sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NEIL FERREIRA


“Eu tenho um sonho”

Neil sonhador Ferreira

Como o dr. Martin Luther King, eu também tenho um sonho. Em agosto de 1963, na demonstração que milhares de negros e brancos fizeram em defesa dos Direitos Civis, o dr. Martin Luther, tendo como fundo o Monolito do Memorial de George Washington, em Washington DC, contou para a multidão o seu sonho, que entrou para a História -- não só dos Estados Unidos como na de todos os países em que as lutas pelas liberdades foram lutadas.

O local não foi escolhido por acaso. O Monolito é visto de qualquer ponto da capital. É um ícone que mantém vivas a vida, a história e a lenda de George Washington, “founding father”, primeiro presidente dos Estados Unidos e modestíssima nota de um dólar.

Dizem que nunca mentiu. Foi fiador da promessa de que “todos os homens têm garantidos os direitos à vida, liberdade e busca de felicidade”. Sim, todos -- brancos, negros e de quaisquer outras origens, credos religiosos e políticos, que ali plantaram suas raízes do presente e as do futuro das suas vidas.

O dr. Martin Luther não era um palanqueiro qualquer, hipnotizando a massa e reescrevendo o passado para, como nunca antes nesse país, transformar as mentiras em verdades, como fazia o Winston no “Miniver”, o Ministério da Verdade, do profético “1984”, de Orwell. Colocava a sua marca naquele presente e falava para o futuro.

Foi assassinado em abril de 1968, vítima de “ação individual”, como os irmãos Kennedy, e não “de uma conspiração”, sentenciaram as autoridades norte-americanas. (“Ação individual ”, ah tá.)

Cito um trecho do sonho grandioso do dr. Martin Luther: “(...) Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina. Precisamos não permitir que nosso protesto criativo gere violência física. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade negra não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas brancas. Isto porque muitos de nosssos irmãos brancos, como está evidenciado em sua presença hoje aqui, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está inextrincavelmente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante (...)”

Em brasilês, o resumo da ópera é “jamais entregar a rapadura”, porém sem sangue nem violência. Em stalinês, praticado pelo lobista Dirceu e pelo sequestrador Franklin Martins, é “não recuar um passo”, com sangue e a vida, palavra de ordem de Stalin aos soldados soviéticos e à população civil, na resistência heróica ao cerco nazista de Stalingrado.

Não sou nenhum dr. Martin Luther, mas tenho um sonho: “Jamais entregar a rapadura”, contudo, bebo na taça da amargura – eles não são meus irmãos, a não ser que sejam um exército de Caims à espreita dos Abels.

É impossivel esperar desse adversário um embate limpo, sem as milionárias sujeiras claras e ocultas, agora rebatizadas com doçura de “malfeitos”.

“A cada mentira que disserem de nós, corresponderá uma verdade que diremos deles”, prometeu Serra no discurso de aceitação da sua candidatura à presidência.

Pena que não tenha cumprido, mas é a nossa arma letal -- se contarmos a verdade sobre eles, com coragem, consistência e honestidade, caem de podres.

Podem demorar para cair, mas duram cada vez menos. A União Soviética demorou 75 anos; o PRI mexicano, 70; Cuba já usa fraldões aos 50; a Primavera Árabe derrubou sobas no poder há mais de 30. O nosso Reich vai indo para os 12, ameaçando chegar aos 16 ou 20.

Ao contrário do que o dr. Martin Luther disse -- “não podemos caminhar sózinhos” -- os tempos agora são outros e no país “dos mais de 80%” é nossa obrigação caminhar contra o vento por nossas próprias forças, por nossa conta e risco. Nós somos os únicos aliados de nós mesmos, mas somos 40 milhões de votos e isso não é pouca porcaria.

Meu sonho é ter uma oposição que se oponha; ver o último corrupto em cana; os mensaleiros condenados; a pimentelice punida e não justificada e perdoada; o último traficante baleado pelo Bope; o último viciado internado numa clínica; o dinheiro roubado voltar; ver o 1,4 trilhão de reais arrecadados em impostos até 13 de dezembro, serem aplicados em benefício do povo e não para a compra da base alugada; o último tiririca perder sua última eleição; o último analfabeto aprender a ler e escrever. Educação é a vacina contra tudo isso que está aí.

Buda também sonhou: “Jamais o ódio venceu o ódio; só o amor vence o ódio”. Inocente na sua pureza, Buda véio de guerra não soube o que é viver sob o lulo-petismo, não há condição de amá-lo por mais que se o odeie. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Walt Disney disse: “— Durmo para sonhar, não para descansar.” Vou dormir, quero continuar a sonhar, ver aonde vai parar. O meu sonho é ver o meu sonho tornado realidade.

40 MILHÕES EM AÇÃO, PRA FRENTE BRASIL, SALVE A OPOSIÇÃO (SALVE DE “SALVAR” MESMO).

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