segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM LUIZ ROSEMBERG FILHO


“ Há muito tempo sinto vergonha, por ter sido, mesmo que de longe, mesmo que de boa-fé, também eu, um assassino. Por isso, decidi recusar tudo aquilo que, de perto ou de longe, por boas ou más razões, faça morrer ou justifique que se faça morrer. “

                                          ALBERT CAMUS

                              “AFEIÇÕES E DESENCANTOS “ 

1 – Por que o cinema e não as artes-plásticas, o jornalismo ou qualquer outro ofício?

r – Talvez o cinema por poder trabalhar com o imaginário sem a obrigação de estar fazendo a coisa certa. Você pode criar uma história nova tanto para o presente, como para o passado, ou mesmo para o futuro. O cinema se não é livre, criativo e poético vira televisão, clipe ou até mesmo publicidade. E aí é lixo, né? Infelizmente, lixo no sentido da criação.  E no baixo uso do lixo quem defende e até goza, são os Partidos políticos, a TV e as religiões de resultado que já estão nas telinhas. É o horror virando mercadoria para consumo. Lamentavelmente temos que sobreviver e não posso condenar aquele que trabalha na publicidade ou na TV. O que eu me permito criticar é o sujeito fazer um cinema publicitário ou televisivo. Cinema nunca foi uma coisa, nem outra.

2 – O Cinema Novo ajudou ou atrapalhou a geração de vocês?

R – No início com “Deus e o Diabo”, “Vidas Secas”, “Os Fuzis”, “Terra em Transe”, “Matraga”, “O Bravo Guerreiro”, “Opinião Pública”, “O Padre e a Moça”... nos foi fundamental e referencial como abordagem e postura. Já o seu fim me parece assustador pois virou autoritário, patronal, burocrático e de direita defendendo até a polícia, o bufão do governador e até o prefeitinho sem carisma. Mas...como não defender ainda hoje Nelson Pereira, Glauber Rocha, Joaquim Pedro, Ruy Guerra, Leon? Ainda vivos com talento só resta o Nelson, o Ruy e o Capovilla. O resto a palavra já está dizendo. Pena pois poderia ter sido diferente pois inicialmente pareciam ser mais humanos e criativos. Viraram velhas cartas dentro do baralho mofado. Múmias, né? Tô me referindo aos poucos ainda vivos.  

3 – Valèry dizia que “a arte vive de constrições e a morte de liberdade”. O que você acha disso?

r -  Eu sou obrigado a concordar. Mas seria melhor viver de liberdade. Foi na mais ampla liberdade interna que se fez filmes como “Bang-Bang”, “Um Filme 100% Brasileiro”, “Jardim de Guerra”, “Perdidos e Malditos”, “A Mulher de Todos”, “A$suntina das Amérikas”... Jóias de um tempo de resistência real ao fascismo. Nossos filmes provavam que existia censura, entre outras coisas. Lamentavelmente o cinemão aliou-se ao poder,e o mercado e venceu. E hoje temos talvez o pior cinema do planeta. Claro que para os eternos baba-ovos, é a nossa Idade de Ouro. Só que fazendo m.... e apoiando as novas “otoridades” do circo Brazil! O que se pode esperar daí? Apenas espetáculos pobres e autoritários pois são vendidos como primorosos. Só que não se pagam na bilheteria. “Paraísos Artificiais” se pagou? E o novelão do “Heleno”?  Vive-se na verdade um “cinema” de pilantragem! Mas talvez se descubra no Brasil, via TV aliada a publicidade um novo ciclo: o da pilantragem! 

4 – O cinema e a imagem eletrônica podem ter a mesma força?

r -    O cinema é hoje a mão direita da comunicação. Já a imagem eletrônica é uma rica possibilidade de oposição ao fascismo que volta a  dominar o mundo, e por tabela o cinema. Mas...nunca fiquei preocupado com isso. Sempre achei que a técnica sem a história ou a poesia, só pode reproduzir a ideologia dominante. E para ver m... eu fico em casa tentando ver a TV. E que talvez seja uma droga muito pior que o crack ou a cocaína. Dopa sem questão alguma. Mas a não questão é a questão fundamental da dependência. E convenhamos: toda droga não é um instrumento bélico a serviço do capital e da ordem? E porque nunca se fala que a TV sendo uma droga, serve ao poder e as religiões?

5 – O que mais o incomoda na constante acrobacia dos financiamentos?

r – A burocracia e o fascismo que se esconde nela. As comissões. Os patético Editais. A arrogância dos “podres poderes” da República. A eterna pilantragem das verbas públicas, dadas sempre as mesmas múmias e seus filhotes, desde 64... Ou seja, nunca muda nada. Mudar para quê, né? Não acham as múmias que o nosso cinema vive numa Idade de Ouro? Mas fazendo o quê? Curiosamente todos os filmes se parecem, saído da fornalha da Globo. E existe algo mais nocivo e hipócrita que a Globo no cinema? Tudo e todos reflexos da pilantragem patronal. Lixo, né?

6 – Já mais velho, você sente saudades de algum outro momento do passado?

r – Eu nunca gostei de viver de passados. Reconheço o seu valor, mas fui adiante com mais de 40 trabalhos. Queiramos ou não, o progresso nos impulsiona para o futuro. A questão é: como será ele? Como se representará “Antígona” ou mesmo Strindberg? Como será vivido o humano no ano 3001? Terá tido fim a pobreza das nações? E as guerras terão terminado? Mas... sinto falta sim dos velhos amigos que me foram fundamentais como Mario Carneiro, Echio Reis, Nelson Dantas, Renato Coutinho, Joaquim Pedro, Novais Teixeira, Glauber... Sinto muito pelos que se foram. Os melhores, né? Vive-se hoje, aqui nessa falsa Idade de Ouro, um vazio assustador. Uma multiplicidade de fascismos incivilizados e bárbaro. Tenho nojo de ver essas múmias nos piores jornais do planeta, ou na TV. Estão lá bostejando as suas arrogâncias. Na verdade porcos no chiqueiro das elites.

7 – Você foi muito criticado por pessoas próximas, por ter defendido filmes de alguns cineastas odiados pelos mais jovens. Como você justificaria isso da tua parte?

r -  Errei, né? Errei em ter defendido dois filmes do Cacá, e que vistos algum tempo depois, meus críticos estavam com razão: eram filmes fracos! E de certo modo, sempre foi um cineasta menor. Até escrevia direitinho, mas filmava mal. Mas...quis ser cineasta e sempre teve cobertura na burocracia e nas verbas palacianas. Mas nem por isso tornou o seu cinema referencial como Glauber, Rogério ou Joaquim Pedro. Já o Jabor tem pelo menos três filmes que eu gosto muito: “O Circo”, “Opinião Pública” e o “Tudo Bem”. Mesmo a sua “Suprema Felicidade” que é não é um grande filme, tem lá suas pequenas qualidades. Não me arrependo de tê-lo elogiado, e não é um Cacá, né? E eu não misturo o Jabor cineasta com o jornalista de um jornal conservador, ou reacionário como queiram. Ele é bem melhor que o jornal em que escreve. Mas mesmo como jornalista quando escreve sobre cinema é bom. Já quando escreve sobre política, deixa lá os seus furos.

8 – O que você acha de ser colocado pelos críticos Jairo Ferreira e Fernão Ramos, como sendo um cineasta do Cinema de Invenção?

r -  Me creia, eu nunca me preocupei com isso e sempre fui contra clubinho fechado. Glauber em Paris ficava puto comigo por eu não me achar fazendo parte de grupelho algum. Essa divisão foi a maior imbecilidade de todos os tempos pois só fortaleceu o mercado, e deu no que deu. E claro que somos todos responsáveis! Na verdade não se estava lutando por um cinema mais ousado e criativo, e sim pelo poder. É curioso mas a moda pegou e agora tem um novo clubinho do Cinema de Garagem. Qualquer dia vamos ter o Cinema dos Cemitérios! E os coveiros estão a cata de novos defuntos para que possam justificar os seus salários.

9 – Que filmes e cineastas te marcaram mais?

r -  Filmes são muitos e não poderia apontar só: “Persona”, “O Ano Passado Em Marienbad”, “Mãe e Filho”, “O Leopardo”, “Pierrot Le Fou” ou “Terra em Transe” pois o número é muito maior. Fico então com os seguintes cineastas, lá fora: Welles, Godard, Bergman, Visconti, Kubrick, Resnais, Losey, Wajda, Sukurov, Straub, Bertolucci, Rivette, Nicholas Ray, Antonioni, Rossellini, Pasolini, Tarkowski.... Aqui dentro: Glauber, Santeiro, Joaquim Pedro, Tonacci, Joel Yamaji, Ana Carolina, Coutinho e a garotada furiosa que está chegando e que são originalíssimos. Poderia citar o Abelardo de Carvalho, Leonardo Esteves, Marcelo Ikeda, Ruan Posada, Joel Pizzini, Arthur Frazão, Isabel Lacerda, Fabio Carvalho... Claro que me refiro as pérolas da resistência ao nosso eterno fascismo.   

10- Por que você ultimamente resolveu falar de você, e se apresentar como personagem e até ator?

r – Eu não sou, nem nunca fui ator. Quanto ao personagem, é interessante você se observar no Outro, sendo uma imagem sem representação alguma. Me observo um pouco como se estivesse diante do analista. E é curioso se observar sem nenhum tipo de máscara ou representação. E o que fiz foi uma espécie de cine-diário. Aos 70 posso fazer o que bem entendo. E não tô fazendo com dinheiro público, e sim com o apoio de doces amigos que me acompanham desde a juventude. E não me arrependo de nenhum filme feito. Talvez se tivesse um pouco de dinheiro poderia os ter feito melhor. Mas como nunca fui baba-ovo da burocracia e do poder, fiz o que pude do nada. E sempre com muito cuidado para não virar  múmia  para o programa do Amaury Jr ou espetáculo para a TV.  

11- E do Mercado, o que você tem a falar?

r -  Sempre me permitir achar que resiste uma falsa compreensão do conceito de mercado. Ele não precisa ser só o lixo de “Os 2 Filhos de Francisco”, “De Pernas Para o Ar” ou “Cilada.com”, “Cidade de Deus” ou as “”Tropas das Elite”. Aí é lixo, né?  Meu conceito de mercado é “Macunaíma”, “Estômago”, “Tom Jobim”... O trabalho com o lixo quem faz é a Comlurb, e até parece que o faz bem. Penso que é preciso desmistificar esse conceito de quanto pior, melhor! Isso é ignorância e fascismo. Pode até servir ao poder e a TV, não ao cinema. E menos ainda a poesia. Se é que a poesia ainda é importante! Muito raramente eu a vejo no nosso cinema. Pena.

12 – Existiu em algum momento, ou existe ainda generosidade e afeto no mundo do cinema?

r -  Não. Nunca existiu. O cinema foi sempre um campo de guerra, com todos lutando pelo poder. E quando alguns poucos lá chegam, só fazem merda. Tornam-se até fascista e passam a defender lixo, repressão, prostituição e horrores. Mas... onde foram parar? Na televisão mais conservadora e reacionária do país. E a defendem como se fosse o útero angelical de suas mães. O afeto é uma coisa mais séria e profunda que a luta pelo poder. Com o afeto goza-se! Com o poder matam-se os sonhos e a própria vida.

13- Por que você foi sempre avesso a participar de festivais, premiações e até cerimônias feitas para você?

r – Nunca aceitei muito bem essa exposição sistemática a uma espécie de festividade reinante, onde o cinema como postura ou linguagem é o que menos importa.  Gasta-se muito dinheiro público com esses eventos e cineastas como Fabio Carvalho, Sergio Santeiro, Tonacci, Ricardo Miranda, José Sette, Marcelo Ikeda...não conseguem filmar com um mínimo de dinheiro. E repare como esse circo dos grandes eventos com verbas públicas comporta tudo: das mulheres frutas a vedetinha da TV que entrou ontem e já se acha atriz? Eu teria vergonha de ser entrevistado no Copacabana Palace, por uma perua afetada da sociedade. Nossos mundos são totalmente diferentes, e eu não teria nada a dizer aos seus possíveis telespectadores. A perua até ganha para fazer o seu papel de “inteligente” e “profunda”. Agora o outro não ganha nada e sai se achando o rei da merdinha previsível. Não fui educado para isso, e tem questões mais sérias a serem enfrentadas. Por que nesses eventos festivos não se levanta a questão da burocracia e da ocupação dos nossos espaços no cinema e na TV? Quem está por trás das verbas oficiais? Como podemos aceitar calados editais burocratizantes? E a quadrilha da Ancine que trabalha para os mesmos de sempre também burocratizando tudo, com a quadrilha sendo bem remunerada. Não estão ali pelo cinema brasileiro e sim pelos bons salários.  E nos ditos festivais, falam alguma coisa? Falar implica em se comprometer e isso pelo visto morreu com o Glauber. Prefiro ficar na minha e falando o que eu penso quando tenho espaço.   

14- E como crítico o que você foi fazer nela?

r -  Nunca me considerei um crítico. Eu sempre escrevi sem a preocupação de ser um crítico. E tirando o Paolo Emílio, o Jaime Rodrigues, o Alex Vianni, o Jairo Ferreira, o Rogério Sganzerla, o Sergio Santeiro, o Celso Marconi, o Carlos Guimarães de Mattos,  o Gustavo Dahl... eu raríssimamente leio uma crítica, pois vivo metido em livros, projetos e afetos.  O tempo depois de certa idade conta e é cruel pois passa muito rapidamente. Ainda ontem eu tinha vinte anos e lutava por um país que não aconteceu. Não por nossa culpa, mas pelas religiões, Bancos, Partidos, mídia e políticos. Eu sou mais um cineasta que escreve o que vai saindo sem a preocupação e rigidez necessária a um bom crítico.  Pô, eu não fui elogiar um filme fraco como o “Orfeu” do Cacá? Se fosse um critico criterioso não o elogiaria nem no inferno! Reconheço aí um grande erro. Mas na época achava que poderia interferir e melhorar a ação do Outro sobre o cinema. Errei, né?  Também nunca fiz questão de ter a generosidade do Paulo Emílio. Ele segue sendo único, e seus copiadores são humanamente pobres, poderosos e lamentáveis. E pior: fascistões colloridos, emplumados pelo poder!  

15- Tendo feito “Deserto’ no final do ano de 2011, que significado tem esses novos “Fragmentos”? Não é uma insistência um tanto egóica da tua parte voltando a aparecer falando muito sobre a dor?

r -  Depois do “Deserto” fiz um filme muito duro sobre as péssimas relações de trabalho, no Brasil. O trabalho como fonte de alienação, repressão e humilhação. O trabalho como elevação do horror! É um filme  que me foi muito duro. Por sorte dividido com amigos como o fotografo Renaud Leenhardt, o montador Antonio Ecki e a leitura do José Carlos Asbeg. Com “Fragmentos” volto ao “Deserto” para colocar um ponto final nessa injustiça chamada angustia e o envelhecimento. Digamos que essa burra encenação da felicidade na velhice, é uma peça mal escrita sobre a morte. De egóico não tem nada pois está além dos meus muitos medos, e mesmo do cinema que faço. É um depoimento que foi saindo sem ensaio ou um roteiro prévio. O filme foi sendo procurado a medida em que era feito. O que o texto diz, saiu exatamente como foi sendo escrito: como um tango onde a dança está ausente e a encenação foi sendo procurada entre raízes e imagens soltas e criadas ao acaso, como no curta “O Inventário” de Audrey e Arthur Frazão. Mas já estou com  outro  rodado, mais bem humorado, sobre o conceito do Espetáculo, com um texto lido por uma linda menina chamada Gabriela Rosa, filha do talentoso Juan Posada que  defendi na Revista Moviola em  “O Estado de Exceção”, um filme para que se tente entender essa convivência da sociedade com a repressão e a morte.  

16- Você não acha “Fragmentos” um texto muito fúnebre fixado na dor e na derrota?

r – Fúnebre é a política dos Partidos, e do país. “Fragmentos” ainda que um tanto pessimista, é um pequeno espaço de liberdade e de prazer. É uma outra dimensão de associações livres para com as imagens. Concordem ou não, não tem a mínima aproximação com as caricaturas vendidas pelo mercado. É um trabalho onde a complexidade está na simplicidade, sem ser simplório em nenhum momento. E to nele exposto como sou: como uma contradição! Todo mundo de um modo geral sabe bem o idiota em que se deixou transformar. Eu ainda tenho lá as minhas dúvidas. Mas...continuo abertamente crítico aos fascismos de fora e de dentro.

17- E como as pessoas reagem a este tipo de trabalho pessoal?

r -  Como conseguirem chegar nele. Podem não gostar que não serão chamadas de burro. Eu nunca fiz merda para o público. Acostumá-lo com isso, é o que o mercado vem fazendo insistentemente. Mas porque o mercado não pode ser sensível e inteligente? Pó que é na burrice que exerce o seu poder de fogo? E claro que você pode querendo, trabalhar filmes melhores para o mercado. “Estômago” e “Tom Jobim” foram belos exemplos recentes de filmes de mercado, sem o mínimo momento de pobreza. Faturaram e foram belíssimos.

18- Existe uma nova geração favorável a um Cinema de Invenção, como defendia o teu amigo e crítico Jairo Ferreira?

r – Bem, os bostas vão sempre existir! Mas vão existir também inventores como Ana Carolina, Leonardo Esteves, Marcelo Ikeda, Juan Posada, Jose Carlos Asbeg, Abelardo de Carvalho, Arthur Frazão, Isabel Lacerda, Ricardo Miranda, Pedro Asbeg... que apesar da repressão do dinheiro se permitem trabalhar não a anestesia ou a satanização da experimentação, mas a linguagem, a poesia e a revolução. Não como afirmação de pequenas vidas buscando o seu lugar ao sol. Mas com a ousadia criativa da juventude.

19- E para onde vai o cinema?
r -  Vai depender muito para onde vai a humanidade. Se vai voltar a assumir o fascismo uma vez mais, ou compartilhar da busca de um mundo melhor para todos. Penso que esse disfarce de democracia tá chegando ao fim pois os sistemas caminham para o suicídio. Basta que vejamos por algumas horas as programações da TV, para se constatar o culto a burrice em conexão com a reprodução permanente de fascismos. Mas nesse seu processo, ela atua disciplinadamente dopando! E não a nada que se salve. Da falsa e deslumbrada Galisteu ao Jornal Nacional. Claro, sem falarmos de Ratinhos, religiões, Datenas e Faustões. É um aparelho de enloquecer e empobrecer a coletividade. Já imaginou essa constante mecanização do coletivo em mais algumas décadas? E como se pensar o cinema no futuro, desconectado desses tantos horrores? Eu prefiro ir tocando meu barco como venho fazendo.

20- E o que é esse novo curta sobre o curioso conceito de “Espetáculo”?

r - Um trágico reconhecimento da nossa doença: a ignorância “protetora” sendo questionada por uma criança.. Um retorno à pureza, como confronto com a ordem militarizada do país. Talvez um paralelo mais bem humorado com o “Trabalho”, rodado depois do “Deserto”. De modo algum aceito essa ordem criminosa de fascismos e idiotismos comerciais burros. Dito de outro modo, sempre odiei o lixo oficial!  Nunca acreditei nas boas intenções das múmias do velho cinema brasileiro. Cultuam só, os clichês da fraqueza humana. “Espetáculo” tenta então disfuncionalizar a perversidade castradora das velhas e novas múmias que vivem de lamber a falsificação como atuação assistencialista (populista, pô!) de fascismos.

 entrevista coletiva com o diretor de cinema LUIZ ROSEMBERG FILHO/RJ
                FIM        

                                                   RJ,   2012

3 comentários:

Mundorose disse...

Muito bom,esclarecedor, sensível.Vejo luz lá na frente...

Mundorose disse...

Bom conhecer gente capaz, boa, inteligente.

Mundorose disse...

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