sexta-feira, 25 de abril de 2014

LEILA MÍCCOLIS



CAMPOS
À Adriane Garcia
Matadouros e açougues
me lembram demais
o horror de Auschwitz
com gente abatida
qual animais...
Leila Míccolis

quinta-feira, 24 de abril de 2014

NOVO CD DE FERNANDA TAKAI



Na Medida do Impossível
18/03/2014
A mineira Fernanda Takai dispensa apresentações. A cantora firma-se cada vez mais como uma das maiores vozes da música nacional, seja em seus trabalhos solo ou à frente do Pato Fu. Esse ano ela lança o seu primeiro álbum com composições suas, “Na Medida do Impossível”, produzido por John Ulhoa e lançado pela Deck.

O disco é composto por 13 faixas, entre inéditas e regravações, além de boas surpresas e parcerias inusitadas. Entre elas estão faixas escritas com Pitty (“Seu Tipo”), Marina Lima e Climério Ferreira (“Quase Desatento”) e Marcelo Bonfá (“De um Jeito ou de Outro”). Nas participações especialíssimas estão Zelia Duncan, que canta com Takai “Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme”, famosa na voz de Reginaldo Rossi, Samuel Rosa em “Pra Curar Essa Dor”, versão de John Ulhoa para a música de George Michael “Heal the Pain”, e Pe Fábio de Melo, na canção “Amar como Jesus Amou” (Pe. Zezinho), que ganhou uma versão eletrônica moderna feita pelo produtor japonês Toshiyuki Yasuda. Ainda estão no álbum “Doce Companhia”, versão feita por ela para uma música de Julieta Venegas e regravações de Benito di Paula (“Como Dizia o Mestre”) e Renato Barros (“A Pobreza”).FONTE:http://deckdisc.com.br/

FERNANDA TAKAI



BAIXE E OUÇA “SEU TIPO” DE FERNANDA TAKAI


O portal Natura Musical oferece para download legal e gratuito com exclusividade a música Seu Tipo, single do quarto disco da carreira solo de Fernanda Takai, que será lançado em março. 

“Tinha muita vontade de chamar a Pitty pra compor comigo. Finalmente aconteceu! Fazia tempo que eu não escrevia algo novo e ela também. Funcionou como o nosso catalisador pra voltar à composição”, comemora Takai. O novo álbum da vocalista do Pato Fu, “Na Medida do Impossível” (Deck/Natura Musical), foi selecionado pelo edital dedicado à produção musical mineira do programa Natura Musical em 2013.

“Há quase dez anos a cena mineira está no foco do Natura Musical e para nós é uma alegria muito grande poder participar desse momento da carreira da Takai, que é uma das artistas mais atuantes e contemporâneas da música produzida em Minas”, diz Fernanda Paiva, gerente de apoios e patrocínios da Natura.
fonte:www.naturamusical.com.br

A MORTE DE UM AMIGO



Escrevo sobre a vida cultural em Araçatuba,desde os anos 80. E fico sabendo que o escritor e colega JOSE ANTONIO  SILVA faleceu na última quinta-feira. Nos conhecemos aí por volta de abril de 1980, ele morando perto da Pça. São Joaquim,rua Wandenkolk. Trabalhava em cartório, lia muito, adorava os pré-socráticos,textos de VIRGÍLIO; leu GRANDE SERTÃO: VEREDAS, de  Guimarães Rosa/ Flaubert/Balzac e muita gente desta estirpe. Isso era raro em Araçatuba, naquela época, entre jovens beirando os 22 anos de idade. Por isso me aproximei dele,graças também ao amigo TARSO.
JOSÉ ANTONIO, escrevia seus contos datilografados e passava-os para minha apreciação -trocamos vários textos e opiniões ao longo de uns 5 ou 6 anos,até eu me mudar para Marília/sp. JOSÉ ANTONIO era um homem simples, humilde, inteligente, de bem com a vida. Lembro-me quando a casa dele foi tomada por um incêndio pavoroso nos anos 80, e ele se mantinha firme, forte, com esposa e filha, não se deixou abater pela tragédia. Liamos STRINDBERG, e diversos autores tidos como malditos em literatura. Fumava demais, disse a ele que parasse com aquela chaminé que lhe saia pelas ventas. Dava de ombros, por ser jovem, nos considerávamos intermináveis nos anos 80. Certa vez, diante de mim, ele enaltecia trovões assustadores que ressoavam sobre nossas cabeças - dizia que amava a força da natureza, a fúria das trovoadas e punha-se a dançar debaixo de chuva - Passávamos horas conversando sobre literatura,a vida, os amigos recentes,as perdas. Depois que fui para Marília, eu o encontrei poucas vezes, a vida tomava outros rumos para mim, fui reencontrá-lo trabalhando em escritório de advocacia perto do prédio da CIRETRAN, ainda fumante, agora apreciava os cachimbos. SEMPRE espirituoso, sempre achei que embora fumante, fosse viver por longos anos - Mas em verdade, acho que ele viveu intensamente o que desejou,e isso é o que importa,querido amigo JOSE ANTONIO  SILVA.
everi rudinei carrara/site telescopio.vze.com

quinta-feira, 17 de abril de 2014

CELIA MUSILLI/CLAUDIO WILLER



Há uns dois anos li os poemas inéditos de Claudio Willer que compõem o livro “ A verdadeira história do século XX.” Na época, fiz um texto com minhas impressões. Segue um trecho, acho que combina com este momento, quando acaba de ser lançado o filme “Claudio Willer, poesia em estúdio." Segue um fragmento do meu texto e o link do vídeo.
Imagens sobre imagens
“São poemas para se ler num só gole, eles nos chamam. Depois voltamos para uma segunda, terceira leitura para tentar apreender significados mínimos, filigranas de palavras e seus sentidos. “A verdadeira história do século XX” traz a respiração de um livro invisível e também se abre para o que é visível em nosso tempo: afetos e angústias, nas imagens que se sucedem nos cinemas, eclodindo em nossas cabeças como um chamado também ao filme interno. Você diz: “cinema, seu verdadeiro nome é confissão” e nossas impressões se ampliam. Não estamos sozinhos nesta sala, as vozes se somam, como se Reichenbach, Hitchcock e Bergman fossem interlocutores nos ensinando a ver os símbolos de perto, com o devido respeito também ao que não se revela. A arte sempre terá sentidos obscuros.
Fazer poemas sobre filmes é como um relato de sonhos, psicanálise delicada. Você tão artista quanto os diretores, como se fizesse o filme sobre os filmes, revestindo de camadas a eficácia estética. Das imagens à sintaxe ganha a poesia. E nosso olhar se derrete como “montanhas de manteiga ao sol.”
Depois ainda há um salto para dentro de emoções singulares. Entram o poeta surrealista e o poeta beat. O primeiro trançando cabelos e pensamentos sobre as cidades, poeta urbano dos monumentos sentimentais construídos com as musas, tantas, como num passeio de mãos dadas com uma galeria feminina. Nenhuma tem nome, todas são poesia, o tempo é subvertido, não há passado nem futuro, tudo corre num presente inapreensível, um tempo líquido, mobilidade sôfrega ainda em linguagem de cinema. Mas é a vida que passa, em cenas surreais sem o crocodilo de Pierre Schöller porque não há propriamente angústia. O exercício é lírico, de uma liberdade surpreendente, com a beleza acachapante dos colírios de palavras.
Vem o poeta beat, celebra o sexo e as orgias silábicas, a transgressão pelo corpo e pelo verbo, a construção de um mundo novo que ficou nos parques e nas praias, nos acampamentos onde havia tempo para o por do sol e o levantar da lua. Leviatãs do risco, magos da ousadia estética misturada à vida, experimentalismo na própria pele.
Poema depoimento, poema testemunha, poema como a respiração que buscamos de olhos fechados para abrir as portas da percepção. Sobretudo, a síntese de um grande caleidoscópio filosófico. Eis minha impressão sobre o livro.
Você agradece ao diretor de Persona por lhe dar a chance de criar o “mais hermético dos seus poemas.” Eu te agradeço por não te decifrar inteiramente. A arte sempre terá sentidos obscuros.
Célia Musilli.
O filme Claudio Willer, Poemas em Estúdio" acaba de ser lançado no Portal Cronopios. Traz a força da poesia de um mestre nas leituras deNatalia BarrosCelso de AlencarPaulo Sposati OrtizMaria Leite e do próprio Willer. A produção é de Valdir Rocha, com direção, pesquisa musical e montagem de Pipol Cronopios
LANÇAMENTO ONLINE. AGORA NO CRONÓPIOS.
http://cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5819

sexta-feira, 11 de abril de 2014

GUSTAVO DOURADO/CORDEL PARA JOSÉ WILKER









Leiam a versão completa do Cordel para José Wilker, por Gustavo Dourado, que estará disponível em papel na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura - Brasília, no estande da Academia Taguatinguense de Letras

Cordel para José Wilker
Por Gustavo Dourado

José Wilker foi embora:
Um ator "felomenal"...
Teve grande amor à vida:
Um personagem central...
Destaque na televisão:
Quintessência teatral...

Nasceu em Juazeiro do Norte:
Cearense, nordestino...
Em 1946:
Começou o seu destino...
Foi locutor de rádio:
Um intérprete cristalino...

José Wilker de Almeida:
Um grande ator brasileiro....
No começo, um figurante:
Teleteatro primeiro...
TV Rádio Clube - Recife:
Um trabalho pioneiro...

Em Um Bonde Chamado Desejo:
A primeira aparição...
Peça de Tennessee Williams:
Mestre da elaboração...
Fez papel de cobrador:
Com excelente atuação...

Movimento Popular de Cultura:
Arte contra a opressão...
Como ator profissional:
Teve a iniciação...
No Partido Comunista:
Dialética no Sertão...

Realizou documentários:
Sobre cultura popular...
Direção de espetáculos:
Antes do Golpe Militar...
Com Eduardo Coutinho:
Fez a arte de filmar...

Wilker interrompido:
No inicio da ditadura...
Foram tempos de terror:
De tirania obscura...
Tortura do pensamento:
Burocracia e censura...

Saiu de Pernambuco:
Para o Rio de Janeiro...
Sociologia na PUC:
O teatro vem primeiro...
Deixou a faculdade:
Pra atuar no tabuleiro...

Morte e Vida Severina:
Presença espetacular...
João Cabral de Melo Neto:
Deu o mote pra atuar...
Teatro Jovem, Opinião:
Wilker, ator invulgar...

Em 1968:
Revolução era o tema...
O Arquiteto e o Imperador da Assíria:
No Teatro de Ipanema...
Com Fernando Arrabal:
Deu um choque no sistema...

Gabriela, de Jorge Amado:
Foi Mundinho sedutor...
Em filmes de Cacá Diegues:
Bye Bye, Brasil, um primor...
Conquistou vários prêmios:
Molière de Melhor Ator...

Dona Flor e Seus Dois Maridos:
Vadinho erótico em ação...
Corpo Santo, Anos Rebeldes:
Agosto, Os Ossos do Barão...
O Fim do Mundo, Bem Amado:
Insensato Coração...

Atuou em Xica da Silva:
Teve a vida como tema...
Como Antônio Conselheiro:
Em Canudos, um dilema...
José Wilker com maestria:
Fez da vida um poema...

Roque Santeiro impecável:
Com a viúva Porcina...
Muitos amores na vida:
Renée, Cláudia e Guilhermina...
A Dias Gomes dissecou:
Com atuação cristalina...

Viveu o doutor Herbert:
Novela Amor à Vida...
Trama de Walcyr Carrasco:
Em sua longa avenida...
Rodrigo, em Anjo Mau:
Foi fecunda a sua lida...

Alquimista teatral:
Artista de trato fino...
Fez Tenório Cavalcanti:
E o Coronel Jesuíno...
Ator de alta qualidade:
Tinha alma de menino...

Sai de Baixo, A Falecida:
Era mestre no humor...
Um craque na narrativa:
Do Oscar, apresentador...
Wilker foi magistral:
Um fenômeno como ator...

Bandeira 2, TV Globo:
O Bofe, Caso Especial...
Cavalo de Aço, JK:
Veia e verve teatral...
Fundou o grupo Chegança:
José Wilker atemporal...

José Wilker dramaturgo:
Pensamento criador...
Teatro, cinemagia...
A verve de escritor...
Artesão da infinitude:
Um ativista do Amor...

Romance à flor da pele:
Sapiência do cordel...
Astúcia de saltimbanco:
Fez da arte, leite e mel...
Transmutador da imagem:
E fôlego de menestrel...

Roque Santeiro proibida:
Pela Censura Federal...
Aprovada na Abertura:
Um sucesso sem igual...
Ditadura nunca mais:
Liberdade essencial...

Giovanni Improtta, um marco:
Em Senhora do Destino...
De Aguinaldo Silva:
O tempo ruge felino....
Wilker fenomenal:
Artista diamantino...

Presença em 60 filmes:
Foi crítico e diretor...
Gostava da narrativa:
Era apresentador...
Em dezenas de novelas:
Destacou-se como ator...

Deixo aqui na poesia:
Minha singela homenagem...
Ao grandioso ator:
Que segue a sua viagem:
Pelas sendas do destino:
Além da Terceira Margem...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ênio José Toniolo



MARÇO DE 1964
Em março de 1964 eu era calouro na Universidade Federal do Paraná. Vivi tudo. O governo Jango (em quem eu tinha votado) era fraco e confuso; a corrupção corria solta, embora menos ostensiva que hoje;  greves pipocavam por toda a parte; a inflação beirava os 90% e o PIB diminuiu 2% num ano. O país andava devagar, quase parando. A maioria do povo e da imprensa praticamente imploravam a derrubada do governo, e a conspiração foi de início encabeçada pelos civis: governadores Lacerda, Ademar, Menegheti e Magalhães Pinto.  Ney Braga, da esquerda católica, ficou em cima do muro o quanto pôde. A população saiu ordeiramente às ruas,  nas imensas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. As fotos estão aí, nas coleções de jornais.  As Forças Armadas saíram dos quarteis quando os janguistas começaram a quebrar a sua disciplina.
Dia 31 (e não primeiro de abril, como às vezes inventam) o general Mourão Filho desceu de Minas, deu a partida,  e o castelo de cartas desmoronou sem um tiro sequer. Os “defensores do povo”,  que juravam estar prontos a morrer por ele,  pegaram suas malas de dinheiro e refugiaram-se nas embaixadas e nos países vizinhos.  Fala-se na ajuda ianque; mas no enfrentamento com a URSS leninista, que esperar dos Estados Unidos?  Que aplaudissem a provável vitória  vermelha no Brasil?  Ora, não sejamos tão ingênuos!
Os desfiles de agradecimento às Forças Armadas, nos primeiros dias de abril,  foram monumentais e mostravam de que lado estava a opinião pública.   Mas esperava-se que a intervenção militar fosse cirúrgica e de pouca duração, já que os governadores, vários deles candidatos à presidência, ansiavam pela eleição de 1965. Nada feito: os generais gostaram do poder, ou desconfiavam dos civis.
Começaram os ataques gerrilheiros e terroristas, com a desculpa de “retorno à democracia”. Pura propaganda enganosa. A escola deles, no sentido literal e figurado, era a ditadura cubana, onde vários deles estagiaram – e fizeram cirurgia plástica...  Claro que houve prisões, torturas e mortes. Era uma guerra, e pouco limpa. As luvas de pelica ficaram no tempo dos Três Mosqueteiros. Quem realmente pelejou pela redemocratização foi o PMDB. E, quisessem ou não, deu nisso que está aí.
No balanço: de dois males, devemos escolher o menor. Em 1932, São Paulo merecia torcida contra Getúlio; em 1939, os Aliados eram melhores que o Eixo;  em 1964,  os militares eram preferíveis à República Sindicalista em gestação.
 TELA: SALVADOR DALÍ
Ênio José Toniolo