quarta-feira, 2 de abril de 2008

LANÇAMENTO EDITORA GLOBO


MUNDO ANIMAL E OUTROS CONTOS
ANTONIO DI BENEDETTO
Sai o último volume das obras reunidas de Antonio Di Bedetto, um dos grandes nomes da literatura argentina, lançado no Brasil pela Editora Globo
A Argentina, ao longo do século XX, produziu grandes escritores e, particularmente, grandes contistas. Basta citar três nomes: Jorge Luis Borges, Julio Cortazar e Adolfo Bioy Casares. Um desses grandes contistas, apesar de menos conhecido que seus pares fora de seu país de origem, é Antonio Di Benedetto – de quem a Globo acaba de lançar a coletânea Mundo animal e outros contos, com prefácio de Martín Kohan.
Os contos de Di Benedetto são curtos, alguns com apenas duas páginas (como “Voamos”), a maioria com cerca de dez páginas. O que, por um lado, de Kafka a Cortazar, segue certa tradição moderna de extrema exigüidade, e por outro lado, denota a maestria de Di Benedetto na história curta – e a síntese significativa é uma arte, se não mais trabalhosa, mais difícil e sutil do que a prosa larga (em que pese Di Benedetto também ter escrito romances). Como resume Martín Kohan no prefácio: “É uma escrita que se controla e se contém, mas deixando ver que há mais, que sempre há mais coisas. Se Di Benedetto se contém, é para conseguir esse milagre de precisão e clareza, esse milagre de justeza que são os seus textos. De resto, o seu fraseado tende para o despojamento, mas brilha igualmente nos períodos longos, rítmicos, sugestivos; as palavras em Di Benedetto parecem se ajustar sempre ao que querem dizer, e, no entanto, acatam o destino de dizer sempre mais do que estão dizendo.”Os contos, de um realismo fluido que beira mas não se deixa levar pelo realismo fantástico, retratam personagens comuns em situações pouco comuns, como o do velho que se revela um contista acabado para o amigo jornalista, mas logo desiste de escrever, com medo da própria imaginação (“Falta de vocação”,), ou o homem que possui um gato que parece um cachorro e afinal revela poder voar, sendo portanto talvez uma ave, o que o leva a constatar a normalidade de nada ser o que parece (“Voamos”).
TRECHO:
“Agora é noite. Jantam em uma salinha à medida dos dois. Ao lado está a cozinha. A mulher se levanta para trazer a segunda parte da refeição. Dom Pascual fica sozinho e descobre o vôo de observação de uma mosca que escolhe um prato para pousar. Dom Pascual agita as mãos a fim de afastá-la da comida, apaga a luz da sala e acende a do pátio contíguo. Sabe que a mosca se deixará seduzir pela luz. Fecha parcialmente a porta. Move os braços. Através da semiclaridade que entra pelo vão, sai como um projétil o pequeno corpo negro. Segue-o com o olhar. Constata o translado. Vê se deslocar como um pontinho que, em determinado momento da sua trajetória... voa com asas descomunais para o seu tamanho e se precipita contra a luminária do pátio! É um morcego, que sobe, baixa, g ira em torno e permanece como cativo sem sossego da luz que irradia a lâmpada. Dom Pascual sente como se uma mão, como se a sua própria mão mais forte, tivesse lhe capturado o coração e o estivesse apertando. Sem desviar o olhar do vôo que ele vê, chama a mulher, que vem chegando com a travessa e percebe a sua voz de angústia.”
O AUTOR:
Antonio Di Benedetto nasceu em Mendoza, Argentina, em 1922. Na juventude, depois de abandonar a escola de direito, iniciou carreira jornalística no jornal mais importante de sua cidade natal, Los Andes, que chegaria a dirigir entre 1967 e 1976. Paralelamente, Di Benedetto dedicou-se à literatura desde 1950, deixando cinco romances e várias coletâneas de contos. Em março de 1976, poucas horas depois do golpe militar, foi preso e encarcerado em um centro clandestino, ficando preso por catorze meses sem que os motivos fossem esclarecidos. Devido à pressão de intelectuais argentinos e estrangeiros, foi libertado e saiu do país para um exílio que duraria de 1977 a 1984. O escritor residiu em Madri e nos Estados Unidos, onde esteve em 1981, como bolsista da Fundação McDowell. Entre os inúmeros prêmios nacionais e internacionais que receb eu, destaca-se o Prêmio Itália-América Latina de Literatura, outorgado em 1978 em Roma, pelo romance Zama. Sua obra foi traduzida para diversas línguas, entre as quais o alemão, o francês, o italiano e o polonês. Antonio Di Benedetto faleceu em Buenos Aires, em 10 de outubro de 1986. Dele a Editora Globo publicou Zama, Os suicidas e O silencieiro.
Ficha técnica:
Título: Mundo animal e outros contos
Autor: Antonio Di Benedetto
Tradução: André de Oliveira Lima
Prefácio: Martín Kohan
Editora: Globo
Gênero: Contos
Capa: Ettore Bottini
Preço:R$ 25,00
Número de páginas: 260
Informações:
Verônica Papola e Julie Krauniski
E-mail: imprensaglobolivros@edglobo.com.br
Telefones: (11) 3767-7819 / (11) 3767-7863
Editora Globo Av. Jaguaré, 1485 05346-902 São Paulo Brasil www.globolivros.com.br

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