quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MÁRCIA SANCHEZ LUZ









Madrigal

© Márcia Sanchez Luz




















Quero-te ao som do silêncio,
quero-te à sombra da estrela;
quero-te, amor, sem parelha!
Como te quero, endoideço!

Quero-te tanto e mal penso
que te querer me congela.
E este querer sem cautela
me faz viver sonho imenso.
Quero-te assim, como eu quero
que este querer não acabe!
Por ti, meu bem, não pondero

e mesmo nem considero
se em nossa vida não cabe
o amor que tanto eu espero.

BIXIGA REVISITADO


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ROBERTO ROMANELLI MAIA








NO BRASIL, NA ESCOLA NÃO SE APRENDE

ROBERTO ROMANELLI MAIA
ESCRITOR, JORNALISTA E POETA

Mentem e mentem acintosa e despudoramente, quando afirmam que você irá aprender algo de útil e de precioso na atual escola brasileira, em todos os níveis.
Mentem seu pai, sua mãe, as professoras e todo mundo. E não é por mal: eles realmente ainda acreditam nisso.
Mas as mentiras não param por aí;  várias outras serão transmitidas ao longo da sua vida, incutindo dentro de você um programa que roda sem parar dentro de sua cabeça. Programa esse planejado, criado e desenvolvido para manter a maioria de nossa população em níveis mínimos de exigência globais, que permitem à maior parte das elites e das classes dominantes manter o “status quo” possibilita o controle e o domínio real dos cidadãos do Brasil.
Esse processo de massificação da ignorância, através de falsos ou de precários conhecimentos, e da falha iniciação cultural, começa, é claro, na escola. Você aprende meias verdades e muitas mentiras, além de condicionamentos negativos. Pior: preparam você para ser “obediente, pacífico, politicamente correto, etc", para não questionar nem reagir, mesmo quando necessário.
Esse sistema tenta mostrar que resistir é inútil, deixando claro, desde o começo, que muito pouco ou quase nada pode ser alterado por você, mesmo que acompanhado por outros.
Pode-se espernear à vontade, mas, no outro dia, você terá que voltar porque “aprender” no Brasil é se sentar e ouvir:  nada  semelhante a criar ou a ser livre.
Sim, você está sendo preparado, diariamente, para acreditar que alguém, lá em cima, é quem sabe e quem decide por você.
Claro que não se discute nesse artigo afirmações como essa: a teoria ensina muito mais que a prática, porém a maioria de nós está ciente que certos conteúdos são importantes, como a matemática, a física, a história e o português.
O que questionamos está no fato de que inexiste o interesse, entre outros, em ensinar música, artes, etc., como se tais assuntos não possam ter valor e relevância na nossa vida adulta.
Vende-se a falsa concepção de que a competição faz mais sentido que a cooperação, e que se fizermos tudo direitinho, conforme previsto por outros e pelo sistema, seremos recompensados, bem sucedidos e felizes.
Claro que nada disso é verdadeiro, contudo diante dos condicionamentos que foram realizados o estrago está feito.
Depois de anos na escola, saímos devidamente condicionados e prontos para seguir e reproduzir  sistema. Esse, em que vivemos, hierárquico e baseado essencialmente, nas entranhas do sistema, na manipulação, no poder e no controle.
No livro Hierarquia, Augusto de Franco desenvolve uma metáfora à Matrix, dentro de um contexto e de um sentido macro social.
Conta que essas pessoas  que reproduzem comportamento semelhante, os que aprendem na escola de hoje, deformam completamente o campo social em que vivem:
“Elas acham que o mundo social só pode ser interpretado por meio de um conjunto de crenças básicas de referência, que tomam por verdades evidentes por si mesmas, axiomas que não carecem de corroboração.
Exemplos dessas crenças são:
– o ser humano é inerentemente (ou por natureza) competitivo.
– as pessoas sempre fazem escolhas, tentando maximizar a satisfação de seus próprios interesses materiais (egotistas).
– sem líderes destacados não é possível mobilizar e organizar a ação coletiva.
– nada pode funcionar sem um mínimo de hierarquia.”
Ocorre que desde muito cedo, agimos com base nessas crenças comuns e nada científicas, de forma a reproduzir uma realidade deformada.
De fato, o que ocorre é que, em conjunto, estamos perpetuando uma cultura patriarcal europeia, onde continuamos  inseridos.
Humberto Maturana, neurobiólogo chileno, desenvolveu um estudo profundo da criação e da reprodução dessa cultura, no livro Amar e Brincar: Fundamentos esquecidos do humano, e ele afirma:
“Em nossa cultura patriarcal, repito, vivemos na desconfiança da autonomia dos outros. Apropriamos-nos o tempo todo do direito de decidir o que é ou não legítimo para eles, no contínuo propósito de controlar suas vidas. Em nossa cultura patriarcal, vivemos na hierarquia, que exige obediência.
Afirmamos que uma coexistência ordenada requer autoridade e subordinação, superioridade e inferioridade, poder e debilidade ou submissão. E estamos sempre prontos para tratar todas as relações, humanas ou não, nesses termos. Assim, justificamos a competição, isto é, o encontro na negação mútua como a maneira de estabelecer a hierarquia dos privilégios, sob a afirmação de que a competição promove o progresso social, ao permitir que o melhor apareça e prospere.”
É por aí, mas nem tudo está perdido!
Estamos diante de um período intenso de transição, que envolve a passagem de uma sociedade hierárquica para uma sociedade em rede, prestes a descobrir que essa sociedade, que começou a se apresentar há duas décadas, funciona baseada em uma outra lógica de abundância e de cooperação onde, nós como seres sociais que somos,  reconhecemo-nos e ajudamos, em um ciclo de trocas constantes.
Custamos a acreditar nela porque suportamos, desde pequenos, o “programa pré estabelecido” pelo patriarcado e pela hierarquia que nos tenta convencer, todos os dias, que somos meros números e figuras passivas, de cabeça baixa, diante do poder e da autoridade que nos é imposta.
Com o exemplo das escolas, vislumbramos o malware que opera na nuvem social; é através desse mesmo exemplo que enxergamos o começo de uma revolução.
Embora poucos, vemos alguns que já começam a questionar esse sistema tradicional de ensino, sempre presente há décadas, e o que entendemos por escola.
Todos nós pensamos em mudanças, alternativas e novos meios de ensinar e aprender.
São esses questionamentos que deveriam mostrar uma ideia clara para os políticos, governos e governantes: eles devem assimilar e entender que não são só as escolas que estão sendo questionadas, mas toda uma estrutura politica, social e econômica que existe em nosso país.
Ninguém quer mais, se puder de fato ser livre para decidir, que nesse novo milênio só seja autorizado a reproduzir e a obedecer.
Queremos ter outras opções e mais liberdade pessoal e coletiva, para pensar e decidir por nós próprios.
Queremos ter o direito de questionar o que nos dizem, trilhar nossos próprios caminhos e criar novos.
Isso se reflete na crise do ensino tradicional, nos antigos modos de trabalho e nas estruturas das grandes corporações.
Não estamos falando de entidades separadas, mas interdependentes que se integram sob várias formas.
É chegada a hora de entender que aprender é sinônimo de inquietude; a ideia fundamental contida nessa afirmação é constatar que muitos já começam a abandonar os empregos seguros, para embarcar numa outra lógica e num outro caminho de vida, onde a qualidade supera o mero conceito de um consumismo desenfreado, de abundância ou de uma eventual escassez; de colaboração, ao invés de competição. De um conhecimento mais livre, diversificado e não, engajado, ao invés daquele pronto, programado, limitado e encaixotado.
Sim, aprender  nada tem a ver com essa escola brasileira, tradicional, conservadora e falida, que não se transforma nem se atualiza, permanecendo imune às mudanças que o tempo e o desenvolvimento humano trouxeram e incorporaram, já inserida, aproveitadas e desenvolvidas nos sistemas sociais, políticos, econômicos e educacionais de outros países.
Tem a ver com gente, com encontro, troca e conexão. Tem a ver com aquela fagulha que faz nascer e surgir coisas boas e novas, para que essas possam vir à tona. Que desperta uma vontade grande de descobrir algo mais, conhecendo mais e mais pessoas diferentes, não enquadradas nem cooptadas pelo sistema, em busca de novas opções, referências, alternativas e possibilidades.
Frequentar novos lugares, procurando novos desafios de vida. Começando um outro livro, ou escrevendo um poema de vida, que retrate de fato sentimentos, emoções e sensações reais e não aquelas de ocasião.
Aprender é abrir  um mundo de possibilidades, que fará você mudar de óculos para enxergar aquilo  que não enxergava antes.
É o que fará você preparar-se para viver, ser, pensar, sentir e amar mais do que pode conseguir em qualquer aula, na atual escola brasileira.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

LANNY GORDIN

lanny gordin, na capa da guitar player,um dos maiores guitarristas do mundo!!
cortesia:lanny gordin e cris.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MAURÍCIO A. NEGRI








SANIDADE
 

E passo a escrever a loucura que me é cedida
A loucura que outrora foi voluntária
E que agora é sedada
É semente de minha vida
Que germina a sanidade
Cessar de pensar
Quando penso, ela, para
E dá lugar à minha alma mal fadada;
De pensar que a loucura foi sedada
Cede o lugar ao pensamento
Que às vezes voluntariamente, pensa que é loucura
E cessa de pensar
A minha boca cede
A inteligência que me foi cedida
Germina minha sanidade.
 
Mauricio A. Negri
TELA: salvador dali, the face of war.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

GUIDO BILHARINHO









GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Síntese do Mundo
Guido Bilharinho

                Depois do grande romance do século XIX, de Balzac, Stendhal, Dostoiévski, Flaubert, Tolstoi, Machado de Assis, Eça de Queirós e poucos mais, e, ainda, de Proust no início do século XX, tudo levava a crer que nada semelhante e, muito menos superior, poderia ser feito no gênero, tal o nível alcançado por esses autores em suas melhores obras. Até hoje Dostoiévski é julgado por muitos o maior romancista do mundo.
                Contudo, cada período é diverso do anterior e isso justamente pelos avanços e desenvolvimentos proporcionados pelo que o antecede. Assim, no romance. Nada pode ser considerado, no caso, esgotado ou insuperável, tanto porque a sociedade humana vai-se modificando, resolvendo velhos problemas e criando outros e,  com isso, apresentando sempre novas situações, como a ciência, até fins do século XIX, adstrita apenas ao físico, ao material e ao externo, a partir daí, com Freud, adentra os íntimos e recônditos refolhos da natureza humana. Porém, com ideias ou necessidades já ocorrentes, bastando ver que no ano em que Freud publica seu primeiro livro, 1895, Aluísio Azevedo, no Brasil, com o romance Livro de Uma Sogra, quase certamente sem conhecer a obra freudiana, já tenta a abordagem psicanalítica de suas personagens.
                Se a genialidade de Dostoiévski vasculha o ser humano, revelando e mostrando a multivariedade de suas atitudes e reações, só depois do advento de Freud é que os romancistas têm elementos para entender e desvendar as motivações comportamentais, explorando o inconsciente humano, do qual o consciente, ao que se sabe, não passa da ponta do iceberg. Por sua vez, a vida moderna, a cada momento mais complexa, sugere e propicia novos temas e enfoques aos autores. Aí surgem, além de raros outros, Kafka, Thomas Mann, Faulkner e James Joyce, este promovendo, ademais, uma renovação da linguagem, tão radical e fundamental, que, depois dela, em qualquer país, corre o risco de estar alijado da literatura (prosa e poesia), quem com ela não se sintonizar de alguma forma.
                Passada também essa geração de grandes romancistas universais, nada fazia prever, ainda mais num país periférico, mesmo que no de Machado de Assis, o aparecimento de um ficcionista do mesmo ou de maior nível que aqueles. Mas, eis que, no Brasil, quando o romance, após a eclosão e realizações das duas grandes correntes, a social e a intimista, despontadas no início da década de 1930, está num impasse e, principalmente, o romance regionalista parece esgotado e superado, surge Guimarães Rosa (Cordisburgo/MG, 1908 - Rio de Janeiro/RJ, 1967), primeiro com os dois volumes e as sete magníficas novelas de Corpo de Baile (1956), obra cuja unidade não deveria ter sido desdobrada em três livros e novos títulos como foi, e, depois, no mesmo ano, com o extraordinário Grande Sertão: Veredas (1956), uma das grandes obras-primas do romance universal, comparável, e superior em muitos aspectos, ao que de melhor e de mais sofisticado produz, no e em qualquer gênero, o engenho e a arte a que se refere Camões.
                Esse romance monumental, partindo de época certa e área determinada, palco da trama, transcende essas coordenadas limitadoras para projetar-se num tempo indistinto e num espaço universal. Sua realização é tão grandiosa quanto a aventura humana na superfície do planeta. Nele se cruzam e se entrecruzam, em vastas proporções, os sentimentos universais da humanidade em geral e do indivíduo em particular. As mais diversas correntes de pensamento encontram-se numa única personagem e suas ideias, sentimentos e emoções são comuns à totalidade dos seres humanos, em todas as eras e espaços, desde o fundo abismal dos tempos e da solidão, temores e perplexidades do homem primitivo.
                O meio ambiente e o aspecto físico das personagens são tenuamente delineados. O sertão dos gerais e o rio Urucuia constituem, apenas, o palco mágico de cenas quase fantasmagóricas do desenfreado cangaceirismo das hordas de jagunços. As personagens, silhuetadas mediante pinceladas sem tinta, não podem ser imaginadas em seus próprios aspectos, mas, somente por meio de seu sentir e modo de agir. Os sentimentos e pensamentos do jagunço Riobaldo, protagonista do romance, é que são tematizados e suas ações não significam mais do que a corporificação de suas ideias.
                Riobaldo é o homem universal, que conta a hipotético ouvinte, no linguajar rude dos sertões e na linguagem indefinível e joyceana do romance (de espantosa criatividade e excepcional eficácia), suas atribulações e sua amizade com Diadorim, a grande surpresa do livro. Somente por si, a presença dessa última personagem e o desfecho inesperado de seu drama compõem outro fio de romance, se não o mais saliente, pelo menos, o mais patético dos três “romances” de Grande Sertão: Veredas: as lutas desumanas, Riobaldo e sua visão da existência e a sentimentalidade poética de Diadorim. São três fios destacados, além de outros, com que Guimarães Rosa constrói seu grande sertão, síntese do mundo.
(do livro Romances Brasileiros – Uma Leitura Direcionada. Uberaba, Instituto Triangulino de Cultura, 1998).
______________________
Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, história do Brasil e regional.

FÁTIMA QUEIROZ






FÁTIMA QUEROZ

VICTOR MANUEL GUZMAN






PAIXÃO ARREBATADORA






Você é a realização barragem
meu oceano de paixão
mas basta uma pequena abertura
pressão para a minha sensibilidade
difícil que túnel inundado profundo
levando a sonhar sonhos
o lugar atemporal, onde não
move-se mas não pára
mas as mudanças é a mutação
Aprender com o passado
 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

LANNY GORDIN

Capa da Guitar Player número 200, edição comemorativa, de dezembro de 2012.
Nesse número consta uma reportagem que fala detalhadamente sobre o cd do Lanny com a participação desses músicos maravilhosos.
— com Sergio Dias.

LANNY GORDIN







Esta foto é de Edwaldo Aud de Lima, show do Lanny com Pepeu e Carlini, no Sesc Belenzinho, em 30 de novembro de 2011.
Este show, o primeiro de uma série de outros em diversos Sescs gerou um cd que será lançado em breve. Cris.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

JOÃO ROSSETO






João Rossetto, Caio Lopes (bateria), Marcelo Sanches (guitarra), Davi Indio (baixo eletrico e acustico) e Natan de Oliveira (trompete e trombone) apresentam: "ATÉ VOCÊ ME ACHAR", julho/2013. Além do disco, algumas releituras estão programadas.

-Para ouvir e baixar gratuito: http://www.amusicoteca.com.br/?p=8241

-VIDEO RELEASE DO DISCO: http://www.youtube.com/watch?v=uV0Rhkm_1og

Serviço:
BAiXO
Rua Bela Cintra 483
Show: João Rossetto - Até você me achar
Data:01/08 quinta-feira
Porta: 19h / Show 23h
Entrada: R$10 lista/ 15 porta
Forma de pagamento: Dinheiro ou cartão
Acesso para deficientes físicos