NARA LEÃO NA MANGUEIRA

Nara na Mangueira

Foi com muita satisfação que vi na tela de minha televisão, Nara Leão e Tom Jobim e um dos primeiros carros alegóricos no desfile da Mangueira na Marques de Sapucaí agora em 2010. No enredo a escola homenageou a música brasileira, Bossa Nova, Tropicália, os festivais e por aí vai...
Sempre notei uma forte ausência de Nara nos enredos das escolas de samba. Nara não foi à sambista numero 01 do Brasil. Mas foi uma das mais importantes. Talvez pela cantora não ter se dedicado só ao samba, mas a todas as tendências musicais brasileiras. Sempre digo que uma das discografias mais perfeitas em nossa música, é a de Narinha, pois encontramos nos discos da moça, toda a música popular brasileira em todas as suas variantes.
A musa foi à primeira cantora branca, da zona sul carioca a gravar samba de morro. Não que ela os tenha lançado, eles já haviam gravado, mas andavam esquecidos. As interpretações modernas de Nara revalorizou o seguimento musical em questão. Em seu primeiro disco, quando todos esperavam Bossa Nova, ela gravou Zé Kéti, Cartola e Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho. Em 1982, torna a gravar Elton Medeiros em seu álbum Nasci para Bailar. Uma belíssima interpretação da música Manto Negro e no mesmo disco gravou uma parceria de João Donato e Martinho da Vila, a música Gaiolas Abertas.
Embora muitos a aclamaram, a entrada no mundo do samba não foi nada fácil. Jacob do Bandolim, nome consagrado, que seu filho Sergio Bittencourt fez sucesso com a música Naquela Mesa em homenagem ao pai. Pois Jacó fazia uma verdadeira campanha de perseguição a Nara, por onde fosse, por ela se meter a cantar samba. Um dia um sambista o encontrou na rua e disse em tom de apelo:
- Pelo amor de deus, para com isso. Nara é a única que esta gravando as minhas musicas. O grande Cartola, quando saiu do Museo da Imagem e do Som, quando gravou seu depoimento para a posteridade, um reporte lhe perguntou:
- Qual um de seus maiores sucessos?
Sem p ensar muito logo respondeu:
- O Sol Nascerá, na interpretação de Nara Leão.
O ultimo contato direto de Nara com o samba, foi em 1983, no seu disco: Meu Samba Encabulado. Um Álbum de lindas interpretações, destacando a música 14 Anos de Paulinho da Viola.
Entre as muitas músicas de carnaval que gravou, podemos lembrar a memorável Noite dos mascarados, onde Nara contou junto com Gilberto Gil. Um clássico que se toca ate hoje em todos os bailes de carnaval. Por isso acho natural que a memória de Nara Leão, seja constante no universo de um dos maiores espetáculos do mundo: O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
CÁSSIO CAVALCANTE/ recife/PE