sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

SILAS CORREA LEITE


Pés Vermelhos

“É sempre muito difícil
Ancorar um navio no espaço”

Ana Cristina César
Para Mário Bortolotto


-Do Paraná para Sampa é questão de uma estrada de tijolos amarelos
Os pés vermelhos de um star Mário fazendo arte
Na Praça Cimento Armado da Igreja da Consolação
Em que putas, mendigos e trombadinhas cheiram velas de umbanda
E o teatro prolifera novas vozes, estados cênicos, poemas e orações em banzos etílicos.

-Mário é um touro, diz um poeta amigo conterrâneo do Mário
Todas as vozes se calam quando uma voz se cala
A bala perdida pode ser Bala Juquinha, o sangue no corpo
Nada nos bolsos e nas mãos, o ato anticlímax atirado
E o artista pés vermelhos agoniza.

-São Paulo de tantas afroméricas em pó
Latinidade-zen tropical entre corrupções S/A
Um enorme Estacionamento Carandiru a self aberto
E os mambembes, e o homem-carroça puxando lixo
A nóia com fome chora procurando restos de comida no lixão
E só acha placas de computadores, kits, chips, teclados encardidos e ratinhos usados.

Mário Bortolotto é forte e veio do Paraná
Pés vermelhos, portanto, agora na UTI espera o sinal do spot light
Para sair do camarim para a vida, entre o sangue cênico do sonho
Pois o show dele tem que continuar e ele é o ator principal
A estrela do espetáculo em que a esperança é a inteligência da vida.
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Silas Correa Leitewww.portas-lapsos.zip.net

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