quarta-feira, 26 de março de 2008

EDITORA GLOBO


GRAMÁTICA DO BRASILEIRO
UMA NOVA FORMA DE ENTENDER NOSSA LÍNGUA
CELSO FERRAREZI JUNIOR E IARA MARIA TELES
O português do Brasil visto (e ouvido) sob uma ótica brasileira
Gramática do brasileiro – Uma nova forma de entender a nossa língua, de Celso Ferrarezi Junior e Iara Maria Teles, realiza o que afirma seu subtítulo: propõe novo olhar sobre o ensino da gramática da língua portuguesa no Brasil. Esse novo olhar parte de “uma perspectiva semântico-pragmática de fundo cultural”, chamada “Semântica de Contextos e Cenários” (SCC). Trocando em miúdos, isto significa ver a língua “a partir do uso (e, conseqüentemente, da cultura na qual ela está inserida) para a estrutura, e não da estrutura para o uso, como se tem feito tradicionalmente”. Essa inversão permite reequacionar várias questões, desde as histórico-políticas, advindas da origem colonial da cultura do país, até as mais pragmáticas, do dia-a-dia do uso e do ensino do português brasileiro, que, nascido da cultura do Brasil e sendo, ao mesmo tempo, uma de suas bases, não pode, segundo ao autores, ser bem entendido, ensinado e vivido sem ter essa cultura como ponto de partida – e de chegada.Nas palavras esclarecedoras do apresentador, Marcelo Módolo (professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP), “Durante muito tempo, a lingüística brasileira valeu-se de modelos teóricos europeus e norte-americanos. Aprendia-se um desses modelos e, em seguida, aplicava-se sobre os dados do português – o que revelava, não raro, um descompasso entre a teoria assumida e os dados a serem analisados. [...] Atualmente, a nossa lingüística – madura e estabelecida – goza de boa autonomia e muitos pesquisadores não importam mais teorias, criando seus próprios modelos para reflexão sobre a linguagem. Esta Gramática do brasileiro representa bem esta nova etapa dos estudos da linguagem no Brasil. [Os autores examinam aspectos fonético-fonológicos, morfológicos e sintá ticos do português brasileiro] com uma visão que poderíamos rotular de ‘funcionalista’. [...] Trata-se de proposta auspiciosa e instigante, elaborada por dois pesquisadores muito bem preparados, que merece ser lida e debatida.’”
Trecho: Quando trabalhei com línguas indígenas, embora tenha sido por poucos anos, pude notar que as gramáticas das línguas indígenas não falam, por exemplo, de homonímia. Quando me dei conta disso – que pode parecer um pequeno detalhe mas não é –, me dei conta, também, de que os cientistas que trabalhavam com línguas indígenas não podiam recorrer a conhecimentos históricos para dizer que um mesmo sinal, uma palavra, por exemplo, tinha origens diferentes. Eles tinham que dizer apenas que na língua x ocorre a palavra y, que é usada pelos falantes com os sentidos tal e tal, cada qual numa circunstância diferente. Cheguei à conclusão de que, nesse caso, o cientista estava passando exatamente pelo mesmo processo que a criança que aprendia aquela língua. Para es sa criança (vou usar um exemplo da nossa língua aqui) não tem a menor importância se a palavra “são” (aquele que tem saúde) e a palavra “são” (do verbo ser: eles são) pode ser identificada como tendo origens diferentes e vista como se fosse, na verdade, duas palavras. O fato é que, como a criança não dispõe dessa informação histórica, “são” não é duas palavras não! É uma e a mesma palavra, e a criança tem que aprender como usar essa palavra em seus diferentes sentidos. Na cabeça da criança que está aprendendo a língua, essa tal de homonímia não existe, porque a criança não dispõe de um filme, mas apenas de fotografias que ela tira aqui e ali. Da mesma forma, uma criança não tem a menor necessidade de saber que o verbo &l dquo;pôr” e seus derivados são chamados de verbos da segunda conjugação porque vêm do verbo “poer” ou “poner” ou “ponere”; isso simplesmente porque “poer” e etc. não existem na língua que ela fala, e “pôr”, “compor”, “repor”, “interpor”, “pospor” e um bocado de outros semelhantes existem existem e estão ali na frente dela e ela tem que dar conta de usar essas palavras para dizer certas coisas.
Os autores:
Celso Ferrarezi Jr. é graduado em letras (português/inglês) pela Universidade Federal de Rondônia. Mestre em lingüística/semântica pela Universidade Estadual de Campinas e doutor na mesma área pela Universidade Federal de Rondônia. Cursou pós-doutorado em semântica na Unicamp. Atualmente é professor do Departamento de Letras e Lingüística da Universidade Federal de Rondônia. É autor, entre outros livros, de Ensinar o brasileiro – Respostas a 50 perguntas de professores de língua materna.Iara Maria Teles é graduada em letras neolatinas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. Mestre em lingüística pela Universidade de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) e doutora em lingüística pela Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente é professora da Universidade Federal de Rondônia, onde atua no Núcleo de Pesquisas em Línguas Indígenas.
Ficha técnica:
Título: Gramática do brasileiro - uma nova forma de entender a nossa língua
Autores: Celso Ferrarezi Jr. e Iara Maria Teles
Editora: Globo
Gênero: Gramática
Capa: Alberto Mateus
Preço: R$33,00
Número de páginas: 342
Formato: 16 x 23 cm
ISBN: 978-85-250-4417-4
Informações:
Verônica Papoula e Julie Krauniski
E-mail: imprensaglobolivros@edglobo.com.br
Telefones: (11) 3767-7819 / (11) 3767-7863

Nenhum comentário: