sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ADRIANA MANARELLI


Lullaby
(Adriana Manarelli)


Meu decrépito amor nasceu nas vinhas
Inumanos guizos subterrâneos —
Acabrunhada sigo
Sob este manto escaldador
Minhas células inexatas
Se redimem pela palavra
E diabretes bucólicos e bonachões
Compartilham minha estrebaria.

Meus anéis de prata,
meus apetrechos de cobre
Eu poli na crescente
Resignada mulher que antecipa o refúgio
A fêmea desenganada.
Nem súplicas, nem ameaças
Infundem sobre ela
Passes de mágicas,
Truques, diagnósticos, revelações...
Ela deverá cumprir seu próprio destino.

A única fórmula encantatória
É este rosto rasgado
Que na doce tortura da ternura
E da serenata
Oferece seu revoar de farrapos,
Seu rumor de cascos.


08/ 01/2012

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