terça-feira, 28 de julho de 2009

VIDA CULTURAL EM ARAÇATUBA 3


VIDA CULTURAL EM ARAÇATUBA NOS ANOS 80/ PARTE 3
aprendendo a conviver com as diferenças
Por volta de 1982, CARLOS ROBERTO MENDONÇA possuía em sua casa na Rua Cruzeiro do Sul, provavelmente, o maior acervo de discos em vinil da cidade. Eu e alguns amigos fazíamos visitas periódicas ao MENDONÇA, para ouvirmos preciosidades como as coleções de discos dos BEATLES, DAVID BOWIE, NAZARETH, CREAM, CSN & YOUNG (raríssimos de serem encontrados por aqui, naquela época). MENDONÇA havia sido o cantor das legendárias banda THE PLAYERS (1968), 14 BÍS (1970, sendo que nessa época MENDONÇA e os demais integrantes deixaram de registrar o nome 14 BÍS,nome esse que consagrou anos depois a conhecida banda mineira ,MINIORQUESTRA GUANABARAS(1974),e THE KNIGHTS KINGS (1976).MENDONÇA sempre exibiu uma voz afinada, contralto, e sua receptividade perante a visita dos amigos é uma marca constante até os dias de hoje. Não raramente, pedimos sua apreciação sobre discos raros. O fato é que as lojas tradicionais de discos foram baixando as suas portas no final dos anos 80 e meados dos 90 com advento do shopping center, e alguns profissionais procuraram alternativas; autônomas de venda. Na mesma época, conhecemos o HERIALDO ALVES DANTAS , ex-seminarista, extremamente comunicativo, culto, falante, simpático. HERIALDO era outra figura singular em Araçatuba, criando vínculos de amizade com pessoas diversas e contrastantes. Pela sua formação rigorosamente católica, entrava em turbulência comigo e com o poeta EDSON JOSÉ DA SILVA, preservando o respeito pelas diferenças. Aprendi com HERIALDO a penosa tarefa de conviver tolerantemente com as diferenças, ele acredita piamente em DEUS,e nós sempre fomos agnósticos, e leitores contumazes dos filósofos VOLTAIRE E JEAN PAUL SARTRE. Não era comum o debate sobre temas religiosos entre os mais jovens, essas questões eram tratadas apenas entre os membros de cada família, ou simplesmente havia um silêncio arrebatador sobre o tema. Ás vezes, o silêncio é mais arrebatador que a imponência do discurso. Temas religiosos não são aprofundados entre pessoas simples, interioranas; então tínhamos que nos reunir para abordar esses assuntos, ao som de violões e pianos. Mas DEUS era uma majestosa indagação sobre nossas cabeças. Livros como a bíblia, livros cabalísticos, espíritas (Alan Kardec), Paracelso, madame Blavatsky foram trazidos pelo EDSON para serem inseridos no contexto. Lembro-me apenas de VALDIR CALIXTO, JOSE JORGE DA COSTA NETO, EDSON E EU, participarem de debates em reuniões caseiras e bares, além de artigos em jornais sobre esse tema. O jornal para o qual eu escrevia, esporadicamente, era o inesquecível A COMARCA, então localizado na rua MARECHAL DEODORO. Surpreendentemente descobri que JOSE JORGE E VALDIR CALIXTO haviam sido funcionários deste jornal. EVERI RUDINEI CARRARA

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