sexta-feira, 31 de agosto de 2012

NEIL FERREIRA

Digo eu: Deu zebra !
Neil de alma lavada Ferreira

Mensaleiros levam sova histórica e tremem na base, acho que Dirceu  O Inocente ronda a Embaixada de Cuba.  João Paulo Cunha, deputado corrupto do PT, toma goleada de 9x2.  Para mim, deu uma zebrona.  
Lá na minha Cerqueira Cezar, pobre de temas locais espetaculares , rica de tias velhas cheias de sabedoria, como eram as irmãs mais velhas do meu pai, havia um indesmentido  postulado de sabedoria popular que afirmava: “De urna e cabeça de juiz, nunca se sabe o que vai sair”.  Desta vez saiu uma zebraça.
 Zebra, além do bicho listrado, é o que saiu das cabeças dos Ministros do STF, dando  a um time modesto, que tinha como capital apenas a maior torcida do Brasil,  a oportunidade de  ganhar de maneira  inesperada e de goleada, de um time grande, rico, recheado de supostos  craques e que, suspeitava-se, teria a maioria dos juízes e bandeirinhas nas algibeiras.
Só como exemplo de como a coisa pintava ser afradescendenta, um atacante deles, em completo impedimento,  entrou  livre na área e marcou  um gol totalmente  irregular. Os bandeirinhas olharam de lado e o gol valeu, foi o segundo que eles marcaram – e parou aí, thanks God. Thanks God nada, thanks Juízes cheios de saber jurídico e de olho nas Tábuas e Letras da Lei
A Mensaleirada danou-se como eu não esperava, ninguém esperava. Tenho certeza de que o que veio surpreendeu a torcida toda nas arquibancadas, numeradas, numeradas cobertas e camarotes. Na geralzona, a torcida do “país dos mais de 80%” nem sabia que estava havendo jogo, pensava que já tinham vencido a peleja “ontem”, não tomaram  tento nem com o foguetório soltado na confirmação da derrota deles.
9x2, como eu havia previsto pra eles, como não foi;  e não pra nós, como foi. Nunca um erro tão crasso me deixou tão feliz.
Eu fazia uma conta paranóica mas com certa lógica. O Personal Creator da Estaferma nomeou seis Capas Pretas, a Estaferma, cria indiscutível do Personal Creator, nomeou mais dois, o que soma oito.
Até as escolas públicas que ensinam com base no livro “Nós pesca us peixe”, introduzido sob o patrocínio do brimo Haddad,   “u mió Ministro da Hinducassão que eçepaíz já teve”, conforme  afirmação do nosso maior especialista em Educação, PhD pela Universidade do ABC,  são capazes de resolver esta questão  de Matemática Pura:
 “Onze, que é a  soma total dos Ministros, menos oito nomeados pelo Personal Creator e por sua cria, a Estaferma, são três”.
Donde, este  trouxa aqui, arvorando-se em dotado de sabença em Física Quântica, Direito Penal e Cabeças de Juízes, escreveu várias vezes neste espaço: 8 x 3 pros Mensaleiros.
Leitores e amigos se admiraram da minha capacidade de voyeur do futuro próximo e com a desconfiança de que iriamos tomar uma lavada. Não tomamos; demos.  
Com a fama subindo-me à cabeça, depois de ler entrevistas das Excelências naquele “patois” que só eles mesmos entendem,  sem que os jornalistas se dessem ao trabalho de traduzi-las em benefício dos pobres de espírito como este locutor que vos fala, mudei minha conta de 8x3 para 9x2 pros Mensaleiros. Acertei na mosca na contagem, errei as moscas.
Como se sabe, chutei 9x2 pra eles; como se sabe, deu 9x2 pra nós. Se eu treinar mais e melhorar a pontaria, como o faz Rogério Ceni para mandar as cobranças das faltas diretas ao gol, espero acertar na contagem de novo, mas do lado certo. A ver.
Meus amigos e demais torcedores do mesmo time, otimistas, preveem um dominó - - caiu João Paulo Cunha, um vai derrubando o outro, até que caiam todos, inclusive Delúbio, Genoíno e Dirceu O Inocente. Data Venia e com o devido respeito a Vossas Excelências, duvido e tenho minhas razões, espero que errando  de novo.
Pensando o impensável, como fazem os pesquisadores diuturnamente, chuto a Teoria do Boi de Piranha: e se o Deputado Corrupto João Paulo Cunha foi apenas o boi jogado ao rio repleto de piranhas (nós), para que o devorássemos mais à jusante, para que toda a boiada passasse ilesa mais à montante? Absurdo ? Tomara. Mas não mais absurdo do que, a meu ver, esses 9x2. “De urna e cabeça de juiz...” etc etc.
Ficou mais do que provado que o Mensalão existe, ao contrário do que alguém falou ao New York Times; os Mensaleiros podem pegar cana; “Caixa Dois” não é mais “só” crime eleitoral, pois não importa para aonde vai grana suja, importa de onde veio. O corolário é: Nem os mais poderosos podem fazer tuo o que quiserem.
Dirceu O Inocente deve estar  suando frio, eu estaria se fosse ele, mesmo sendo  apenas o “Capitão do Time”. A lavagem da imundície não chegará ao Presidente do Clube, aquele que segundo Dirceu O Inocente “sabia de tudo o que eu fazia”.
Um passo está sendo dado. Um pequeno passo para a humanidade,  um grande passo para o Brasil. Há STF no fim do túnel.

Acendeu-se uma luz, é certo. Mas por mais veloz que a luz seja, a escuridão sempre chega antes.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

EFIGÊNIA COUTINHO

CORTEJO DO DESTINO
Efigênia Coutinho
 
 
Ponteiros viram rápidos ás estações!
Amanhece o dia, a hora cresce...
Outubro em frente ao mar... Emoções!
Vai lépido a girar todo Universo... Em prece.
 
 
À noite entoa, à toa, bela e rara
A canção da Lua prateada e clara,
E a noite adormece. Desperta o dia!
Na matinal frescura, a Lua se escondia.
 
 
Fugidio é o Tempo, que finge passar.
Em cada momento eu tento afrouxar
Os segundos, enganando meus dias!
Estico-os tanto, que emano alegrias...
 
 
Qual Humano já comprou no Mundo
Um pedaço de Tempo?! Qual é o segredo?
Por mais que cortejo o Destino, não mudo.
Será por medo que não há folguedo?...
 
 
Balneário Camboriú
 

MYRIAM MACEDO

PUNIÇÃO JUSTA E EXEMPLAR
Apesar de Lula continuar insistindo em dizer que o mensalão não existiu, os ministros do STF estão provando brilhantemente que houve, sim, escandalosa operação de desvio de dinheiro público para a compra de aliados do PT. Assim, se Lula desdiz o que ele sabe ter existido - e que está mais evidente do que nunca -, até porque logicamente ele foi o maior beneficiário, mostra sua pouca habilidade política. O mato dele está sem cachorro, essa é a verdade, pois a coisa aparenta estar caminhando bem e parece que a "pizza" vai ficar para a próxima. Como todo brasileiro, espero que desta vez não fique somente na condenação e que os culpados sejam punidos exemplarmente, da forma correta, da forma justa, para que se inibam atos de corrupção futuros. E para que o dinheiro público seja resguardado dos tradicionais pilantras e cafajestes que o tiram do povo de forma impune e voraz. Sem falar do cinismo. Aos ministros que entenderam isso, minha admiração! Myrian Macedo r São Paulo
tela: ticiano

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PERDAS/APOSENTADOS







Prezados Amigos da SINTRACOMOS:
Nos, os aposentados do RGPS, vibramos com a intenção de vossas senhorias em promover no país, uma greve de advertência, para chamar a atenção do governo federal, contra a nefasta perversidade que vem sendo praticada contra os velhos de cabelos brancos. Não deixem por favor a ideia esfriar. Façam pelo amor de Deus que seja analisada pelos pilares éticos e morais que ainda existem no país, a necessidade premente de sermos respeitados. Não queremos benesses mas sim que nossos direitos constitucionais sejam respeitados. O que praticam contra a nossa classe é um condenável preconceito e uma criminosa discriminação. Cobrem da Câmara dos Deputados que nossos PLs 01/07, 3299/08 e  4434/08 escondidos nas gavetas daquela Casa, sejam colocados na pauta de votação, respeitando a vontade da outra Casa Legislativa, o Senado Federal, onde tais projetos já foram aprovados com unanimidade.

Anexo para uma profunda analise, um gráfico estatístico, onde está demonstrado todas as reais perdas sofridas pelos aposentados, que recebem acima do salário mínimo. Em 1996 e 1997 ainda tivemos reajustes com índices de correção acima do percentual dado ao salário mínimo. Já a partir de 1998 começou a nossa desdita (dois percentuais diferenciados na correção dos benefícios), sendo os nossos índices de atualização dos proventos, sempre inferiores aos do salário mínimo, resultando-nos uma perda acumulada até hoje de 73,58%

Atenciosamente,
    Almir Papalardo.








(somente para aposentados que ganham acima do salario mínimo)  












FERNANDO HENRIQUE CARDOSO












ANO SALARIO MINIMO REAJUSTE SM REAJUSTE APOSENTADO PREJUÍZOS












1998 R$ 130,00 8,33% 4,81% -3,52%



1999 R$ 136,00 4,62% 4,61% -0,01%



2000 R$ 151,00 11,03% 5,81% -5,22%



2001 R$ 180,00 19,21% 7,66% -11,55%



2002 R$ 200,00 11,11% 9,02% -2,09%



SUB TOTAL FHC: 54,30% 31,91% -22,39%












LUIZ INACIO LULA DA SILVA












ANO SALARIO MINIMO REAJUSTE SM REAJUSTE APOSENTADO PREJUÍZOS












2003 R$ 240,00 20,00% 17,71% -2,29%



2004 R$ 260,00 8,83% 6,62% -2,21%



2005 R$ 300,00 15,38% 6,35% -9,03%



2006 R$ 360,00 16,67% 5,01% -11,66%



2007 R$ 380,00 8,57% 3,30% -5,27%



2008 R$ 415,00 9,21% 5,00% -4,21%



2009 R$ 465,00 12,05% 5,92% -6,13%



2010 R$ 510,00 9,67% 7,72% -1,95%



SUB TOTAL LULA: 100,38% 57,63% -42,75%












    DILMA ROUSSEFF    












2011 R$ 545,00 6,86% 6,47% -0,39%



2012 R$ 622,00 l4,13% 6,08% -8,05%



SUB TOTAL DILMA 20,99% 12,55% -8,44%  











TOTAL GERAL 175,67% 102,09% 73,58%



         





















terça-feira, 28 de agosto de 2012

ANIVERSÁRIO DE IVONE VEBBER

Ivone Vebber (Caxias do Sul – RS) e seu COM/FUSÃO



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PATRÍCIA RAPHAEL

Noite

Noite alegre
Noite vibrante
Junto ao meu amor
Nos teus braços me entrelaço

Não resisto a tua batida
Nem teus lábios vulcânicos

Entretanto acalenta o meu fogo
Insano, insano e profano.

Quisera um dia
Dizer sim
Ouvir a tua voz
Provocando-me.
Em uma virada sem fim

 Patrícia Raphael é poetisa em Itajaí 

 

ENTREVISTA COM LUIZ ROSEMBERG FILHO


“ Há muito tempo sinto vergonha, por ter sido, mesmo que de longe, mesmo que de boa-fé, também eu, um assassino. Por isso, decidi recusar tudo aquilo que, de perto ou de longe, por boas ou más razões, faça morrer ou justifique que se faça morrer. “

                                          ALBERT CAMUS

                              “AFEIÇÕES E DESENCANTOS “ 

1 – Por que o cinema e não as artes-plásticas, o jornalismo ou qualquer outro ofício?

r – Talvez o cinema por poder trabalhar com o imaginário sem a obrigação de estar fazendo a coisa certa. Você pode criar uma história nova tanto para o presente, como para o passado, ou mesmo para o futuro. O cinema se não é livre, criativo e poético vira televisão, clipe ou até mesmo publicidade. E aí é lixo, né? Infelizmente, lixo no sentido da criação.  E no baixo uso do lixo quem defende e até goza, são os Partidos políticos, a TV e as religiões de resultado que já estão nas telinhas. É o horror virando mercadoria para consumo. Lamentavelmente temos que sobreviver e não posso condenar aquele que trabalha na publicidade ou na TV. O que eu me permito criticar é o sujeito fazer um cinema publicitário ou televisivo. Cinema nunca foi uma coisa, nem outra.

2 – O Cinema Novo ajudou ou atrapalhou a geração de vocês?

R – No início com “Deus e o Diabo”, “Vidas Secas”, “Os Fuzis”, “Terra em Transe”, “Matraga”, “O Bravo Guerreiro”, “Opinião Pública”, “O Padre e a Moça”... nos foi fundamental e referencial como abordagem e postura. Já o seu fim me parece assustador pois virou autoritário, patronal, burocrático e de direita defendendo até a polícia, o bufão do governador e até o prefeitinho sem carisma. Mas...como não defender ainda hoje Nelson Pereira, Glauber Rocha, Joaquim Pedro, Ruy Guerra, Leon? Ainda vivos com talento só resta o Nelson, o Ruy e o Capovilla. O resto a palavra já está dizendo. Pena pois poderia ter sido diferente pois inicialmente pareciam ser mais humanos e criativos. Viraram velhas cartas dentro do baralho mofado. Múmias, né? Tô me referindo aos poucos ainda vivos.  

3 – Valèry dizia que “a arte vive de constrições e a morte de liberdade”. O que você acha disso?

r -  Eu sou obrigado a concordar. Mas seria melhor viver de liberdade. Foi na mais ampla liberdade interna que se fez filmes como “Bang-Bang”, “Um Filme 100% Brasileiro”, “Jardim de Guerra”, “Perdidos e Malditos”, “A Mulher de Todos”, “A$suntina das Amérikas”... Jóias de um tempo de resistência real ao fascismo. Nossos filmes provavam que existia censura, entre outras coisas. Lamentavelmente o cinemão aliou-se ao poder,e o mercado e venceu. E hoje temos talvez o pior cinema do planeta. Claro que para os eternos baba-ovos, é a nossa Idade de Ouro. Só que fazendo m.... e apoiando as novas “otoridades” do circo Brazil! O que se pode esperar daí? Apenas espetáculos pobres e autoritários pois são vendidos como primorosos. Só que não se pagam na bilheteria. “Paraísos Artificiais” se pagou? E o novelão do “Heleno”?  Vive-se na verdade um “cinema” de pilantragem! Mas talvez se descubra no Brasil, via TV aliada a publicidade um novo ciclo: o da pilantragem! 

4 – O cinema e a imagem eletrônica podem ter a mesma força?

r -    O cinema é hoje a mão direita da comunicação. Já a imagem eletrônica é uma rica possibilidade de oposição ao fascismo que volta a  dominar o mundo, e por tabela o cinema. Mas...nunca fiquei preocupado com isso. Sempre achei que a técnica sem a história ou a poesia, só pode reproduzir a ideologia dominante. E para ver m... eu fico em casa tentando ver a TV. E que talvez seja uma droga muito pior que o crack ou a cocaína. Dopa sem questão alguma. Mas a não questão é a questão fundamental da dependência. E convenhamos: toda droga não é um instrumento bélico a serviço do capital e da ordem? E porque nunca se fala que a TV sendo uma droga, serve ao poder e as religiões?

5 – O que mais o incomoda na constante acrobacia dos financiamentos?

r – A burocracia e o fascismo que se esconde nela. As comissões. Os patético Editais. A arrogância dos “podres poderes” da República. A eterna pilantragem das verbas públicas, dadas sempre as mesmas múmias e seus filhotes, desde 64... Ou seja, nunca muda nada. Mudar para quê, né? Não acham as múmias que o nosso cinema vive numa Idade de Ouro? Mas fazendo o quê? Curiosamente todos os filmes se parecem, saído da fornalha da Globo. E existe algo mais nocivo e hipócrita que a Globo no cinema? Tudo e todos reflexos da pilantragem patronal. Lixo, né?

6 – Já mais velho, você sente saudades de algum outro momento do passado?

r – Eu nunca gostei de viver de passados. Reconheço o seu valor, mas fui adiante com mais de 40 trabalhos. Queiramos ou não, o progresso nos impulsiona para o futuro. A questão é: como será ele? Como se representará “Antígona” ou mesmo Strindberg? Como será vivido o humano no ano 3001? Terá tido fim a pobreza das nações? E as guerras terão terminado? Mas... sinto falta sim dos velhos amigos que me foram fundamentais como Mario Carneiro, Echio Reis, Nelson Dantas, Renato Coutinho, Joaquim Pedro, Novais Teixeira, Glauber... Sinto muito pelos que se foram. Os melhores, né? Vive-se hoje, aqui nessa falsa Idade de Ouro, um vazio assustador. Uma multiplicidade de fascismos incivilizados e bárbaro. Tenho nojo de ver essas múmias nos piores jornais do planeta, ou na TV. Estão lá bostejando as suas arrogâncias. Na verdade porcos no chiqueiro das elites.

7 – Você foi muito criticado por pessoas próximas, por ter defendido filmes de alguns cineastas odiados pelos mais jovens. Como você justificaria isso da tua parte?

r -  Errei, né? Errei em ter defendido dois filmes do Cacá, e que vistos algum tempo depois, meus críticos estavam com razão: eram filmes fracos! E de certo modo, sempre foi um cineasta menor. Até escrevia direitinho, mas filmava mal. Mas...quis ser cineasta e sempre teve cobertura na burocracia e nas verbas palacianas. Mas nem por isso tornou o seu cinema referencial como Glauber, Rogério ou Joaquim Pedro. Já o Jabor tem pelo menos três filmes que eu gosto muito: “O Circo”, “Opinião Pública” e o “Tudo Bem”. Mesmo a sua “Suprema Felicidade” que é não é um grande filme, tem lá suas pequenas qualidades. Não me arrependo de tê-lo elogiado, e não é um Cacá, né? E eu não misturo o Jabor cineasta com o jornalista de um jornal conservador, ou reacionário como queiram. Ele é bem melhor que o jornal em que escreve. Mas mesmo como jornalista quando escreve sobre cinema é bom. Já quando escreve sobre política, deixa lá os seus furos.

8 – O que você acha de ser colocado pelos críticos Jairo Ferreira e Fernão Ramos, como sendo um cineasta do Cinema de Invenção?

r -  Me creia, eu nunca me preocupei com isso e sempre fui contra clubinho fechado. Glauber em Paris ficava puto comigo por eu não me achar fazendo parte de grupelho algum. Essa divisão foi a maior imbecilidade de todos os tempos pois só fortaleceu o mercado, e deu no que deu. E claro que somos todos responsáveis! Na verdade não se estava lutando por um cinema mais ousado e criativo, e sim pelo poder. É curioso mas a moda pegou e agora tem um novo clubinho do Cinema de Garagem. Qualquer dia vamos ter o Cinema dos Cemitérios! E os coveiros estão a cata de novos defuntos para que possam justificar os seus salários.

9 – Que filmes e cineastas te marcaram mais?

r -  Filmes são muitos e não poderia apontar só: “Persona”, “O Ano Passado Em Marienbad”, “Mãe e Filho”, “O Leopardo”, “Pierrot Le Fou” ou “Terra em Transe” pois o número é muito maior. Fico então com os seguintes cineastas, lá fora: Welles, Godard, Bergman, Visconti, Kubrick, Resnais, Losey, Wajda, Sukurov, Straub, Bertolucci, Rivette, Nicholas Ray, Antonioni, Rossellini, Pasolini, Tarkowski.... Aqui dentro: Glauber, Santeiro, Joaquim Pedro, Tonacci, Joel Yamaji, Ana Carolina, Coutinho e a garotada furiosa que está chegando e que são originalíssimos. Poderia citar o Abelardo de Carvalho, Leonardo Esteves, Marcelo Ikeda, Ruan Posada, Joel Pizzini, Arthur Frazão, Isabel Lacerda, Fabio Carvalho... Claro que me refiro as pérolas da resistência ao nosso eterno fascismo.   

10- Por que você ultimamente resolveu falar de você, e se apresentar como personagem e até ator?

r – Eu não sou, nem nunca fui ator. Quanto ao personagem, é interessante você se observar no Outro, sendo uma imagem sem representação alguma. Me observo um pouco como se estivesse diante do analista. E é curioso se observar sem nenhum tipo de máscara ou representação. E o que fiz foi uma espécie de cine-diário. Aos 70 posso fazer o que bem entendo. E não tô fazendo com dinheiro público, e sim com o apoio de doces amigos que me acompanham desde a juventude. E não me arrependo de nenhum filme feito. Talvez se tivesse um pouco de dinheiro poderia os ter feito melhor. Mas como nunca fui baba-ovo da burocracia e do poder, fiz o que pude do nada. E sempre com muito cuidado para não virar  múmia  para o programa do Amaury Jr ou espetáculo para a TV.  

11- E do Mercado, o que você tem a falar?

r -  Sempre me permitir achar que resiste uma falsa compreensão do conceito de mercado. Ele não precisa ser só o lixo de “Os 2 Filhos de Francisco”, “De Pernas Para o Ar” ou “Cilada.com”, “Cidade de Deus” ou as “”Tropas das Elite”. Aí é lixo, né?  Meu conceito de mercado é “Macunaíma”, “Estômago”, “Tom Jobim”... O trabalho com o lixo quem faz é a Comlurb, e até parece que o faz bem. Penso que é preciso desmistificar esse conceito de quanto pior, melhor! Isso é ignorância e fascismo. Pode até servir ao poder e a TV, não ao cinema. E menos ainda a poesia. Se é que a poesia ainda é importante! Muito raramente eu a vejo no nosso cinema. Pena.

12 – Existiu em algum momento, ou existe ainda generosidade e afeto no mundo do cinema?

r -  Não. Nunca existiu. O cinema foi sempre um campo de guerra, com todos lutando pelo poder. E quando alguns poucos lá chegam, só fazem merda. Tornam-se até fascista e passam a defender lixo, repressão, prostituição e horrores. Mas... onde foram parar? Na televisão mais conservadora e reacionária do país. E a defendem como se fosse o útero angelical de suas mães. O afeto é uma coisa mais séria e profunda que a luta pelo poder. Com o afeto goza-se! Com o poder matam-se os sonhos e a própria vida.

13- Por que você foi sempre avesso a participar de festivais, premiações e até cerimônias feitas para você?

r – Nunca aceitei muito bem essa exposição sistemática a uma espécie de festividade reinante, onde o cinema como postura ou linguagem é o que menos importa.  Gasta-se muito dinheiro público com esses eventos e cineastas como Fabio Carvalho, Sergio Santeiro, Tonacci, Ricardo Miranda, José Sette, Marcelo Ikeda...não conseguem filmar com um mínimo de dinheiro. E repare como esse circo dos grandes eventos com verbas públicas comporta tudo: das mulheres frutas a vedetinha da TV que entrou ontem e já se acha atriz? Eu teria vergonha de ser entrevistado no Copacabana Palace, por uma perua afetada da sociedade. Nossos mundos são totalmente diferentes, e eu não teria nada a dizer aos seus possíveis telespectadores. A perua até ganha para fazer o seu papel de “inteligente” e “profunda”. Agora o outro não ganha nada e sai se achando o rei da merdinha previsível. Não fui educado para isso, e tem questões mais sérias a serem enfrentadas. Por que nesses eventos festivos não se levanta a questão da burocracia e da ocupação dos nossos espaços no cinema e na TV? Quem está por trás das verbas oficiais? Como podemos aceitar calados editais burocratizantes? E a quadrilha da Ancine que trabalha para os mesmos de sempre também burocratizando tudo, com a quadrilha sendo bem remunerada. Não estão ali pelo cinema brasileiro e sim pelos bons salários.  E nos ditos festivais, falam alguma coisa? Falar implica em se comprometer e isso pelo visto morreu com o Glauber. Prefiro ficar na minha e falando o que eu penso quando tenho espaço.   

14- E como crítico o que você foi fazer nela?

r -  Nunca me considerei um crítico. Eu sempre escrevi sem a preocupação de ser um crítico. E tirando o Paolo Emílio, o Jaime Rodrigues, o Alex Vianni, o Jairo Ferreira, o Rogério Sganzerla, o Sergio Santeiro, o Celso Marconi, o Carlos Guimarães de Mattos,  o Gustavo Dahl... eu raríssimamente leio uma crítica, pois vivo metido em livros, projetos e afetos.  O tempo depois de certa idade conta e é cruel pois passa muito rapidamente. Ainda ontem eu tinha vinte anos e lutava por um país que não aconteceu. Não por nossa culpa, mas pelas religiões, Bancos, Partidos, mídia e políticos. Eu sou mais um cineasta que escreve o que vai saindo sem a preocupação e rigidez necessária a um bom crítico.  Pô, eu não fui elogiar um filme fraco como o “Orfeu” do Cacá? Se fosse um critico criterioso não o elogiaria nem no inferno! Reconheço aí um grande erro. Mas na época achava que poderia interferir e melhorar a ação do Outro sobre o cinema. Errei, né?  Também nunca fiz questão de ter a generosidade do Paulo Emílio. Ele segue sendo único, e seus copiadores são humanamente pobres, poderosos e lamentáveis. E pior: fascistões colloridos, emplumados pelo poder!  

15- Tendo feito “Deserto’ no final do ano de 2011, que significado tem esses novos “Fragmentos”? Não é uma insistência um tanto egóica da tua parte voltando a aparecer falando muito sobre a dor?

r -  Depois do “Deserto” fiz um filme muito duro sobre as péssimas relações de trabalho, no Brasil. O trabalho como fonte de alienação, repressão e humilhação. O trabalho como elevação do horror! É um filme  que me foi muito duro. Por sorte dividido com amigos como o fotografo Renaud Leenhardt, o montador Antonio Ecki e a leitura do José Carlos Asbeg. Com “Fragmentos” volto ao “Deserto” para colocar um ponto final nessa injustiça chamada angustia e o envelhecimento. Digamos que essa burra encenação da felicidade na velhice, é uma peça mal escrita sobre a morte. De egóico não tem nada pois está além dos meus muitos medos, e mesmo do cinema que faço. É um depoimento que foi saindo sem ensaio ou um roteiro prévio. O filme foi sendo procurado a medida em que era feito. O que o texto diz, saiu exatamente como foi sendo escrito: como um tango onde a dança está ausente e a encenação foi sendo procurada entre raízes e imagens soltas e criadas ao acaso, como no curta “O Inventário” de Audrey e Arthur Frazão. Mas já estou com  outro  rodado, mais bem humorado, sobre o conceito do Espetáculo, com um texto lido por uma linda menina chamada Gabriela Rosa, filha do talentoso Juan Posada que  defendi na Revista Moviola em  “O Estado de Exceção”, um filme para que se tente entender essa convivência da sociedade com a repressão e a morte.  

16- Você não acha “Fragmentos” um texto muito fúnebre fixado na dor e na derrota?

r – Fúnebre é a política dos Partidos, e do país. “Fragmentos” ainda que um tanto pessimista, é um pequeno espaço de liberdade e de prazer. É uma outra dimensão de associações livres para com as imagens. Concordem ou não, não tem a mínima aproximação com as caricaturas vendidas pelo mercado. É um trabalho onde a complexidade está na simplicidade, sem ser simplório em nenhum momento. E to nele exposto como sou: como uma contradição! Todo mundo de um modo geral sabe bem o idiota em que se deixou transformar. Eu ainda tenho lá as minhas dúvidas. Mas...continuo abertamente crítico aos fascismos de fora e de dentro.

17- E como as pessoas reagem a este tipo de trabalho pessoal?

r -  Como conseguirem chegar nele. Podem não gostar que não serão chamadas de burro. Eu nunca fiz merda para o público. Acostumá-lo com isso, é o que o mercado vem fazendo insistentemente. Mas porque o mercado não pode ser sensível e inteligente? Pó que é na burrice que exerce o seu poder de fogo? E claro que você pode querendo, trabalhar filmes melhores para o mercado. “Estômago” e “Tom Jobim” foram belos exemplos recentes de filmes de mercado, sem o mínimo momento de pobreza. Faturaram e foram belíssimos.

18- Existe uma nova geração favorável a um Cinema de Invenção, como defendia o teu amigo e crítico Jairo Ferreira?

r – Bem, os bostas vão sempre existir! Mas vão existir também inventores como Ana Carolina, Leonardo Esteves, Marcelo Ikeda, Juan Posada, Jose Carlos Asbeg, Abelardo de Carvalho, Arthur Frazão, Isabel Lacerda, Ricardo Miranda, Pedro Asbeg... que apesar da repressão do dinheiro se permitem trabalhar não a anestesia ou a satanização da experimentação, mas a linguagem, a poesia e a revolução. Não como afirmação de pequenas vidas buscando o seu lugar ao sol. Mas com a ousadia criativa da juventude.

19- E para onde vai o cinema?
r -  Vai depender muito para onde vai a humanidade. Se vai voltar a assumir o fascismo uma vez mais, ou compartilhar da busca de um mundo melhor para todos. Penso que esse disfarce de democracia tá chegando ao fim pois os sistemas caminham para o suicídio. Basta que vejamos por algumas horas as programações da TV, para se constatar o culto a burrice em conexão com a reprodução permanente de fascismos. Mas nesse seu processo, ela atua disciplinadamente dopando! E não a nada que se salve. Da falsa e deslumbrada Galisteu ao Jornal Nacional. Claro, sem falarmos de Ratinhos, religiões, Datenas e Faustões. É um aparelho de enloquecer e empobrecer a coletividade. Já imaginou essa constante mecanização do coletivo em mais algumas décadas? E como se pensar o cinema no futuro, desconectado desses tantos horrores? Eu prefiro ir tocando meu barco como venho fazendo.

20- E o que é esse novo curta sobre o curioso conceito de “Espetáculo”?

r - Um trágico reconhecimento da nossa doença: a ignorância “protetora” sendo questionada por uma criança.. Um retorno à pureza, como confronto com a ordem militarizada do país. Talvez um paralelo mais bem humorado com o “Trabalho”, rodado depois do “Deserto”. De modo algum aceito essa ordem criminosa de fascismos e idiotismos comerciais burros. Dito de outro modo, sempre odiei o lixo oficial!  Nunca acreditei nas boas intenções das múmias do velho cinema brasileiro. Cultuam só, os clichês da fraqueza humana. “Espetáculo” tenta então disfuncionalizar a perversidade castradora das velhas e novas múmias que vivem de lamber a falsificação como atuação assistencialista (populista, pô!) de fascismos.

 entrevista coletiva com o diretor de cinema LUIZ ROSEMBERG FILHO/RJ
                FIM        

                                                   RJ,   2012

domingo, 26 de agosto de 2012

EDA CARNEIRO DA ROCHA








Com estes miosótis azuis, beijados
pelas mais puras águas cristalinas,
procuro ainda esta água menina
impregnada ao meu viver!

Com ela passei minha infância.
Sonhos e amores,hoje, chegando
a esta mulher amiga, mãe e avó:
Sonho almejado e realizado...

O balbucio de meus pequeninos,
emitindo lindos sons que ecoam
pelos meus ouvidos, me fazendo
cada dia mais e mais feliz!

Hoje, tomo do tempo a Felicidade,
das lágrimas torno-as minha vida vivida,
bendizendo a Deus a doçura do mel
que esta água menina me ofertou,
podendo hoje ser tudo o que sou!

Eda Carneiro da Rocha
" Poeta Amor"
Minha Querida Amiga e Excelsa Poeta :
Efigênia Coutinho

Fiz estes versos com o coração contente,
em ver tudo o que realizou, em sua vida.
Parabéns pelo ser maravilhoso que você é,
pela " Mãe" e Avó", por seus filhos amados e netos.
Parabéns, amiga minha, que me deu a mão primeira,
entre as primeiras, quando debutei ,
em sua " Sala de Poetas Mallemont", em 2003.

Um beijo terno, como este mel que medra,
em sua vida.

De sua amiga eterna
Eda
 
 
Vera HernandezDiretora de Comunicações e Divulgações

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