terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
CECÍLIA FERREIRA VIDIGAL
VOCÊ DECIDE
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. João 8.32.Tão valiosa quanto a liberdade é a palavra. Uma e outra se fundem de tal forma que o primeiro ato de um tirano é confiscar a liberdade de expressão: “quando as palavras perdem o significado as pessoas perdem sua liberdade” (Confúcio).
Toda forma de servidão vai contra a vontade do Senhor. Pouco importa se alguém diz ter fé e com fiéis caminha. Se as atitudes são de ateu, desconfie. Jesus foi o único homem (por ser mais que homem) capaz de ofertar e se doar sem nunca exigir retorno ou se ofender com ingratidões.
Aquele estranho e-mail ensinava: capturam-se porcos selvagens colocando-se comida num mesmo lugar da floresta todos os dias. Deixe que se acostumem. Construa uma cerca de um dos lados. Sirva mais comida. Com o passar do tempo faça mais um lado. Sirva sempre o alimento. Faça o terceiro lado. Mais comida e os bichos já não querem correr atrás do ganha-pão. Está lá, fácil e gratuito. Ao fabricar o quarto lado da cerca não se esqueça: coloque uma porta. Mantenha-a aberta e continue a apresentar o benevolente self-service. Ao vê-los cercados e distraídos, feche a porteira.
Convenhamos, tentarão pular a cerca, mas, diante da facilidade do sustento, a escravidão acabará por lhes será cômoda. Claro, uns poucos insistirão na fuga, porém isso apressará seu envio ao matadouro.
Teria sido fácil notar a construção dos pedaços de cerca, se os animais a serem dominados não tivessem suas percepções desviadas por súbitos subornos adornados com indulgências. Depois das liberdades surrupiadas importa o regime político?
Autores, mais recentes que o filósofo chinês citado acima, já lutaram contra o que está prestes a ser reinstaurado. Gil, mesmo sendo ministro, e Caetano que gosta de caminhar “sem lenço e sem documento”, se percebessem o porvir, se indignariam: “As pessoas da sala de jantar / são ocupadas em nascer e morrer”.
Se o portão se fechar, a cerca só cairá quando o “dono”, por alguma razão (geralmente uma má administração daquilo que ele próprio conquistou), não puder mais oferecer milho gratuito. E, depois do ato consumado, naquele dia, restaria entoarmos com Chico: “Apesar de você / amanhã há de ser / outro dia...”. E, se acontecer, será pela fome que o comodismo e a desunião cairão. Juntamente com a cerca.
E você? Prefere o lado de dentro, o de fora, ou que nem se construa o tal cercado? Enquanto você decide, eu espero não ter que obedecer à afirmação do provérbio iugoslavo: “Diga a verdade e saia correndo”.
CECÍLIA FERREIRA VIDIGAL/araçatuba/sp
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2 comentários:
beijos à autora!
adorei essa crônica!!!
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