segunda-feira, 20 de outubro de 2014

WALDO LUÍS VIANA




A DESCONSTRUÇÃO DO PT
“O discurso do PT é 80% mentira e 20% malandragem.”
Fernando Gabeira

Waldo Luís Viana*

         Estamos assistindo a uma das eleições mais sujas, já havidas desde 1989, quando recuperamos o direito sagrado de votar num presidente da República. Pela primeira vez, em doze anos, o PT viu a possibilidade de perder um pleito presidencial e lançou mão de expedientes reprováveis, tentando fulminar o caminho exitoso e surpreendente do candidato da oposição.
         O objetivo passou então a ser desconstruí-lo, fazendo uso de argumentos que destruíssem sua honra pessoal e seu passado político, sacrificando até a necessária campanha propositiva, de oferecimento de ideias novas e comprometidas com o futuro do povo brasileiro.
         Tal conduta, porém, tornou-se, perigosamente, uma faca de dois gumes, porque, se não surtiu na hora o efeito desejado, pode “não colar” na consciência do eleitorado que, desconfiado, passou a entender que a estratégia esconde um feixe de mentiras e exageros que não cabe mais nesse apagar das luzes do embate eleitoral.
         O último debate, oferecido pelo SBT, marcou a virada da oposição. O candidato foi assertivo, devolvendo as insinuações maldosas  da  candidata oficial. Provocou-lhe até um mal-estar, vez que  ela, acostumada a mandar e a dizer o que quisesse  para os seus subordinados e áulicos, não estaria preparada para ouvir o que não queria – ou não esperava – sofrendo um pouco com a linguagem corajosa voltada contra si pelo candidato adversário. Logo ela que se acostumou a lançar  automaticamente aleivosias e mentiras, a mando de seu marqueteiro de plantão...
         O pleito vai se consumar dentro de alguns dias e parece que a desconstrução do candidato de oposição não se deu, porque não alcançou a profundidade emocional necessária no eleitorado. Ficaram mais fortes as tinturas da inflação descontrolada, do crescimento pífio, da recessão técnica, da corrupção nas estatais e do aparelhamento pelo PT dos órgãos de governo.
         A sensação do povo é que estamos sem ar, num túnel escuro, cuja luz ao final depende de uma escolha corajosa e firme, contrária a tudo que está aí e que já deu o que tinha que dar...
         O candidato de oposição mostrou-se duro de ser ultrapassado e demonstrou uma energia e um convencimento próprio que parece não existir na candidatura oficial.
         A presidente está cada vez mais perdida, o que se vê na recente admissão de que houve mesmo corrupção na Petrobras. Ela já não pode dizer que é isento de pecados o diretor implicado na trama, que foi ao casamento da filha presidencial e convidado para assumir um ministério, que delicadamente recusou. A devolução ao Erário dos recursos desviados, agora, na undécima hora, passam a ser admitidas como assunto até válido pelo marqueteiro oficial.
         Por essas e outras, o PT parece querer oferecer na próxima semana uma “bala de prata”, capaz de desconstruir de vez a candidatura de oposição, liquidando-a num arroubo emocional.
         Todos esperam, enfim, que o “laboratório de maldades” destile um fel poderoso, capaz de ressuscitar a candidatura oficial, que está em nítida desvantagem em várias regiões populosas do país.
         O interessante é que semelhante desígnio é acompanhado diligentemente pelos adeptos da oposição. Todos sabem do que o PT é capaz, para se manter dono do governo e dos brasileiros para a eternidade.
         Nesse sentido, a oposição também guarda a sete chaves uma “bala de prata”,  no bravo estilo 45 de contrapropaganda. O caminho oposicionista foi trilhado, inclusive, a partir da tônica oficial de desconstrução.  Foram eles que determinaram a postura que a oposição deveria tomar...
         E a conduta escolhida, de bater quando houvesse agressão, surtiu efeito brutal e mal estar, traduzindo a certeza de que as insinuações mesquinhas, envolvendo a honra pessoal do candidato de oposição, não deram certo, provocando um terremoto na conduta oficial.
         Vê-se, nitidamente, que o PT e seus adeptos estão reajustando a tática para os momentos finais. Isso mostra os seus equívocos e a necessidade de correção de rumos.
         Agora já é aceito que houve corrupção na Petrobras. Resta saber quem vai pagar o prejuízo e se a antiga chefe do Conselho de Administração da empresa irá arcar com as suas evidentes responsabilidades...
         Na verdade, o que está havendo é a desconstrução do mito da gerente, porque como disse muito bem, em várias intervenções, o candidato de oposição: das duas uma: ou ela foi conivente com a corrupção ou então, sem saber nada de nada (como é habitual no PT), foi soberanamente incompetente.
         De qualquer maneira, essa sinuca de bico demonstra, de modo cabal, que a candidata oficial não tem os méritos necessários para continuar sendo presidente de nossa atônita Pátria.
         Nós, brasileiros, vamos às urnas, conscientes de que somos responsáveis por um país que precisa se libertar e se reconstruir...
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*Waldo Luís Viana é escritor, economista e poeta e está de saco cheio de tanta delinquência e corrupção no governo.
Teresópolis, 20 de outubro de 2014.
 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

ROBERTO ROMANELLI MAIA




Reflexões das horas amargas
 
Roberto Romanelli Maia
Escritor, Jornalista e Poeta
 
Talvez por fugir da rotina, da mesmice, dos lugares comuns e dos chavões,
que fazem parte da vida dos “normais”,  tão fáceis
de se encontrar em nosso dia a dia, sinto um vazio dentro da plenitude em que vivi ...
 
Se falta não sinto do que não vivi nessa vida,
talvez mesmo seja o contrário,
deveria ter vivido menos e ter tido mais tempo
para não aceitar viver dentro da “selva de pedra”
que constitui a maior parte das cidades desse planeta.
 
Sim, talvez devesse ter fechado minha porta e algumas janelas
que permaneceram abertas, desnecessária e indevidamente.
 
 
Sim, se o mundo gira e gira, eu senti esse girar
de forma mais intensa e prolongada do que a maioria.
 
Mas essa velocidade e esse ritmo para que serviu?
 
Ele interferiu e se fez presente,
trazendo para minha vida um redemoinho de sentimentos,
de emoções e de sensações pouco conhecidas.
 
Algumas desnecessárias, abrasivas e inúteis.
 
Foram esses ventos incontroláveis, que me conduziram a caminhos
esquecidos, perdidos através de milênios de história.
 
História cujos atores souberam viver todos os papéis,
incluindo os mais inglórios, ingratos e tortuosos.
 
Sim, meus caminhos se confundem com aqueles dos conquistadores,
dos bárbaros, dos aventureiros, dos homens que não seguiam,
nem obedeciam leis impostas por outros homens,
e que ousaram buscar novas terras e outras conquistas,
inatingíveis para a época.
 
Relembro o quanto sofremos, desbravando o desconhecido
que  mesmo assim se apresentava nítido diante de nossos olhos.
 
Da luz das estrelas, que nos guiava nas noites sem brilho
e sem uma lua cheia, a clarear os locais por onde passávamos.
 
Quando chegávamos a algum lugar, ficávamos desnorteados,
sem saber o que iria se apresentar diante de nós.
 
Seguíamos para frente, como se caminhássemos numa estrada de estrelas
que, a cada passo, levava-nos mais adiante.
 
Hoje, voltando atrás no tempo e no espaço,
percebo a dimensão do universo em que vivo;
suas possibilidades e suas vertentes e nuances,
inexploradas e desconhecidas.
 
Sou filho desse Universo, que me levará algum dia
para ser testemunha silente da derradeira explosão
que fará tudo recomeçar...
 
Fez-se a luz!  Surgiu o homem!
 
Mas rapidamente ele se destruiu e desapareceu!