
Não sou, filho, O Deus de todas essas religiões humanas que desconhecem o  verdadeiro Deus”.

Nada mais precisou me dizer. Tudo estava registrado e entendido!

Voltei para nosso planeta!
 
 
(*) Roberto Romanelli Maia é Escritor, Jornalista e Poeta há 40 anos.
Possui mais de 4000 poemas, contos, crônicas, artigos e mensagens
publicados em jornais, revistas, portais, blogs e sites na Net
 
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