sexta-feira, 10 de maio de 2013

ENTREVISTA COM A BANDA KAOLL




Como fã da banda inglesa PINK FLOYD ao longo dos ultimos 30 anos, descobri recentemente a banda KAOLL, exímios intérpretes do FLOYD- e melhor ainda, apresentam composições autorais lindíssimas, realçando a tessitura da música instrumental brasileira atual. Vale  apena ouví-los e vê-los!

1- Como foi o primeiro contato musical com o genial guitarrista LANNY GORDIN? fizeram inicialmente alguma jam, o que rolou?
Tive a oportunidade de estudar com grandes músicos e guitarristas. Certa vez vi um anúncio na Guitar Player que dizia: "Venha estudar com quem fez a história da música brasileira". A partir daí nasceu a amizade com Lanny em aulas altamente espirituosas...isso aconteceu de 2003 a 2005. Em 2008 gravei o álbum "Kaoll 04" e convidei o Lanny e outros músicos para participarem do lançamento, 4 shows ao todo e no final do último Lanny me perguntou quando seria o próximo. Eu tinha mais algumas apresentações agendadas até o final do ano, fiquei muito feliz com o interesse do Lanny e a partir daí nasceu a parceria Kaoll & Lanny. Ao todo foram 4 anos de parceria, mais de 100 apresentações pelo Brasil, a divulgação do álbum "Kaoll 04" e a gravação e divulgação do álbum "Auto-Hipnose" (2010), enfim, um grande aprendizado.


 2-Qual a formação musical do grupo ,ao longo dos anos, como se encontraram?
A formação original tinha 6 membros, sendo Lanny e eu nas guitarras, Yuri Garfunkel na flauta transversal, Dokter Leo na bateria, Tiago Mineiro no teclado/piano e Carlos Fharia no contrabaixo. A partir de 2012, com o Lanny seguindo carreira solo, trabalhamos em quinteto com uma característica mais "clean" e atualmente estamos buscando uma sonoridade mais anos 70, bem objetiva no formato quarteto com flauta e guitarra a frente. A ma.ioria dos músicos conheci na cena musical paulistana.

 3- A música instrumental vem ocupando espaços, acha que a internet contribuiu para esta expansão?
  Com certeza podemos notar a música instrumental como um mercado em ascensão, programações em prefeituras, centros culturais e outras instituições que a apoiam. É crescente o número de bandas de diferentes estilos neste segmento e com grande competência. A internet contribui aproximando o público do segmento, com um grande arsenal de obras e artistas que em sua maioria disponibilizam os trabalhos na rede visto que a venda física não contribui financeiramente, sendo mais interessante divulgar gratuitamente e conquistar público. 

4- Ainda outro dia ouvi um músico dizer que não se deve restringir a execução de um "choro",ou outra peça musical, ao andamento, podendo o músico acelerar ou diminuir o andamento, obedecendo evidentemente a melodia ,a harmonia ? Este é um conceito que rompe com os ensinamentos tradicionais mais rígidos - o que voces acham disso? Visto que no jazz ,na musica instrumental,o que importa também  é a liberdade,certo?
Acredito que o melhor caminho seja o bom senso e o bom gosto...se soar bem, tudo pode, tudo é possível e está correto.

 5- Gostei muito da composição HIPNOSIS, como ela foi feita,como nasceu ela parece sofrer uma mudança de andamento em certo momento,e certa influencia pinkfloydiana.
 Hipnosis apresenta inicialmente a interpretação de 2 peças interligadas de Mateo Carcassi e posteriormente cai numa chuva de delays em uma escala flamenca fazendo a ponte para o tema principal, a faixa seguinte "Khan El Khalili". Sua psicodelia remete a estética Floydiana do início dos anos 70.

 6- Gosto do PINK FLOYD,especilamente dos seus primeiros albuns: piper gates of dawn ,sacerfull of secrets, obscured by clouds, meddle e UMMAGUMA (obras pouco mencionadas ,mesmo entre os fãs que  sempre citam apenas  DARK SIDE OF THE MOON E THE WALL, como voce observa estes discos,e que influencia eles tiveram sobre o grupo KAOLL?
As cores utilizadas na arte do "Piper" são basicamente as que usei no "Kaoll 04" e os efeitos sonoros também influenciaram muito. A capa do "Auto-Hipnose" foi inspirada em "A Saucerful of Secrets". A psicodelia do Kaoll é inspirada diretamente nestes álbuns e no "Medlle", álbum do qual mais me identifico. Também são importante as ambiências e paisagens sonoras presentes em "Obscured by Clouds".

7- OUTRA composição que gostei muito foi MÚSICA-KÁRMICA, a guitarra é bem "clean" jazzística, o que podem dizer sobre ela, musicalmente.
  Música Kármica é uma composição gravada bem "free" onde Lanny e o exímio guitarrista Michel Leme, participação especial no disco, demonstram toda sua genialidade da forma mais intuitiva possível. Lanny batizou a faixa com o nome.

8- Por que foi escolhido tocar em araçatuba? foi alguma dica? São raras as apresentações de música instrumental por aqui.
  Temos uma parceria muito interessante com o SESC em vários estados, e nos apresentamos com o Lanny também pelo Sesc Birigui em 2011. Agora em 2013 apresentaremos a nossas releituras do Floyd nesta cidade que nos acolheu de forma tão calorosa em 2011...me recordo de ter sido uma apresentação marcante e fiquei bastante estusiasmado com o público dançando música instrumental. 

9- TOPÁZIO/ PSICOPATIAS-AGUDAS,e ESPASMOS estas músicas parecem mais abertas á experimentação, como se a banda estivesse rumando para novos exprimentos,talvez em discos futuros,para a inclusão de novos instrumentos e experiencias em estúdios,é isso?
Na verdade estas faixas fazem parte do "Kaoll 04" que é um disco solo de minha autoria que foi o ponto de partida para a montagem da banda. O álbum foi baseado nos métodos de gravação do disco "Lanny Gordin" (2001) com guitarras sobrepostas e muita experimentação e psicodelia.

10- o que voces estão ouvindo recentemente? Costumam reouvir os próprios trabalhos?
 Logo após a gravação escutamos muito os trabalhos...depois de um certo que você não ouve é sempre uma nova experiência, algo interessante e a auto-crítica aflora. Temos o hábito da pesquisa musical constante...tenho ouvido muito Frank Zappa, absorvendo aos poucas sua rica obra.
 
 Valeu Everi, espero que tenha gostado, qualquer dúvida estou por aqui!

Grande abraço!

Bruno Moscatiello


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