CESAR, VAMPIRO DE SI MESMO.
Conheci o professor CESAR AUGUSTO DE CARVALHO,ainda nos anos 85/86,em palestras que realizava em Marília/SP, sobre taoísmo. Eu me lembro que certa vez, ele dizia que uma das funções do professor era fazer a cabeça do aluno refletir,girar, explodir em saberes,ou algo assim. Eu penso que ele como educador e poeta conseguiu. Seu livro se chama PROESIA,todo branco em capa e despojamento, á memória de UILCON JÓIA PEREIRA,e muitos outros queridos seus. Eu destaco pelo despojamento e brilho o toque de "DOIS CAMINHANTES", "numa noite de fevereiro", "PARA UM SUICIDA EXEMPLAR,TORQUATO NETO". Mas, há os haicais deliciosos, insuflados de sabores leminskianos, claros,brancos,transversais, chovando certa sensualidade, desapego, dúvida,humor, natureza, amores,raios lunares,urbanismos,kigo,jhorei, o poeta como vampiro de si mesmo,o sabor da infância,alice ruiz,beija-flor. CESAR AUGUSTO ,relata ter jogado no lixo, muitas impropriedades poéticas,como todo poeta ou artistas já o fez algum dia,porém, os poemas são produtos de nossas vivências, e ressurgem,ainda que não aceitemos esse fato, e são registros humanos, que em qualquer época futura nos afetam e respingam suas matizes em leitores mais atentos. O que me interessa é o teor de sinceridade entre o poeta e seu registro em prosa e verso - nem tanto a sua técnica,a qual se aprimora com o tempo. Uilcon nos dizia: "você nunca leu um livro ,ou ouviu um disco,ou viu algum filme" -porque estamos sempre a ver o filme,a ouvir o disco, a ler o poema. O livro de CESAR AUGUSTO CARVALHO ,pela leveza, clareza, e sabor é para ser apreendido desta forma, sem subterfúgios poéticos,na clareza da aurora, branco intenso, alma inquieta, relato verdadeiro. Seus poemas são cinematográficos, curtos, sugerem imagens na cabeça do leitor. Ele que tentou fazer cinema neste país de novelas de gosto insípido. Fazer cinema,foi uma tragédia para muitos de nossas melhores cabeças como GLAUBER E LUIZ ROSEMBERG -fazer poesia é também um imenso desafio, em pleno século 21. Vampiro de si mesmo é o poeta, essa a grande pedra filosofal, a grande sacada que o difere do trivial, a descoberta crucial que o consome ao longo da encruzilhada.
everi rudinei carrara