sexta-feira, 8 de maio de 2009

O DIA DELA


O DIA DELA
Por Luiz Carlos Amorim (Escritor e editor – http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )

Minha mãe teve dez filhos. Eu sou o primeiro deles e ajudei a cuidar dos outros, porque ela trabalhava. E ela teve que dar conta de “criar” os mais novos quando a caçula chegou, porque ficou sozinha. Então digo que ela é a nossa heroína, pois sempre trabalhou e ainda teve que cuidar dos filhos, pois mais da metade dos dez ainda eram menores.
O que não a impediu de dar uma boa educação a todos eles, não deixando lhes faltar nem alimentação, nem teto, nem o que vestir e calçar, nem a educação básica. Não éramos uma família rica, éramos até bem humildes, mas me orgulho de ser honesto e esta é a maior herança que minha mãe me deixará.
E tenho orgulho da mãe que Deus me deu, pois ela formou pessoas dignas, amou a todos os filhos como se fosse um único, deu a eles tudo o que foi possível e daria a própria vida, se fosse necessário.
Lembro de quando eu era menino, que antes de sair para o trabalho, de manhã, ela deixava o almoço encaminhado, deixava o café para a filharada pronto e as tarefas para os maiores. Quando chegava de volta, ao meio dia, terminava o almoço, servia todo mundo, almoçávamos e ela ainda adiantava a lida da casa antes de retornar ao trabalho. À tarde, quando voltava, lavava roupa, fazia pão, limpava a casa, fazia comida, cuidava dos filhos, ufa! Nos finais de semana ela tentava descansar um pouquinho, mas era muito pouquinho mesmo. Como não trabalhava no sábado à tarde, fazia doces – bolo, cuca, biscoitos de araruta com coco. Fazia compras, fazia limpeza geral, por dentro e por fora da casa, que naquele tempo morávamos em casa, com jardim, quintal, horta, pomar. Capinávamos, cortávamos grama, varríamos o chão. Plantávamos, colhíamos. E era ela quem nos ensinava. E olhe que naquele tempo as coisas não eram muito fáceis. A água era encanada, para a cozinha, para o banheiro, para a área de serviço, mas não era de rede. Era de poço, e como o solo mais profundo de nosso terreno era de pedra, tínhamos um poço de apenas uns três metros. E no verão faltava água. Então minha mãe tinha que se virar com o pouco de água que a gente ia buscar no rio para lavar e na vizinhança para beber e cozinhar. Mas sobrevivemos.
Fico pensando, então, cada vez que o Dia das Mães se aproxima: o que dar para uma mãe assim? Um presente caro, uma jóia fina? Posso até dar qualquer coisa assim, mas o que vale mesmo é dar a ela o mesmo carinho que sempre tive, o amor que me empurrou pra frente na vida, o abraço, o beijo. E, mais que tudo, dar a nossa presença, o nosso respeito e admiração, sempre.
Se não pudermos, por qualquer razão, comprar-lhe um presente, uma flor pejada de carinho e de ternura e o abraço apertado, não serão aceitos de bom grado? Eu tenho certeza que sim. Dou, também, meu coração de presente, que é o que tenho de mais caro. E sei que ela merece.

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