sexta-feira, 18 de abril de 2008

LANÇAMENTO EDITORA GLOBO


OS BIN LADEN
UMA FAMÍLIA ÁRABE NO SÉCULO NORTE-AMERICANO
STEVE COLL
Lançamento mundial e simultâneo de livro-reportagem revela as estreitas ligações entre a família de Osama e os Estados Unidos
Com lançamento mundial e simultâneo, Os Bin Laden – Uma família árabe no século norte-americano, do jornalista Steve Coll, desvenda os elos que ligam os círculos do poder político, econômico e cultural dos Estados Unidos à saga da milionária família muçulmana de Osama bin Laden – o terrorista mais procurado do mundo e responsável pela tragédia que se abateu sobre as torres gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, em Nova York. Para escrever o livro, o autor, duas vezes ganhador do Pulitzer, realizou mais de 150 entrevistas em quatro continentes – Ásia, América, Europa e África – e mergulhou em arquivos públicos e particulares da Arábia Saudita, Estados Unidos, Inglaterra e Israel. O resultado dessa investigação é uma obra tão caudalosa quanto sólida, rica em informações de bastidores, e que mapeia todos os passos de uma história familiar recheada de intrigas, disputas de poder e negócios nebulosos que envolveram cifras que chegam à casa dos bilhões de dólares. Steve Coll mostra como foi possível aos Bin Laden, no espaço de uma geração, trocar o lombo dos camelos do deserto por limusines e jatos particulares. No início do século XX, o patriarca Mohamed bin Laden era um homem pobre, cego de um olho e apenas mais um dos milhares de pedreiros do canteiro de obras de uma empreiteira a serviço de uma companhia petrolífera norte-americana na Arábia Saudita. Mas o invulgar senso de oportunidade – aliado a métodos bem pouco ortodoxos de ganhar dinheiro – transformou aquele humilde assentador de tijolos em um dos empresários mais ricos do planeta. De pedreiro, Mohamed passou a capataz, de capataz a contramestre, de contramestre a supervisor, de supervisor a dono de seu próprio negócio. Quase sempre associado a corporações norte-americanas, caiu nas graças da família real saudita e tornou-se o empreiteiro oficial do governo. Construiu rodovias, palácios, mesquitas e fortalezas em profusão. Quando morreu em um acidente aéreo em 1967, deixou 54 filhos e um espólio de valor até hoje incalculável. Entre a mais de meia centena de herdeiros diretos, estava um jovem desde então dedicado a preservar o que considerava ser “a pureza original do Islã” – o filho Osama bin Laden. Steve Coll comprova como o governo dos Estados Unidos, temendo as possíveis desavenças entre os herdeiros, trabalhou na surdina para que os negócios deixados por Mohamed não caíssem em “mãos erradas”. É a partir desse instante que, por meio de acordos comerciais e investimentos no mercado financeiro, a fortuna do clã começa a se globalizar e a ganhar contornos mais sofisticados nos cenários da economia internacional: os Bin Laden fizeram investimentos maciços em tecnologia, indústria cultural, mídia e telecomunicações. Ao longo de todo o livro, Coll demonstra como a extraordinária história da ascensão da família Bin Laden é parte indissolúvel da história da modernização e do poder crescente do mundo árabe, decorrentes da crise mundial do petróleo na década de 1970. Uma época marcada pela aliança, por vezes turbulenta e problemática, mas sempre estratégica, entre Estados Unidos e Arábia Saudita – e costurada à sombra da Guerra Fria e do temor na Casa Branca de que os soviéticos dominassem os campos de petróleo sauditas. Em um contexto de complexidades diplomáticas e financeiras, Steve Coll expõe de modo claro como a família Bin Laden mantinha muito mais ligações com os norte-americanos do que se costuma supor. “Eles eram donos de shopping-centers, complexos de apartamentos, condomínios, imóveis de luxo, prisões privatizadas em Massachusetts, ações, um aeroporto, e muito mais”, enumera o autor. Os filhos de Mohamed bin Laden freqüentavam universidades nos EUA, mantinham parcerias comerciais e laços de amizade com cidadãos norte-americanos, financiavam filmes de Hollywood e faziam grandes negócios com Donald Trump. “Os Bin Laden possuíam uma impressionante porção dos Estados Unidos à qual Osama declarou guerra”, resume o jornalista.
TRECHOS
“O caráter global da família Bin Laden deve muito ao formato mundial do mercado de petróleo e à riqueza por ele gerada depois de 1973, mas também tem raízes em uma era anterior aos motores de combustão. A geração dos Bin Laden de que Osama fazia parte foi a primeira a nascer em solo saudita. Seu patriarca, Mohamed, o talentoso arquiteto da fortuna original da família, emigrou de uma cidade-fortaleza de tijolos de barro em um estreito desfiladeiro na remota região de Hadhramawt, no Iêmen. Pertencia a um povo autoconfiante, pioneiro da globalização, ainda que em uma era de ritmo mais lento, de navios a vela e poder colonial. Mohamed bin Laden transmitiu aos filhos um legado não apenas de riqueza, mas uma visão transformadora de ambição e fé religiosa em um mundo sem fronteiras”.< br />
O AUTOR
Steve Coll nasceu em Washington, DC, em 1958. É colaborador da revista The New Yorker e já foi diretor de redação do The Washington Post. Atualmente é presidente da New America Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada a promover pesquisas e debates relacionados a políticas públicas nos Estados Unidos. É autor, entre outros livros, de The Deal of the Century – The Break UP of AT&T e de Ghost Wars, inéditos no Brasil.

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